Exposição no New Museum de Nova Iorque levanta um potencial de interesses entre coleccionadores privados e instituições públicas
Recentemente o New Museum (Nova Iorque) anunciou uma série de exposições sob a temática The Imaginary Museum (O Museu Imaginário). A primeira exposição agendada, para 2010, vai apresentar obras da colecção de um dos seus Trustees. Usualmente, em organizações sem fins lucrativos, como nos museus nos Estados Unidos da América, os Trustees fazem parte de um órgão de gestão. Uma das funções é promover a eleição ou a indicação, por parte dos membros ou associados da organização, de indivíduos para gerir a organização.
A colecção de arte contemporânea do magnata da construção grego Dakis Joannou, vai ser apresentada no museu e será comissariada pelo artista norte-americano Jeff Koons, que é, em simultâneo, um dos artistas mais representados na colecção.
Esta situação fez-nos lembrar o caso do até há pouco director do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (uma instituição gerida com fundos públicos), Pedro Lapa, que acumulava aquele cargo com o de curador da Ellipse Foundation Colecção de Arte Contemporânea (uma instituição gerida com fundos privados, situada no limiar entre fundo de investimento e uma colecção privada), propriedade de João Rendeiro, então presidente do Banco Privado Português.
A exposição no New Museum levanta um potencial conflito de interesses entre coleccionadores privados e instituições públicas, ao movimentar-se numa área pouco definida na relação entre os domínios públicos e a esfera privada. Alem das questões éticas, se, por um lado, este género de acções diminui o papel dos curadores como determinadores do valor de uma obra para a sociedade, por outro, esta exposição também viola os princípios sob os quais se rege a organização, isto é, a de não operar em benefício dos interesses privados. Assim a decisão de apresentar uma colecção privada numa instituição pública transforma o museu de uma casa para a cultura num espaço para a vaidade.
Contudo, os museus, desde os seus inícios, são espaços de vaidade. Na sua maioria, os museus públicos da Europa foram originalmente concebidos para receber colecções privadas ou as grandes colecções dos reinos e impérios. Também é verdade que, ao longo dos séculos, a maioria das grandes obras de arte foram comissionada por patronos privados, excepcionalmente, pelo poder público instituído, quando era necessário perpetuar um acto político na esfera pública.
Neste caso, mais do que tudo, o que está em causa são os mecanismos de independência curatorial, os quais permitem a distância crítica necessária para se poder avaliar o valor qualitativo obra de arte para a sociedade.
Published at NS'203/IN#099, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51371 e Jornal de Notícias N.º 180/122), 28 de Novembro de 2009 Portugal © David Claerbout, Shadow piece, 2005 Courtesy: De Pont, Museum of Contemporary Art, Tiburg e Museu do Chiado, Lisboa
Monday, 30 November 2009
Sunday, 29 November 2009
Saturday, 28 November 2009
Friday, 27 November 2009
newsfromlisbon200911
Tuesday, 24 November 2009
Leituras distintas nos leilões de Nova Iorque
Apesar das tendências e dos gostos mudarem com o tempo, no mercado internacional existe sempre procura por obras de arte de extrema qualidade. Ao contrário da decepcionante venda de arte impressionista e moderna na Christie’s de Nova Iorque, no passado dia 3 de Novembro, o mesmo leilão, na rival Sotehby’s, no dia 4 de Novembro, foi um sucesso, dado o presente contexto económico.
O resultado final na Christie’s ascendeu aos 45 milhões de euros (o leilão estava estimado entre os 46 milhões e os 65 milhões de euros), enquanto o leilão da Sotheby’s superou o estimado mínimo, ao realizar um total de 123 milhões de euros (85% dos lotes presentes a leilão foram vendidos; na Christie’s foi um total de 71%). No entanto, o produto da venda na Sotheby’s ficou 19% abaixo quando comparado com o mesmo leilão realizado em 2008, e 33% em relação a 2007.
Entretanto, ainda na Sotheby’s, a acompanhar a venda de L´homme qui Chavire, de Alberto Giacometti, foram ainda superados dois recordes – para o valor pago por obra adquirida em leilão por autor – com a pintura de André Derain, Barques au Port de Collioure (cerca de 1905) por 9,5 milhões de euros, e Jeune Árabe (1910), de Kees Van Dongen, por 9,3 milhões de euros. Se no caso da Christie’s o retrato de Dora Maar pintado por Pablo Picasso (Tête de Femme, de 1943) não conseguiu encontrar comprador, o pastel de Edgar Degas, Danseuses, de 1896, superou o estimado e foi adquirido por mais de sete milhões de euros por um comprador asiático; o bronze de Auguste Rodin, Le Baise, Moyen Modèle Dit Taille de la Porte (modèle avec base simplifiée), foi vendido por um valor superior a quatro milhões de euros, também acima do estimado máximo.
Published at NS'202/IN#098, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51364 e Jornal de Notícias N.º 173/122), 21 de Novembro de 2009 Portugal © Edgar Degas, Danseuses, cerca de 1896 Courtesy: Christie's 2009
O resultado final na Christie’s ascendeu aos 45 milhões de euros (o leilão estava estimado entre os 46 milhões e os 65 milhões de euros), enquanto o leilão da Sotheby’s superou o estimado mínimo, ao realizar um total de 123 milhões de euros (85% dos lotes presentes a leilão foram vendidos; na Christie’s foi um total de 71%). No entanto, o produto da venda na Sotheby’s ficou 19% abaixo quando comparado com o mesmo leilão realizado em 2008, e 33% em relação a 2007.
Entretanto, ainda na Sotheby’s, a acompanhar a venda de L´homme qui Chavire, de Alberto Giacometti, foram ainda superados dois recordes – para o valor pago por obra adquirida em leilão por autor – com a pintura de André Derain, Barques au Port de Collioure (cerca de 1905) por 9,5 milhões de euros, e Jeune Árabe (1910), de Kees Van Dongen, por 9,3 milhões de euros. Se no caso da Christie’s o retrato de Dora Maar pintado por Pablo Picasso (Tête de Femme, de 1943) não conseguiu encontrar comprador, o pastel de Edgar Degas, Danseuses, de 1896, superou o estimado e foi adquirido por mais de sete milhões de euros por um comprador asiático; o bronze de Auguste Rodin, Le Baise, Moyen Modèle Dit Taille de la Porte (modèle avec base simplifiée), foi vendido por um valor superior a quatro milhões de euros, também acima do estimado máximo.
Published at NS'202/IN#098, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51364 e Jornal de Notícias N.º 173/122), 21 de Novembro de 2009 Portugal © Edgar Degas, Danseuses, cerca de 1896 Courtesy: Christie's 2009
O Estado francês adquire obras, na FIAC, no valor de 400 mil euros
Por intermédio do Centro Nacional de Artes Plásticas (CNAP), o Ministério da Cultura francês disponibilizou um orçamento no valor total de 400 mil euros, para proceder à compra de obras de arte, na Feira Internacional de Arte Contemporânea (FIAC), em Paris.
