Monday 23 March 2009

Médio Oriente, um mercado em crescendo

Dinamismo dos Emirados Árabes é cada vez mais evidente

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) apresentaram, até agora, uma imagem de país importador de produtos de consumo. Tal como as ilhas concebidas com forma de palmeiras e aos hotéis de sete estrelas, a arte também se insere dentro deste conceito de promoção de aspectos económicos e culturais. É visível o esforço em investir na construção de infra-estruturas museológicas e artísticas para promover a cultura na região.

As marcas Louvre e Guggenheim são dois exemplos de símbolos associados a culturas europeias importados para este destino turístico e cultural.

No passado, o número de artistas originários e a trabalhar nos EAU com projecção global era relativamente reduzido. Muito devido ao sistema de ensino que perdurava e à pouca exposição pública. No entanto, tudo esta paisagem está a alterara-se muito rapidamente. Em 2006, a Christie’s realizou o seu primeiro leilão de arte internacional moderna e contemporânea no Dubai, em 2007 foi a vez da Bonham e está previsto para o 2009 uma série de leilões promovidos pela Phillips de Pury. As duas primeiras edições das feiras de arte – Art Dubai e a ArtParis Abu Dhabi – realizam-se em 2007. Este ano, a Art Dubai coincide com a inauguração da Sharjah Bienal (Isabel Carlos é a curadora da edição deste ano). Todos estes eventos estão desenhados para oferecer os talentos locais emergentes e os já estabelecidos conjuntamente com arte ocidental e asiática, a um público crescentemente globalizante.

Mas da mesma forma que, de acordo com informações divulgadas, nove expositores, incluindo a Acquavella Galleries, a Jablonka Galerie e a Grey Gallery, se abstiveram de participar na TEFAF (a prestigiada feira de Maastricht) deste ano, por razões financeiras, o mesmo aconteceu na Art Dubai, seguindo a tendência de ausência em outras feiras de arte, como a ARCOmadrid ou Armory Show. A nível da Art Dubai, a galeria portuguesa Mário Sequeira (Braga) não se recandidatou a um lugar para estar presente na edição de 2009, pois considera o momento pouco oportuno para iniciar-se num mercado diferente. Mas um clima menos comercial favorece as apresentações «comissariadas».

Nos EAU, o esforço de importação é também visível na forma articulada como uma geração mais nova de artistas interpreta e representa as ansiedades da população (maioritariamente oriunda de outros países), com recurso à linguagem e modelos utilizados e explorados por artistas contemporâneos do ocidente. São o reflexo da riqueza e complexidade em que os EAU estão a transformar-se.

Published at NS'167/IN#63, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51214 e Jornal de Notícias N.º 287/121), 21 de Março de 2009 Portugal Shilpa Gupta, Untitled, 2008 Courtesy Galleria Continua, Pequim

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