Monday 9 February 2009

A paixão de coleccionador

Parte da obra reunida por Luiz Augusto Teixeira de Freitas está em exposição no Museu da Cidade, em Lisboa.

O sentido do belo ou a estética, «não são a primeira coisa que me atrai numa obra de arte, é mais a emoção», afirma Luiz Augusto Teixeira de Freitas. A emoção a que se refere è o intenso desejo ou o entusiasmo sentido quando se depara com uma peça de arte, com uma coisa.

Como expôs Heidegger, em A origem da obra de arte, è o carácter coisal da coisa que nos permite compreender a partir de determinado momento a coisa como arte, ou seja, atribuímos e transmitimos para essa coisa o reflexo das nossas emoções, a nossa paixão, de acordo com um conjunto de valores e atributos que possuímos.

Para o coleccionador, «de alguma maneira a arte contemporânea mudou a minha vida, o contacto com os artistas, o trazer a arte para dentro do escritório». E continua: “Num espaço formal (como é um escritório de advogados) cria um interessante confronto, uma dinâmica muito própria no dia-a-dia do escritório, não só para quem aqui trabalha mas também para os clientes. Esse ambiente de arte consegue tornar mais leve e agradável esse quotidiano às vezes ‘pesado’ do escritório.»

A colecção de arte contemporânea internacional de Luiz Augusto Teixeira de Freitas é composta por obras de artistas que trabalham numa relação com a arquitectura – «artistas que pensam o espaço, a construção e a desconstrução do espaço, independentemente da proveniência nacional». O coleccionador acrescenta, ainda sobre a sua colecção, que esta «não é uma colecção esteticamente fácil, é necessário conhecer o percurso dos artistas, a vivência, conhecer a relação entre a obra e o ambiente social contemporâneo».

A orientação da colecção, concebida em conjunto com o curador Adriano Pedrosa, encerra em si núcleos dedicados a artistas, como Damián Ortega e Jorge Macchi, entre outros; artistas que são referências fundamentais na discussão artística contemporânea, como Gordon Matta-Clark ou Gabriel Orozco; ou, com uma vertente mais política, um núcleo atento às evoluções plásticas no Médio Oriente, em especial através da obra de Emily Jacir. Mas, essencialmente, esta reunião de coisas – arte – é um projecto desenhado para o coleccionador «aprender, experimentar, descobrir, encontrar, trocar impressões, e conhecer pessoas externas ao conformismo».

A importância da colecção para a actualidade é visível na presença de obras em exposições internacionais, como na Tate Modern (Reino Unido) ou no MoCA, de Los Angeles (EUA). De outra forma, também o coleccionador, tem um interesse em fazer e ser parte activa da própria dinâmica do mundo da arte, ao desenvolver oportunidades, acompanhar, apoiar, ver e estar com os artistas.

Presentemente, no Museu da Cidade (Lisboa), encontra-se em exposição a colecção da Madeira Corporate Service, iniciada por Luiz Augusto Teixeira de Freitas, e tem como centro o desenho contemporâneo, de artistas como Pedro Barateiro, Olafur Eliasson ou Dr. Lakra, entre muitos outros.

Published at NS'161/IN#057, Mercado da Arte (78), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 7 de Fevereiro de 2009 Portugal © Damian Ortega, Miracolo Italiano Courtesy: Colecção Teixeira de Freitas

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