A Comissão de compras, nomeada por três anos e composta por um júri de 15 pessoas (das quais 8 são personalidade de mérito reconhecido no mundo artístico, e as restantes 7 são responsáveis pela difusão cultural francesa), seleccionou 24 obras de 20 artistas que vão enriquecer a colecção do Fundo Nacional de Arte Contemporânea (FNAC).
Published at NS'202/IN#098, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51364 e Jornal de Notícias N.º 173/122), 21 de Novembro de 2009 Portugal © Eva Nielsen, Camaldules (óleo, acrílico e serigrafia sobre tela, 200x150cm), 2009 Courtesy: Dominique Fiat, Paris
A Comissão de compras, nomeada por três anos e composta por um júri de 15 pessoas (das quais 8 são personalidade de mérito reconhecido no mundo artístico, e as restantes 7 são responsáveis pela difusão cultural francesa), seleccionou 24 obras de 20 artistas que vão enriquecer a colecção do Fundo Nacional de Arte Contemporânea (FNAC).
Published at NS'202/IN#098, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51364 e Jornal de Notícias N.º 173/122), 21 de Novembro de 2009 Portugal © Eva Nielsen, Camaldules (óleo, acrílico e serigrafia sobre tela, 200x150cm), 2009 Courtesy: Dominique Fiat, Paris
Monday, 23 November 2009
As peças de arte intangíveis e perecíveis
Como preservar e conservar obras de arte concebidas com recurso às novas tecnologias.
Uma das propostas apresentadas pela Lisboa 20 Arte Contemporânea este ano na Frieze, a feira de arte de Londres, resumia-se a dois visitantes casuais que apareciam no stand da galeria e despiam uma peça de roupa. Depois, saiam tranquilamente do pavilhão da feira.
Paralelamente às peças que apresentam intervenientes humanos, peças sobre as quais os coleccionadores e directores de instituições museológicas se questionam – se as pessoas envolvidas na obra são também adquiridas no acto da compra, por exemplo, a desmaterialização do objecto de arte nas situações construídas por Tino Sehgal –, os artistas contemporâneos apresentam ainda outra questão aos museus e coleccionadores, nomeadamente ao nível da preservação e da conservação de obras de arte.
Há obras que existem no tempo, e não no espaço, que são perecíveis, que deixam de existir: as matérias orgânicas presentes nas instalações de Tracy Emin; a utilização de equipamentos electrónicos que se tornam rapidamente obsoletos são alguns dos exemplos; os vídeos ou os filmes de João Maria Gusmão + Pedro Paiva, João Onofre ou Noé Sendas; as instalações de áudio de Ricardo Jacinto; ou nos computadores (nos quais se incluem a arte digital, a animação computadorizada, a arte virtual e as tecnologias interactivas, etc.).
Para dar resposta a estas questões, em 2003, foi concebida uma sociedade formada por curadores, conservadores e gestores com preocupação ao nível da preservação e conservação de obras de arte concebidas com recurso às novas tecnologias. O projecto Matters in Media Art é uma colaboração multi-estruturada entre profissionais e quatro instituições artísticas (o New Art Trust, o MoMA – Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque, o SFMOMA – Museu de Arte Moderna, de São Francisco, e a Tate, em Londres), e a qual tem como objecto providenciar linhas orientadoras para saber cuidar de obras de arte criadas, em particular, a partir das novas tecnologias.
Uma outra solução para esta questão da incorporalidade da obra de arte foi implementada pelo Darwin Centre (Museu de História Natural, em Londres). O Darwin Centre promove visitas guiadas pelos vários departamentos nas quais o cidadão comum é convidado a vislumbrar e a tomar conhecimento do universo que compreende a pesquisa nas ciências naturais, assim como os diferentes passos nos processos de preservação e conservação de espécimes naturais que tendem, com o tempo, a deixar de existir fisicamente.
As peças desenvolvidas dentro de um suporte temporal, ao invés do tradicional suporte espacial (escultura, pintura ou desenho), são actualmente sistemas tão complexos que apresentam novos desafios à sua custódia. Além de se ficar a conhecer as obras expostas nas diferentes salas expositivas, este programa do Darwin Centre permite ao público tomar conhecimento das obras armazenadas, mas principalmente convida a sociedade em geral a perceber e partilhar das mesmas preocupações do universo artístico, enquanto se contribui para a promoção e divulgação de matérias de duração ainda por definir.
Published at NS'202/IN#098, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51364 e Jornal de Notícias N.º 173/122), 21 de Novembro de 2009 Portugal © Tracey Emin, The Perfect Place to Grow, 2001 Courtesy: White Cube, Londres
Uma das propostas apresentadas pela Lisboa 20 Arte Contemporânea este ano na Frieze, a feira de arte de Londres, resumia-se a dois visitantes casuais que apareciam no stand da galeria e despiam uma peça de roupa. Depois, saiam tranquilamente do pavilhão da feira.
Paralelamente às peças que apresentam intervenientes humanos, peças sobre as quais os coleccionadores e directores de instituições museológicas se questionam – se as pessoas envolvidas na obra são também adquiridas no acto da compra, por exemplo, a desmaterialização do objecto de arte nas situações construídas por Tino Sehgal –, os artistas contemporâneos apresentam ainda outra questão aos museus e coleccionadores, nomeadamente ao nível da preservação e da conservação de obras de arte.
Há obras que existem no tempo, e não no espaço, que são perecíveis, que deixam de existir: as matérias orgânicas presentes nas instalações de Tracy Emin; a utilização de equipamentos electrónicos que se tornam rapidamente obsoletos são alguns dos exemplos; os vídeos ou os filmes de João Maria Gusmão + Pedro Paiva, João Onofre ou Noé Sendas; as instalações de áudio de Ricardo Jacinto; ou nos computadores (nos quais se incluem a arte digital, a animação computadorizada, a arte virtual e as tecnologias interactivas, etc.).
Para dar resposta a estas questões, em 2003, foi concebida uma sociedade formada por curadores, conservadores e gestores com preocupação ao nível da preservação e conservação de obras de arte concebidas com recurso às novas tecnologias. O projecto Matters in Media Art é uma colaboração multi-estruturada entre profissionais e quatro instituições artísticas (o New Art Trust, o MoMA – Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque, o SFMOMA – Museu de Arte Moderna, de São Francisco, e a Tate, em Londres), e a qual tem como objecto providenciar linhas orientadoras para saber cuidar de obras de arte criadas, em particular, a partir das novas tecnologias.
Uma outra solução para esta questão da incorporalidade da obra de arte foi implementada pelo Darwin Centre (Museu de História Natural, em Londres). O Darwin Centre promove visitas guiadas pelos vários departamentos nas quais o cidadão comum é convidado a vislumbrar e a tomar conhecimento do universo que compreende a pesquisa nas ciências naturais, assim como os diferentes passos nos processos de preservação e conservação de espécimes naturais que tendem, com o tempo, a deixar de existir fisicamente.
