Director da 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa
O meu maior erro...
Não me lembro. Aprendo com eles e esqueço-os.
A minha paixão secreta...
São os cozinhados da Beira
Deveria ter sido...
Cozinheiro.
O museu que gostaria de dirigir...
O Museu de Arte Popular … o velhinho…o único!
O artista que devia ter adquirido...
Cildo Meireles, na fase em que podia
A última vez que cozinhei foi para...
Para mim. Cozinho todos os dias e normalmente capricho quando estou só. Mereço e é o meu momento ioga.
O melhor vinho que apreciei em...
Foi em Espanha. Produção limitada de oitocentas garrafas. Não lembro o nome. Mas sou fã dos nossos Douro, sobretudo.
As feira de arte são importantes…
Porque sempre encontramos novos compradores. Além disso, são plataformas de circulação para os nossos artistas. Depois, porque viajamos.
A vida é demasiado curta para...
Conhecer todos os países. Por sorte, temos a arte, que possibilita a aproximação de várias culturas.
Published at NS'185/IN#081, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51245 e Jornal de Notícias N.º 54/122), 25 de Julho de 2009 Portugal © Jorge Viegas
Tuesday, 28 July 2009
Monday, 27 July 2009
Espaços Off
Onde se impulsionam políticas culturais inscritas por uma índole de regeneração urbana
É reconhecido o papel desempenhado pelos espaços Off (fora) quer como embriões programáticos futuros para as plataformas institucionalizadas, ou seja, os On (dentro), quer por serem percebidos como eficazes impulsionadores de políticas culturais inscritos por uma índole de regeneração urbana.
Estas plataformas, para além de serem espaços regidos por princípios muito firmes e com uma aparente forte componente intelectual, são locais onde, naturalmente, a localização é não convencional e, também, sórdida. Existe um ênfase sobre a comunidade e o espaço acaba por transforma-se no seu centro. Esta comunidade apresenta-se quase sempre como uma estrutura rígida e, como convém, apresenta coniventemente uma abertura boémia e descuidada. O álcool é, em conjunto com as exposições, uma prioridade e um constante aliado. Frequentemente, apresentam-se eventos de índole mais reflectiva, como conversas, cursos, workshops ou residências de artistas que se envolvem com a comunidade mas, particularmente, desafiam os conceitos artísticos e questionem os padrões e cânones reguladores da sociedade que os recebe e contém. E, por último, não existe um valor económico disponível significativo.
No entanto, este espaços contribuem para uma maior oferta cultural na comunidade local, ao serem dirigidos por e para jovens artistas, grupos ou associações sem fins lucrativos, com uma actividade regular no universo artístico. O Espaço Campanhã (sob a responsabilidade de Miguel Pinho e José Maia), no Porto, e o Kunsthalle Lissabon (um projecto de João Mourão e Luís Silva), em Lisboa, por exemplo, são espaços alternativos ao circuito comercial contemporâneo, como a Rua Miguel Bombarda (onde se encontram a maioria das galerias de arte, na cidade do Porto), e instituído, como Serralves (Porto) ou a Culturgest (Lisboa), com estratégias mais contextuais e atentas à contemporaneidade.
A nível internacional, o The Mews Project Space – localizado próximo da Whitechapel Art Gallery, em Londres, tem como mentores Carlos Noronha Feio, Mikael Larsson e Nuno Centeno – apresenta, sem qualquer apoio económico, durante um dia, propostas expositivas de artistas portugueses ou radicados em Portugal ao mercado anglo-saxónico, enquanto o Empty Cube – sob a orientação de João Silvério –, inserido no contexto nacional, apresenta-se por uma noite como um projecto nómada independente, não comercial, aberto a propostas discursivas entre o trabalho do artista, o espaço e o seu espectador.
Por oposição, uma estrutura On, por exemplo, o espaço Zé dos Bois, em Lisboa, é uma plataforma onde sem qualquer dificuldade podemos encontrar as ligações dos artistas apresentados a determinadas comunidades, a exposições já realizadas ou à linha editorial de uma revista. Esta estrutura usufrui, de resto, de apoio financeiro da Direcção-Geral das Artes. Mas a verdadeira questão é: quantos destes espaços Off se transformam em espaços On? Com sacrifícios, se souberem governar a sua realidade, manter as diferenças do comum, do normal quotidiano, enquanto criam uma estrutura organizativa e implementam estratégias a longo prazo, alguns espaços mantêm-se.
Published at NS'185/IN#081, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51245 e Jornal de Notícias N.º 54/122), 25 de Julho de 2009 Portugal © The Mews Project Space
É reconhecido o papel desempenhado pelos espaços Off (fora) quer como embriões programáticos futuros para as plataformas institucionalizadas, ou seja, os On (dentro), quer por serem percebidos como eficazes impulsionadores de políticas culturais inscritos por uma índole de regeneração urbana.
Estas plataformas, para além de serem espaços regidos por princípios muito firmes e com uma aparente forte componente intelectual, são locais onde, naturalmente, a localização é não convencional e, também, sórdida. Existe um ênfase sobre a comunidade e o espaço acaba por transforma-se no seu centro. Esta comunidade apresenta-se quase sempre como uma estrutura rígida e, como convém, apresenta coniventemente uma abertura boémia e descuidada. O álcool é, em conjunto com as exposições, uma prioridade e um constante aliado. Frequentemente, apresentam-se eventos de índole mais reflectiva, como conversas, cursos, workshops ou residências de artistas que se envolvem com a comunidade mas, particularmente, desafiam os conceitos artísticos e questionem os padrões e cânones reguladores da sociedade que os recebe e contém. E, por último, não existe um valor económico disponível significativo.
