Monday 4 May 2009

O dólar, o euro e os coleccionadores emergentes

Os principais indicadores da volatilidade do mercado contemporâneo

Após uma década de subidas consecutivas de preços, o mercado da arte experienciou uma rápida quebra devido ao impacto da depressão no ciclo económico mundial. Factos reflectidos particularmente durante o primeiro semestre de 2008, mas com maior evidência no último terço de 2008, com o leilão de obras do artista Damien Hirst e a falência do banco de investimentos Lehman Brothers, entre 13 e 14 de Setembro.

Em Maio de 2008, a deterioração da economia global causou uma atmosfera excitante nos diversos leilões, nacionais e internacionais, de arte moderna, impressionista e contemporânea. Depois de semanas de vendas tensas, o mercado da arte aparentou estar imune à recessão económica e financeira global. Derivação suportada, inicialmente, pelo baixo valor do dólar em relação ao euro, o qual ofereceu a vários coleccionadores europeus um incentivo extra para adquirirem obras nos leilões de Nova Iorque (só o mercado europeu impulsionou em 41% os resultados obtidos nos leilões de arte moderna e impressionista, entre 6 e 7 de Maio), e pelo contínuo investimento em obras de arte por parte de coleccionadores oriundos de países como a Rússia ou regiões como o Médio Oriente.

A par dos resultados excepcionais, com recordes para obras como Le Pont du chemin de fer à Argenteuil (1873), de Claude Monet, por 26 761 935 euros, na Christie’s, ou Étude pour La Femme en Blue (1912-13), de Fernand Léger, por cerca de 25 milhões de euros, na Sotheby’s, ambas de Nova Iorque, também o mercado de arte pós-guerra e contemporânea sofreu com a especulação praticada nessas semanas, ao culminar na aquisição do Triptych (1976), de Francis Bacon, por aproximadamente 56 milhões de euros, na Sotheby’s, adquirida pelo multimilionário russo Roman Abramovitch. No dia anterior, na rival Christie’s, Abramovitch pagou 21 703 871 euros por Benefits Supervisor Sleeping (1995), um óleo sobre tela de Lucian Freud.

Entre os próximos dias 12 e 14 de Maio, os leilões de arte contemporânea e pós-guerra na Sotheby’s e Christie’s de Nova Iorque apresentam-se como indicadores da volatilidade da arte contemporânea após Setembro de 2008. Os leilões apresentam-se como demonstradores da dinâmica do mercado, da confiança de vendedores e compradores, e do real valor das peças.

Published at NS'173/IN#069, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51161 e Jornal de Notícias N.º 336/121), 2 de Maio de 2009, Portugal. Claude Monet, Le Pont du Chemin de Fer à Argenteuil (óleo sobre tela), 1873. Courtesy Christie's 2009

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