As peças desenvolvidas dentro de um suporte temporal, ao invés do tradicional suporte espacial (escultura, pintura ou desenho), são actualmente sistemas tão complexos que apresentam novos desafios à sua custódia. Além de se ficar a conhecer as obras expostas nas diferentes salas expositivas, este programa do Darwin Centre permite ao público tomar conhecimento das obras armazenadas, mas principalmente convida a sociedade em geral a perceber e partilhar das mesmas preocupações do universo artístico, enquanto se contribui para a promoção e divulgação de matérias de duração ainda por definir.
Published at NS'202/IN#098, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51364 e Jornal de Notícias N.º 173/122), 21 de Novembro de 2009 Portugal © Tracey Emin, The Perfect Place to Grow, 2001 Courtesy: White Cube, Londres
Sunday, 22 November 2009
Thursday, 19 November 2009
Wednesday, 18 November 2009
Duas visões sobre o mercado da arte em Portugal
Arlete Alves da Silva
«esta é uma boa altura para investir em arte»
A Galeria 111, com uma actividade ininterrupta desde 1964, é uma das mais antigas no mercado nacional. Com dois espaços em Lisboa e um outro no Porto, a galeria representa artistas conceituados como Paula Rego ou Graça Morais. Entretanto, Maria Arlete Alves da Silva e Rui Brito, directores da galeria, também estão associados a artistas com um percurso já estabelecido no mercado artístico, como Rigo 23 ou Fátima Mendonça. Mas provavelmente o seu maior desafio passa por apresentar jovens artistas, como são Gabriel Abrantes (Prémio EDP – Jovens Artistas 2009), Francisco Vidal ou Samuel Rama, num programa de artistas consagrados e estabelecidos.
Questionada sobre o recente boom e o posterior crash do mercado artístico no presente contexto económico, Maria Arlete Alves da Silva respondeu:
«Esta é a minha quarta crise. A primeira grande crise foi com o 25 de Abril. Nos anos anteriores, a par do investimento bolsista, as obras de arte tinham tido uma grande valorização, porque dada a melhoria económica do país começaram a aparecer coleccionadores e, pela primeira vez, havia um mercado de arte. Nesta crise tanto a Bolsa como a Arte tiveram um colapso. Nos tempos que se seguiram, as perdas no investimento bolsista foram irreversíveis mas as obras de arte, que também sofreram os seus revezes, passado algum tempo tiveram uma valorização enorme.
Anos depois (anos 80 e anos 90) tudo se repete na Arte e na Bolsa, depois de períodos de euforia seguem-se períodos de depressão. E mais uma vez estamos a enfrentar uma nova crise. Este é um bom momento para reflectir sobre o investimento na arte. Nos últimos tempos as obras de arte foram tratadas como um produto financeiro e alvo de todo o tipo de especulações por parte de artistas, galeristas e leiloeiros. Todos nós assistimos a verdadeiras operações de marketing, que culminaram no famoso leilão das obras de Damiem Hirst [Beautiful Inside My Head Forever realizou-se nos dias 15 e 16 de Setembro de 2008 na Sotheby’s de Londres]. Formaram-se empresas para adquirir as suas obras e o próprio artista também integrou o núcleo de compradores. Tudo apoiado por uma enorme campanha publicitária. Aparentemente, as obras atingiram preços exorbitantes mas a realidade parece ser bem diferente. Este forçar do mercado é altamente prejudicial. Este artista atingiu preços que nos anos mais próximos não terão mercado.
Em Portugal não houve exageros tão grandes. Há artistas e galeristas que aumentaram as cotações acima da valorização normal e esses vão ter que fazer ajustamentos mas, na sua maioria, prevaleceu o bom senso.
É pois uma boa altura para investir em arte. Nas três vertentes – imobiliário, Bolsa e arte – esta é a que está menos sujeita a flutuações. Quando bem escolhida é o investimento mais seguro e rentável que existe. Não se deve esperar uma rentabilidade imediata sobretudo se se investe em jovens artistas. Ao fim de dez anos há normalmente uma grande valorização.
Maria do Carmo Oliveira
«os artistas com quem trabalho são inspiradores»
A galeria MCO Arte Contemporânea surgiu no Porto em Outubro de 2005. Ao dirigir essencialmente a sua programação para a arte emergente e experimental a directora da galeria, Maria do Carmo Oliveira, criou um espaço que está a marcar a diferença no universo artístico nacional pela sua originalidade, ao promover uma nova geração de artistas radicados no grande Porto, como Arlindo Silva, Fabrízio Matos ou Sofia Leitão, entre muitos outros.
Quando é que percebeu que queria ser galerista?
Em 2005, ano em que abri a galeria.
Qual foi a sua primeira grande venda?
Para mim todas as vendas são significativas.
Qual o seu pior momento como galeristas?
Tenho uma memória muito selectiva e por isso guardo apenas os bons momentos.
Quais os artistas que a inspiram?
Todos os artistas com quem trabalho são inspiradores, pois são criativos, trabalhadores e sérios e por isso fazemos um trabalho de inspiração e admiração mútua.
Que conselho daria a um jovem artista em início de carreira?
Trabalho, trabalho e mais trabalho.
O que são para si as Feiras de Arte?
São eventos essencialmente de promoção dos artistas e da galeria, onde se se tiver sorte talvez se vendam alguns trabalhos.
Published at NS'201/IN#097, Destaque (53-55), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Martinho Costa, Space Shuttle (óleo sobre tela, 58x46cm), 2009 Courtesy: Galeria 111 e © Fabrízio Matos, Fragmentos de Diana (aguarela sobre gesso, 57x57cm), 2009 Courtesy: MCO Arte Contemporânea
«esta é uma boa altura para investir em arte»
A Galeria 111, com uma actividade ininterrupta desde 1964, é uma das mais antigas no mercado nacional. Com dois espaços em Lisboa e um outro no Porto, a galeria representa artistas conceituados como Paula Rego ou Graça Morais. Entretanto, Maria Arlete Alves da Silva e Rui Brito, directores da galeria, também estão associados a artistas com um percurso já estabelecido no mercado artístico, como Rigo 23 ou Fátima Mendonça. Mas provavelmente o seu maior desafio passa por apresentar jovens artistas, como são Gabriel Abrantes (Prémio EDP – Jovens Artistas 2009), Francisco Vidal ou Samuel Rama, num programa de artistas consagrados e estabelecidos.
Questionada sobre o recente boom e o posterior crash do mercado artístico no presente contexto económico, Maria Arlete Alves da Silva respondeu:
«Esta é a minha quarta crise. A primeira grande crise foi com o 25 de Abril. Nos anos anteriores, a par do investimento bolsista, as obras de arte tinham tido uma grande valorização, porque dada a melhoria económica do país começaram a aparecer coleccionadores e, pela primeira vez, havia um mercado de arte. Nesta crise tanto a Bolsa como a Arte tiveram um colapso. Nos tempos que se seguiram, as perdas no investimento bolsista foram irreversíveis mas as obras de arte, que também sofreram os seus revezes, passado algum tempo tiveram uma valorização enorme.
