Monday 2 March 2009

ARCO 2009: um balanço

Próxima feira já representa o momento de transição para outra fase no ciclo da arte contemporânea

A nível mundial, a ARCOmadrid, organizada pela IFEMA, é o evento público dedicado à exposição e venda de arte contemporânea com o maior número de visitantes – supera os 190 mil visitantes. Distante dos sessenta mil para a Frieze, dos cinquenta mil para a Art Basel, dos 19 mil para a Arte Lisboa, ou mais do que as feiras de arte realizadas na populosa China.

Mesmo a feira periférica, a Arte Madrid, na sua quarta edição, recebeu este ano 31 mil visitantes, 25% mais do que o ano passado, enquanto sublinha o mesmo volume de vendas, comparativamente a 2008, cerca de 22 milhões de euros.

Apesar da redução dos fluxos financeiros nos diferentes mercados – o ajustar do valor ao dinheiro disponível –, existiram muitas compras institucionais nas duas feiras de arte de Madrid. Se o Ministério da Cultura e da Comunicação Francês tem reservado quatrocentos mil euros do orçamento do ministério para a aquisição de obras de arte na feira de Paris, na ARCOmadrid, por exemplo, a IFEMA realizou as suas tradicionais aquisições para a Fundação ARCO, e adquiriu sete peças com um valor aproximado de 150 mil euros; a comissão de aquisições do Real Patronato do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Ministério da Cultura de Espanha) adquiriu obras de onze artistas por um valor global de 670 mil euros; o CGAC investiu cerca de 130 mil euros em obras; enquanto a Fundación Unicaja adquiriu oito peças para a sua colecção de arte contemporânea no valor de setenta mil euros, e a Consejería de Cultura, Turismo y Deporte (Governo da Cantábria) fez compras no valor total de cem mil euros.

No caso Português, é evidente a demissão da entidade organizadora na fomentação e incutir interesse nos seus eventos, facto acompanhado pela pouca ou nenhuma participação de outras instituições nacionais, como o Ministério da Cultura, Museus ou Fundações na dinamização do mercado artístico nacional.

O mercado norte americano está visivelmente ausente das feiras e leilões no contexto europeu. No entanto, a resposta da ARCOmadrid, está na organização, já em 2010, de uma feira dedicada a esse mercado, em particular à cidade de Los Angeles – a Índia termina um ciclo de eventos dedicados ao fomento de arte originária de países. Deste modo, ao ajustar da atenção para um outro foco espacial e, conjuntamente, ao redimensionar o número de galerias participantes a ARCOmadrid 2010 já representa o momento de transição para outra fase no ciclo da arte contemporânea.

Published at NS'164/IN#060, Mercado da Arte (78), (Diário de Notícias N.º 51193 e Jornal de Notícias N.º 266/121), 28 de Fevereiro de 2009 Portugal

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