Anos depois (anos 80 e anos 90) tudo se repete na Arte e na Bolsa, depois de períodos de euforia seguem-se períodos de depressão. E mais uma vez estamos a enfrentar uma nova crise. Este é um bom momento para reflectir sobre o investimento na arte. Nos últimos tempos as obras de arte foram tratadas como um produto financeiro e alvo de todo o tipo de especulações por parte de artistas, galeristas e leiloeiros. Todos nós assistimos a verdadeiras operações de marketing, que culminaram no famoso leilão das obras de Damiem Hirst [Beautiful Inside My Head Forever realizou-se nos dias 15 e 16 de Setembro de 2008 na Sotheby’s de Londres]. Formaram-se empresas para adquirir as suas obras e o próprio artista também integrou o núcleo de compradores. Tudo apoiado por uma enorme campanha publicitária. Aparentemente, as obras atingiram preços exorbitantes mas a realidade parece ser bem diferente. Este forçar do mercado é altamente prejudicial. Este artista atingiu preços que nos anos mais próximos não terão mercado.
Em Portugal não houve exageros tão grandes. Há artistas e galeristas que aumentaram as cotações acima da valorização normal e esses vão ter que fazer ajustamentos mas, na sua maioria, prevaleceu o bom senso.
É pois uma boa altura para investir em arte. Nas três vertentes – imobiliário, Bolsa e arte – esta é a que está menos sujeita a flutuações. Quando bem escolhida é o investimento mais seguro e rentável que existe. Não se deve esperar uma rentabilidade imediata sobretudo se se investe em jovens artistas. Ao fim de dez anos há normalmente uma grande valorização.
Maria do Carmo Oliveira
«os artistas com quem trabalho são inspiradores»
A galeria MCO Arte Contemporânea surgiu no Porto em Outubro de 2005. Ao dirigir essencialmente a sua programação para a arte emergente e experimental a directora da galeria, Maria do Carmo Oliveira, criou um espaço que está a marcar a diferença no universo artístico nacional pela sua originalidade, ao promover uma nova geração de artistas radicados no grande Porto, como Arlindo Silva, Fabrízio Matos ou Sofia Leitão, entre muitos outros.
Quando é que percebeu que queria ser galerista?
Em 2005, ano em que abri a galeria.
Qual foi a sua primeira grande venda?
Para mim todas as vendas são significativas.
Qual o seu pior momento como galeristas?
Tenho uma memória muito selectiva e por isso guardo apenas os bons momentos.
Quais os artistas que a inspiram?
Todos os artistas com quem trabalho são inspiradores, pois são criativos, trabalhadores e sérios e por isso fazemos um trabalho de inspiração e admiração mútua.
Que conselho daria a um jovem artista em início de carreira?
Trabalho, trabalho e mais trabalho.
O que são para si as Feiras de Arte?
São eventos essencialmente de promoção dos artistas e da galeria, onde se se tiver sorte talvez se vendam alguns trabalhos.
Published at NS'201/IN#097, Destaque (53-55), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Martinho Costa, Space Shuttle (óleo sobre tela, 58x46cm), 2009 Courtesy: Galeria 111 e © Fabrízio Matos, Fragmentos de Diana (aguarela sobre gesso, 57x57cm), 2009 Courtesy: MCO Arte Contemporânea
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Arte Lisboa, a invasão espanhola
O certame inscreve-se no panorama ibérico das feiras de arte ao concorrer directamente com as feiras-satélites da ARCOmadrid, que se realizam por toda a Espanha.
Algumas das galerias de arte nacionais mais representativas e dinamizadoras das novas tendências no mercado artístico, como a Galeria Pedro Cera (Lisboa) ou a Galeria Graça Brandão (Porto e Lisboa), e galerias representativas de artistas considerados de valores seguros no mercado, como a Mário Sequeira (Tibães, Braga) ou a Fernando Santos (Porto) não vão estar presentes na Arte Lisboa 2009 – Feira de Arte Contemporânea. Jovens galerias como a Caroline Pagès Gallery e a Marz, ambas de Lisboa, preferem apostar directamente no mercado internacional. Outras galerias, como a Cristina Guerra – Contemporary Art ou a Vera Cortês Agência da Arte, também têm posições distintas da Arte Lisboa.
Em 2001, a feira de arte contemporânea de Lisboa organizada pela APGA (Associação Portuguesa de Galerias de Arte) passou a estar sob a incumbência da FIL (Feira Internacional de Lisboa), através da AIP (Associação Industrial Portuguesa). Esta alteração na estrutura organizativa visava consolidar este evento como um certame internacional equiparável à feira de Madrid, a ARCO. Contudo, esta transformação da estrutura organizativa provocou de imediato mudanças nos critérios de selecção – os quais passaram a ser definidos por uma Comissão Consultiva, presidida pela AIP, e, entre outros, integrava o presidente da APGA. Também foi criado um regulamento e foram estabelecidos novos critérios de avaliação das candidaturas. Uma das consequências desta mudança foi a exclusão de muitas galerias nacionais, que, de acordo com a Comissão Consultiva da feira, não apresentavam os requisitos mínimos exigidos.
Com a dissolução da noção de nacionalidade e das fronteiras na sociedade contemporânea, actualmente a Arte Lisboa inscreve-se no panorama ibérico das feiras de arte, ao posicionar-se e concorrer directamente com as múltiplas feiras-satélites da ARCOmadrid, que se realizam por toda a Espanha, como o Foro Sur (Cáceres), a Arte Salamanca ou a Valencia Art. Para a AIP, «a mais interessante novidade desta edição é a forte participação de galerias espanholas». De um conjunto de 67 galerias, 33 são portuguesas e 31 espanholas. Em 2001 estiveram representadas 28 galerias espanholas e 26 galerias portuguesas.
De salientar três aspectos: o centralismo exacerbado nacional (Lisboa e Porto, com a excepção da Mário Sequeira, de Tibães (Braga), da António Henriques, de Viseu, e da Fonseca Macedo, da Ponta Delgada, Açores), confrontado com a periferia espanhola – um elemento caracterizador da Arte Lisboa –, este ano está mais diluído através da presença de espaços localizados no Estoril, Aveiro e Leiria. Ao contrário de Portugal, a participação espanhola em feiras internacionais é apoiada pelo instituto de espanhol responsável pela acção cultural exterior, o equivalente cultural espanhol da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). A participação de outros países na feira nacional é considerada redundante para esta contabilidade.
Published at NS'201/IN#097, Destaque (53-55), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © João Pedro Vale, Barometz (Suelly Cadillac), 2006 Courtesy: Galeria Filomena Soares and © Arte Lisboa 2007, Santos Almeida Courtesy: Arte Lisboa
Algumas das galerias de arte nacionais mais representativas e dinamizadoras das novas tendências no mercado artístico, como a Galeria Pedro Cera (Lisboa) ou a Galeria Graça Brandão (Porto e Lisboa), e galerias representativas de artistas considerados de valores seguros no mercado, como a Mário Sequeira (Tibães, Braga) ou a Fernando Santos (Porto) não vão estar presentes na Arte Lisboa 2009 – Feira de Arte Contemporânea. Jovens galerias como a Caroline Pagès Gallery e a Marz, ambas de Lisboa, preferem apostar directamente no mercado internacional. Outras galerias, como a Cristina Guerra – Contemporary Art ou a Vera Cortês Agência da Arte, também têm posições distintas da Arte Lisboa.
Em 2001, a feira de arte contemporânea de Lisboa organizada pela APGA (Associação Portuguesa de Galerias de Arte) passou a estar sob a incumbência da FIL (Feira Internacional de Lisboa), através da AIP (Associação Industrial Portuguesa). Esta alteração na estrutura organizativa visava consolidar este evento como um certame internacional equiparável à feira de Madrid, a ARCO. Contudo, esta transformação da estrutura organizativa provocou de imediato mudanças nos critérios de selecção – os quais passaram a ser definidos por uma Comissão Consultiva, presidida pela AIP, e, entre outros, integrava o presidente da APGA. Também foi criado um regulamento e foram estabelecidos novos critérios de avaliação das candidaturas. Uma das consequências desta mudança foi a exclusão de muitas galerias nacionais, que, de acordo com a Comissão Consultiva da feira, não apresentavam os requisitos mínimos exigidos.
Com a dissolução da noção de nacionalidade e das fronteiras na sociedade contemporânea, actualmente a Arte Lisboa inscreve-se no panorama ibérico das feiras de arte, ao posicionar-se e concorrer directamente com as múltiplas feiras-satélites da ARCOmadrid, que se realizam por toda a Espanha, como o Foro Sur (Cáceres), a Arte Salamanca ou a Valencia Art. Para a AIP, «a mais interessante novidade desta edição é a forte participação de galerias espanholas». De um conjunto de 67 galerias, 33 são portuguesas e 31 espanholas. Em 2001 estiveram representadas 28 galerias espanholas e 26 galerias portuguesas.
De salientar três aspectos: o centralismo exacerbado nacional (Lisboa e Porto, com a excepção da Mário Sequeira, de Tibães (Braga), da António Henriques, de Viseu, e da Fonseca Macedo, da Ponta Delgada, Açores), confrontado com a periferia espanhola – um elemento caracterizador da Arte Lisboa –, este ano está mais diluído através da presença de espaços localizados no Estoril, Aveiro e Leiria. Ao contrário de Portugal, a participação espanhola em feiras internacionais é apoiada pelo instituto de espanhol responsável pela acção cultural exterior, o equivalente cultural espanhol da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). A participação de outros países na feira nacional é considerada redundante para esta contabilidade.
Published at NS'201/IN#097, Destaque (53-55), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © João Pedro Vale, Barometz (Suelly Cadillac), 2006 Courtesy: Galeria Filomena Soares and © Arte Lisboa 2007, Santos Almeida Courtesy: Arte Lisboa
Tuesday, 17 November 2009
O destino mais vibrante do Médio Oriente
Do ponto de vista cultural e turístico, alguns dos mais interessantes projectos de promoção da arte contemporânea concebidos durante os últimos anos procuravam incluir e incluir-se nos mercados emergentes: China, Índia e Médio Oriente, nomeadamente os Emirados Árabes Unidos (EAU). Entretanto, algumas destas manifestações foram canceladas: a Artparis Abu Dhabi (uma associação entre a feira parisiense e este emirado), a primeira grande feira internacional de arte a realizar-se nos EAU, aconteceu por duas vezes, a primeira em 2007, e depois em 2008. Este ano uma nova feira foi criada: a Art Abu Dhabi. Realiza-se entre os dias 19 e 22 de Novembro e apresenta 50 galerias originárias de 18 países, como a Galerie Patrice Trigano (Paris, França), Nature Morte – New Delhi (Nova Deli, Índia), Hauser & Wirth (Zurique, Suiça), White Cube (Londres, Inglaterra) e a Gagosian Gallery ou a PaceWildenstein, de Nova Iorque (EUA).
Published at NS'201/IN#097, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Simulation du District Culturel de l'ile de Saadiyat Courtesy: Claudine Colin Communication
Published at NS'201/IN#097, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Simulation du District Culturel de l'ile de Saadiyat Courtesy: Claudine Colin Communication
Fotografia, um segmento do mercado
As últimas décadas do século XX coincidiram com a popularização da fotografia. As feiras e leilões dedicados a este meio são actualmente mais uma das manifestações comerciais no mercado artístico. Entre 19 e 22 de Novembro, no Carrousel du Louvre (Paris), realiza-se a Paris Photo, o principal evento mundial dedicado à promoção e divulgação da fotografia num contexto comercial. Os 89 stands de galerias e 13 publicações (provenientes de 23 países) presentes na Paris Photo apresentam uma visão panorâmica da expressão fotográfica desde o século XIX até ao presente. Para a edição deste ano, a feira propõe uma exploração inédita das práticas fotográficas dos países árabes e do Irão. O projecto é comissariado por Catherine David, responsável pela Documenta X, de Kassel (Alemanha), em 1997. Dos sete novos países presentes, Portugal está representado pela Pente 10 – Fotografia Contemporânea, de Lisboa. A qual vem juntar-se a outras galerias como a 798 Photo Gallery, de Pequim, Galerie Baudoin Lebon ou Galerie Vu, ambas de Paris, Galería Juana de Aizpuru, de Madrid, The Photographer’s Gallery, de Londres, ou a Aperture Gallery, Nova Iorque.
Published at NS'201/IN#097, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Lalla Essaydi, Les femmes du Maroc : Harem Beauty #2, 2009 Courtesy Edwynn Houk Gallery, New York
Published at NS'201/IN#097, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Lalla Essaydi, Les femmes du Maroc : Harem Beauty #2, 2009 Courtesy Edwynn Houk Gallery, New York
Monday, 16 November 2009
Novos sinais de estabilidade
Leilões de arte contemporânea de Londres dão sinais de que os piores tempos já passaram.
Apesar de o volume e os resultados finais serem uma fracção do que os leilões representavam no passado, a elevada percentagem de lotes vendidos nas três mais importantes casas internacionais (Sotheby’s, Christie’s e Phillips de Pury & Co.), na semana de leilões coincidente com a Frieze Art Fair, em Londres, aparenta sinais de que os piores tempos já passaram e melhores estão à vista.
O leilão de arte contemporânea da Sotheby’s, na tarde de 16 de Outubro, apresentou 217 lotes (incluía pela primeira vez arte originária do Médio Oriente), dos quais foram vendidos 159 lotes pelo valor total de 14 milhões de euros. Apesar da fraca prestação do dólar, quando equiparado ao euro ou à libra esterlina, um dos espelhos de Anish Kapoor, Untitled (250x250x60cm, de 1994), foi adquirido por um coleccionador privado norte-americano por cerca de 720 mil euros. Na Christie’s, a noite de 16 de Outubro resultou em mais de 18 milhões de euros para os 52 lotes vendidos, de um total de 62 oferecidos; o óleo sobre tela, Paris Bar (1991), de Martin Kippenberger, foi comprado por um anónimo por 2,4 milhões de euros (o segundo mais elevado valor pago por uma obra deste artista em leilão). No dia 17 de Outubro, os dois leilões na Phillips de Pury & Co. encerraram a semana; os 31 lotes (dos 43 apresentados) realizaram 4,5 milhões de euros.
O número de obras de arte leiloadas abaixo dos cinco mil euros aumentou cerca de 20%; uma variação dos 50%, para os 79% (números correspondentes aos lotes vendidos entre Julho de 2007 e Junho de 2008).
Durante estes últimos sete anos, o segmento da arte contemporânea desenvolveu-se com uma rapidez alucinante. Sobretudo com a venda de peças com valor mais elevado no mercado, devido ao aumento da procura de peças por novos compradores oriundos da Ásia, Rússia e do Médio Oriente, bem como ao aumento significativo do número de especuladores e fundos de investimentos atraídos por retornos fáceis.
De acordo com o relatório anual produzido pela consultora francesa Artprice, sobre o mercado da arte contemporânea entre Junho de 2008 e Junho de 2009, durante esse período a quantidade de peças de arte contemporânea vendida acima do um milhão de euros aumentou mais de 620%. No entanto, após o pico da bolha especulativa atingido nos inícios de 2008, os preços registaram um declínio de cerca de menos 27% durante o restante ano. Voltaram a valores próximos dos praticados entre 2005 e 2006.
Published at NS'201/IN#097, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Martin Kippenberger, Paris Bar (óleo sobre tela 207x380,80cm) 1991 Courtesy: Christie’s 2009
Apesar de o volume e os resultados finais serem uma fracção do que os leilões representavam no passado, a elevada percentagem de lotes vendidos nas três mais importantes casas internacionais (Sotheby’s, Christie’s e Phillips de Pury & Co.), na semana de leilões coincidente com a Frieze Art Fair, em Londres, aparenta sinais de que os piores tempos já passaram e melhores estão à vista.
O leilão de arte contemporânea da Sotheby’s, na tarde de 16 de Outubro, apresentou 217 lotes (incluía pela primeira vez arte originária do Médio Oriente), dos quais foram vendidos 159 lotes pelo valor total de 14 milhões de euros. Apesar da fraca prestação do dólar, quando equiparado ao euro ou à libra esterlina, um dos espelhos de Anish Kapoor, Untitled (250x250x60cm, de 1994), foi adquirido por um coleccionador privado norte-americano por cerca de 720 mil euros. Na Christie’s, a noite de 16 de Outubro resultou em mais de 18 milhões de euros para os 52 lotes vendidos, de um total de 62 oferecidos; o óleo sobre tela, Paris Bar (1991), de Martin Kippenberger, foi comprado por um anónimo por 2,4 milhões de euros (o segundo mais elevado valor pago por uma obra deste artista em leilão). No dia 17 de Outubro, os dois leilões na Phillips de Pury & Co. encerraram a semana; os 31 lotes (dos 43 apresentados) realizaram 4,5 milhões de euros.
O número de obras de arte leiloadas abaixo dos cinco mil euros aumentou cerca de 20%; uma variação dos 50%, para os 79% (números correspondentes aos lotes vendidos entre Julho de 2007 e Junho de 2008).
Durante estes últimos sete anos, o segmento da arte contemporânea desenvolveu-se com uma rapidez alucinante. Sobretudo com a venda de peças com valor mais elevado no mercado, devido ao aumento da procura de peças por novos compradores oriundos da Ásia, Rússia e do Médio Oriente, bem como ao aumento significativo do número de especuladores e fundos de investimentos atraídos por retornos fáceis.
De acordo com o relatório anual produzido pela consultora francesa Artprice, sobre o mercado da arte contemporânea entre Junho de 2008 e Junho de 2009, durante esse período a quantidade de peças de arte contemporânea vendida acima do um milhão de euros aumentou mais de 620%. No entanto, após o pico da bolha especulativa atingido nos inícios de 2008, os preços registaram um declínio de cerca de menos 27% durante o restante ano. Voltaram a valores próximos dos praticados entre 2005 e 2006.
Published at NS'201/IN#097, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © Martin Kippenberger, Paris Bar (óleo sobre tela 207x380,80cm) 1991 Courtesy: Christie’s 2009
Thursday, 12 November 2009
Tuesday, 10 November 2009
Um vento optimista sobre Paris
A primeira questão é: qual das duas feiras – a Frieze em Londres, ou a FIAC, em Paris – consegue actualmente melhor reflectir a situação económica do mercado artístico contemporâneo? Isto antes da entrada de uma nova variável representada pelo mercado americano, através da Art Basel Miami Beach, em Dezembro (a qual este ano conta pela primeira vez com a presença da galeria portuguesa Graça Brandão). A resposta não é fácil.
Apesar de ambas as feiras se debaterem com questões relacionadas com a não participações de galerias e a fraca visita de coleccionadores provenientes do mercado Norte-Americano, o ambiente geral era positivo, com uma perspectiva optimista.
Ao contrário de Londres, onde a feira mais se assemelhava a um supermercado (devido ao grande número de diferentes marca e produtos disponíveis de fácil identificação), a Feira Internacional de Arte de Paris apresentava finalmente o toque francês. Apesar de existir há mais de três décadas, nos últimos três anos a feira mudou de um semblante provinciano para um de maior esplendor.
Era evidente o adiamento do acto de compra, quando comparado com anos anteriores, embora os galeristas apresentassem peças de preços mais contidos e acessíveis para qualquer bolsa.
Quem comprava tomavam o seu tempo e as reservas sucediam-se: a peça Cenotaph (A Deed of Transfer), de 2007, composta por 20 imagens Lenticular, por Jitish Kallat, a qual representava uma favela em Bombaim, na Índia, foi vendida a um coleccionador francês por 22 500 euros; ou os quatro desenhos de Maya Hewitt vendidos por seiscentos euros.
Published at NS'200/IN#096, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51350 e Jornal de Notícias N.º 159/122), 7 de Novembro de 2009 Portugal Foto: Tobias Rehberher, 2009 © the artist & dependance
Apesar de ambas as feiras se debaterem com questões relacionadas com a não participações de galerias e a fraca visita de coleccionadores provenientes do mercado Norte-Americano, o ambiente geral era positivo, com uma perspectiva optimista.
Ao contrário de Londres, onde a feira mais se assemelhava a um supermercado (devido ao grande número de diferentes marca e produtos disponíveis de fácil identificação), a Feira Internacional de Arte de Paris apresentava finalmente o toque francês. Apesar de existir há mais de três décadas, nos últimos três anos a feira mudou de um semblante provinciano para um de maior esplendor.
Era evidente o adiamento do acto de compra, quando comparado com anos anteriores, embora os galeristas apresentassem peças de preços mais contidos e acessíveis para qualquer bolsa.
Quem comprava tomavam o seu tempo e as reservas sucediam-se: a peça Cenotaph (A Deed of Transfer), de 2007, composta por 20 imagens Lenticular, por Jitish Kallat, a qual representava uma favela em Bombaim, na Índia, foi vendida a um coleccionador francês por 22 500 euros; ou os quatro desenhos de Maya Hewitt vendidos por seiscentos euros.
Published at NS'200/IN#096, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51350 e Jornal de Notícias N.º 159/122), 7 de Novembro de 2009 Portugal Foto: Tobias Rehberher, 2009 © the artist & dependance
Monday, 9 November 2009
Uma rede independente de coleccionadores
Independent Collectors permite partilhar conhecimentos sobre arte contemporânea
Fenómeno recente numa sociedade cada vez mais informatizada, as redes sociais na internet são espaços virtuais que estão a transformar a forma como comunicamos e nos relacionamos com os outros. No ciberespaço as ideias de «individualização» e de «privacidade» confundem-se com as de «comunidade» e de «público». Na internet, os limites estão descoloridos, difusos, enquanto as possibilidade de relacionamento apresentam-se como infinitas. Dentro deste contexto começaram a surgir ferramentas para relacionamento social como o hi5, o Twitter ou, mais recentemente, o Facebook.
Também na comunidade virtual os espaços de especialização estão à distância de um clique. A Independent Collectors [IC] é uma rede exclusivamente dedicada a coleccionadores de arte contemporânea que querem «ligar-se» a outros coleccionadores oriundos de vários zonas do globo. Criada em Maio de 2008, esta rede compreende mais de 2150 coleccionadores, entre os quais 31 Portugueses ligados em rede com os restantes membros provenientes de países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos da América, Itália ou Reino Unido, por exemplo.
Com um funcionamento similar a qualquer outra comunidade, a IC permite aos seus membros construir uma rede de coleccionadores com a intenção de partilhar conhecimento sobre arte contemporânea e coleccionismo, partilhar experiências e visões de obras de artistas. E como em todas as comunidades, esta também é sustentada por um código ético que deixa bem claro quais os limites de gerência entre membros.
Contudo, este espaço virtual surgiu como reacção às incursões levadas a cabo por indivíduos mais interessados no retorno económico resultante da especulação do valor das obras de arte do que na promoção e divulgação da arte contemporânea e na defesa dos artistas e do sue trabalho.
Geralmente, estas iniciativas procuram construir redes comunitárias em torno de um objecto comum com actividades festivas e turísticas, de forma a fundamentar e validar o fenómeno por si propagado, mas onde os preços de obras de arte são inflacionados, por vezes em valores superiores a trezentos por cento.
Entretanto, a rede social Independent Collectors foi originalmente idealizada por jovens coleccionadores no mercado da arte à procura de respostas a muitas questões que afligem quem começa a coleccionar. Esta plataforma virtual é uma rede de coleccionadores a nível global sem qualquer interesse comercial ou económico, em que as certezas são diminutas e as dúvidas uma constante.
Published at NS'200/IN#096, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51350 e Jornal de Notícias N.º 159/122), 7 de Novembro de 2009 Portugal Foto: Independent Collectors Managing Directors (Ulrich Grothe, Christian Schwarm e Uwe Thomas) Courtesy: Independent Collectors
Fenómeno recente numa sociedade cada vez mais informatizada, as redes sociais na internet são espaços virtuais que estão a transformar a forma como comunicamos e nos relacionamos com os outros. No ciberespaço as ideias de «individualização» e de «privacidade» confundem-se com as de «comunidade» e de «público». Na internet, os limites estão descoloridos, difusos, enquanto as possibilidade de relacionamento apresentam-se como infinitas. Dentro deste contexto começaram a surgir ferramentas para relacionamento social como o hi5, o Twitter ou, mais recentemente, o Facebook.
Também na comunidade virtual os espaços de especialização estão à distância de um clique. A Independent Collectors [IC] é uma rede exclusivamente dedicada a coleccionadores de arte contemporânea que querem «ligar-se» a outros coleccionadores oriundos de vários zonas do globo. Criada em Maio de 2008, esta rede compreende mais de 2150 coleccionadores, entre os quais 31 Portugueses ligados em rede com os restantes membros provenientes de países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos da América, Itália ou Reino Unido, por exemplo.
Com um funcionamento similar a qualquer outra comunidade, a IC permite aos seus membros construir uma rede de coleccionadores com a intenção de partilhar conhecimento sobre arte contemporânea e coleccionismo, partilhar experiências e visões de obras de artistas. E como em todas as comunidades, esta também é sustentada por um código ético que deixa bem claro quais os limites de gerência entre membros.
Contudo, este espaço virtual surgiu como reacção às incursões levadas a cabo por indivíduos mais interessados no retorno económico resultante da especulação do valor das obras de arte do que na promoção e divulgação da arte contemporânea e na defesa dos artistas e do sue trabalho.
Geralmente, estas iniciativas procuram construir redes comunitárias em torno de um objecto comum com actividades festivas e turísticas, de forma a fundamentar e validar o fenómeno por si propagado, mas onde os preços de obras de arte são inflacionados, por vezes em valores superiores a trezentos por cento.
Entretanto, a rede social Independent Collectors foi originalmente idealizada por jovens coleccionadores no mercado da arte à procura de respostas a muitas questões que afligem quem começa a coleccionar. Esta plataforma virtual é uma rede de coleccionadores a nível global sem qualquer interesse comercial ou económico, em que as certezas são diminutas e as dúvidas uma constante.
Published at NS'200/IN#096, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51350 e Jornal de Notícias N.º 159/122), 7 de Novembro de 2009 Portugal Foto: Independent Collectors Managing Directors (Ulrich Grothe, Christian Schwarm e Uwe Thomas) Courtesy: Independent Collectors
Saturday, 7 November 2009
Monday, 2 November 2009
Crise, qual crise?
Espíritos em alta, preços em baixo, negócios a acontecer: estas são as características do momento actual
Viagens entre uma tenda montada num jardim (a Frieze Art Fair, em Londres) e um palácio (a FIAC, em Paris), presenças na sucessão de leilões dedicados à arte contemporânea e moderna nas mais prestigiadas casas leiloeiras mundiais destas duas cidades, aliadas às visitas aos múltiplos eventos paralelos que entretanto decorriam; após três meses de pausa, o mundo da arte contemporânea nestas últimas semanas esteve sem tempo para respirar.
Apesar das mudanças decorridas no mercado da arte, o universo artístico esperava com cautelosas expectativas o regresso do Outono. Durante a vernissage da Frieze (14 de Outubro), por entre copos de champanhe a circular nos corredores da feira de arte contemporânea, Miguel Nabinho, director da Lisboa 20 Arte Contemporânea, visivelmente satisfeito afirmava já ter vendido uma peça de Pedro Cabrita Reis – a qual irá fazer companhia ao tapete The Walthamstow Tapestry (2009) de Grayson Perry, adquirido por €164 mil (£150 mil) à Galeria Victoria Miro, de Londres – ao conceituado arquitecto inglês Norman Foster.
O galerista de Lisboa não era o único com este sentimento, também outros negociantes de arte, como por exemplo a galerista Juana de Aizpuru, de Madrid, e o galerista Eduardo Brandão, director da Vermelho, de São Paulo, compartilhavam da mesma sensação – os espíritos em alta, os preços em baixo e os negócios a acontecer. Apercebia-se junto das pessoas uma sensação de calma e do retorno da normalidade comercial ao mercado.
Em oposição a toda a euforia correlativa dos investidores e especuladores que caracterizava as edições anteriores, nesta edição da feira as pessoas estavam mais calmas. Mais reflexivas no momento da compra, isto enquanto em anos anteriores, na primeira meia hora, corria-se para comprar peças com valor extravagantes, para as bolsas nacionais, de artistas como Damien Hirst, Jeff Koons, Takashi Murakami. Na edição deste ano foram vários os casos onde coleccionadores regressavam aos stands para confirmar informações e interesses nas obras expostas pelos galeristas. Alexandra Pinho este ano enriqueceu a colecção do BESart - Colecção Banco Espírito Santo com a aquisição de um conjunto de cinco imagens da fotógrafa brasileira Lucia Koch.
Para os gestores de fundos de investimentos em arte assistiu-se a uma correcção do valor das peças apresentadas: em geral os preços estavam cerca de 40% mais baixos em comparação com anos anteriores, como as esculturas em porcelana de Rachel Kneebone, com preços entre os 27.500 euros e os 60 mil euros. Ainda de acordo com galeristas e analistas presentes na Frieze Art Fair, esta conseguiu também atrair coleccionadores que só recentemente entraram no mercado, com a vantagem de encontrarem preços baixos e uma grande variedade de obras disponíveis.
Entretanto para responder à fraca adesão do mercado norte-americano e alemão, ou à ausências de galerias como a Chantal Crousel, de Paris, a organização da Frieze decidiu este ano transformar a secção da feira anteriormente dedicada a espaços emergentes na Frame. Por €4.3 mil (£4 mil) de aluguer do espaço (mais despesas de deslocação e estadia) esta nova plataforma comercial permitiu a jovens galerias apresentarem exposições individuais de artistas menos conhecidos a preços acessíveis.
Os espíritos estão definitivamente muito melhores do que no ano passado, via-se mais vivacidade no caminhar das pessoas. E se em 2008, em pleno fervilhar da crise económica e financeira mundial, a ausência de peças em vídeos era assinalada, a selecção de obras para a edição da Frieze este ano, pelas galerias participantes não era especialmente comercial. As feiras e as galerias estão a reinventar-se, a adoptarem uma identidade própria para sobreviverem à crise económica.
Published at NS'199/IN#095, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51343 e Jornal de Notícias N.º 152/122), 31 de Outubro de 2009 Portugal Courtesy: Linda Nylind/Frieze 2009
Viagens entre uma tenda montada num jardim (a Frieze Art Fair, em Londres) e um palácio (a FIAC, em Paris), presenças na sucessão de leilões dedicados à arte contemporânea e moderna nas mais prestigiadas casas leiloeiras mundiais destas duas cidades, aliadas às visitas aos múltiplos eventos paralelos que entretanto decorriam; após três meses de pausa, o mundo da arte contemporânea nestas últimas semanas esteve sem tempo para respirar.
Apesar das mudanças decorridas no mercado da arte, o universo artístico esperava com cautelosas expectativas o regresso do Outono. Durante a vernissage da Frieze (14 de Outubro), por entre copos de champanhe a circular nos corredores da feira de arte contemporânea, Miguel Nabinho, director da Lisboa 20 Arte Contemporânea, visivelmente satisfeito afirmava já ter vendido uma peça de Pedro Cabrita Reis – a qual irá fazer companhia ao tapete The Walthamstow Tapestry (2009) de Grayson Perry, adquirido por €164 mil (£150 mil) à Galeria Victoria Miro, de Londres – ao conceituado arquitecto inglês Norman Foster.
O galerista de Lisboa não era o único com este sentimento, também outros negociantes de arte, como por exemplo a galerista Juana de Aizpuru, de Madrid, e o galerista Eduardo Brandão, director da Vermelho, de São Paulo, compartilhavam da mesma sensação – os espíritos em alta, os preços em baixo e os negócios a acontecer. Apercebia-se junto das pessoas uma sensação de calma e do retorno da normalidade comercial ao mercado.
Em oposição a toda a euforia correlativa dos investidores e especuladores que caracterizava as edições anteriores, nesta edição da feira as pessoas estavam mais calmas. Mais reflexivas no momento da compra, isto enquanto em anos anteriores, na primeira meia hora, corria-se para comprar peças com valor extravagantes, para as bolsas nacionais, de artistas como Damien Hirst, Jeff Koons, Takashi Murakami. Na edição deste ano foram vários os casos onde coleccionadores regressavam aos stands para confirmar informações e interesses nas obras expostas pelos galeristas. Alexandra Pinho este ano enriqueceu a colecção do BESart - Colecção Banco Espírito Santo com a aquisição de um conjunto de cinco imagens da fotógrafa brasileira Lucia Koch.
Para os gestores de fundos de investimentos em arte assistiu-se a uma correcção do valor das peças apresentadas: em geral os preços estavam cerca de 40% mais baixos em comparação com anos anteriores, como as esculturas em porcelana de Rachel Kneebone, com preços entre os 27.500 euros e os 60 mil euros. Ainda de acordo com galeristas e analistas presentes na Frieze Art Fair, esta conseguiu também atrair coleccionadores que só recentemente entraram no mercado, com a vantagem de encontrarem preços baixos e uma grande variedade de obras disponíveis.
Entretanto para responder à fraca adesão do mercado norte-americano e alemão, ou à ausências de galerias como a Chantal Crousel, de Paris, a organização da Frieze decidiu este ano transformar a secção da feira anteriormente dedicada a espaços emergentes na Frame. Por €4.3 mil (£4 mil) de aluguer do espaço (mais despesas de deslocação e estadia) esta nova plataforma comercial permitiu a jovens galerias apresentarem exposições individuais de artistas menos conhecidos a preços acessíveis.
Os espíritos estão definitivamente muito melhores do que no ano passado, via-se mais vivacidade no caminhar das pessoas. E se em 2008, em pleno fervilhar da crise económica e financeira mundial, a ausência de peças em vídeos era assinalada, a selecção de obras para a edição da Frieze este ano, pelas galerias participantes não era especialmente comercial. As feiras e as galerias estão a reinventar-se, a adoptarem uma identidade própria para sobreviverem à crise económica.
Published at NS'199/IN#095, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51343 e Jornal de Notícias N.º 152/122), 31 de Outubro de 2009 Portugal Courtesy: Linda Nylind/Frieze 2009
Sunday, 1 November 2009
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