No entanto, este espaços contribuem para uma maior oferta cultural na comunidade local, ao serem dirigidos por e para jovens artistas, grupos ou associações sem fins lucrativos, com uma actividade regular no universo artístico. O Espaço Campanhã (sob a responsabilidade de Miguel Pinho e José Maia), no Porto, e o Kunsthalle Lissabon (um projecto de João Mourão e Luís Silva), em Lisboa, por exemplo, são espaços alternativos ao circuito comercial contemporâneo, como a Rua Miguel Bombarda (onde se encontram a maioria das galerias de arte, na cidade do Porto), e instituído, como Serralves (Porto) ou a Culturgest (Lisboa), com estratégias mais contextuais e atentas à contemporaneidade.
A nível internacional, o The Mews Project Space – localizado próximo da Whitechapel Art Gallery, em Londres, tem como mentores Carlos Noronha Feio, Mikael Larsson e Nuno Centeno – apresenta, sem qualquer apoio económico, durante um dia, propostas expositivas de artistas portugueses ou radicados em Portugal ao mercado anglo-saxónico, enquanto o Empty Cube – sob a orientação de João Silvério –, inserido no contexto nacional, apresenta-se por uma noite como um projecto nómada independente, não comercial, aberto a propostas discursivas entre o trabalho do artista, o espaço e o seu espectador.
Por oposição, uma estrutura On, por exemplo, o espaço Zé dos Bois, em Lisboa, é uma plataforma onde sem qualquer dificuldade podemos encontrar as ligações dos artistas apresentados a determinadas comunidades, a exposições já realizadas ou à linha editorial de uma revista. Esta estrutura usufrui, de resto, de apoio financeiro da Direcção-Geral das Artes. Mas a verdadeira questão é: quantos destes espaços Off se transformam em espaços On? Com sacrifícios, se souberem governar a sua realidade, manter as diferenças do comum, do normal quotidiano, enquanto criam uma estrutura organizativa e implementam estratégias a longo prazo, alguns espaços mantêm-se.
Published at NS'185/IN#081, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51245 e Jornal de Notícias N.º 54/122), 25 de Julho de 2009 Portugal © The Mews Project Space
Sunday, 26 July 2009
newsfromlisbon200907
Wednesday, 22 July 2009
Jorge Molder: Pinocchio
Chiado 8 Arte Contemporânea (Lisbon)
Pinocchio
Situated in an heterogeneous locality, in Lisbon city centre, Chiado 8 Arte Contemporânea would have the means to established a dialogue with its surrounding instead of just traditionally exhibit objects. Thought, it is less a critical survey of a highly influential aesthetic than a feel-good baggy reunion, focused on one’s identity. This last thing is what we find when we see Jorge Molder’s new body of work entitled Pinocchio.
Artworks are a reflection of their time. Monarch, aristocrats and wealthy individuals before the 20th century have usually been happy to have themselves and those from their file immortalized in oil painting and sculptures. Rarely commissioning artworks set out to represent society as a whole. Even in our times, portraits, in particular, unveil and reveal the tastes of the commissioning classes. On a different level, already in Ancient Egypt kings used the mummification’s process to preserve the body for afterlife, as a means to aid the essence as it transitions to a new destination.
Nonetheless, today almost everything comes out of photography, the medium has had popularized itself as form and as capturing moments in time and theories: copying, cutting and pasting out almost anything that is in existence, the reproducibility of what is possible – Cindy Sherman’s dressed like a model is turning in to the dressed model as they really are; John Coplans’ nude body is about how we bare an aged body.
Thus, this new work by the Portuguese photographer keeps with the same philosophical and systematic exploration brought by him in the last three decades. Photographic pictures of the self assembled as portraits with dark cloaks evolving him. In Pinocchio, while encapsulating the body in strips of white linen, by change, the search transfers the negative into positive. In the burial ceremony the black mourning becomes a white journey.
Getting into the public realm, both context and content are deceitful pictures, double-dealing like Pinocchio’s dream of becoming a real boy. Meaning, the reconstruction of a place multiple singularities whereas focus to the outside (being inclusive), rather than to the self (being exclusive).
Published at Lapiz, Revista Internacional de Arte. Año XXVIII, Núm. 255. (92), Verano 2009 España © Jorge Molder, de la serie "Pinocchio", 2006-2009, fotografia, 96x96cm.
Pinocchio
Situated in an heterogeneous locality, in Lisbon city centre, Chiado 8 Arte Contemporânea would have the means to established a dialogue with its surrounding instead of just traditionally exhibit objects. Thought, it is less a critical survey of a highly influential aesthetic than a feel-good baggy reunion, focused on one’s identity. This last thing is what we find when we see Jorge Molder’s new body of work entitled Pinocchio.
Artworks are a reflection of their time. Monarch, aristocrats and wealthy individuals before the 20th century have usually been happy to have themselves and those from their file immortalized in oil painting and sculptures. Rarely commissioning artworks set out to represent society as a whole. Even in our times, portraits, in particular, unveil and reveal the tastes of the commissioning classes. On a different level, already in Ancient Egypt kings used the mummification’s process to preserve the body for afterlife, as a means to aid the essence as it transitions to a new destination.
Nonetheless, today almost everything comes out of photography, the medium has had popularized itself as form and as capturing moments in time and theories: copying, cutting and pasting out almost anything that is in existence, the reproducibility of what is possible – Cindy Sherman’s dressed like a model is turning in to the dressed model as they really are; John Coplans’ nude body is about how we bare an aged body.
Thus, this new work by the Portuguese photographer keeps with the same philosophical and systematic exploration brought by him in the last three decades. Photographic pictures of the self assembled as portraits with dark cloaks evolving him. In Pinocchio, while encapsulating the body in strips of white linen, by change, the search transfers the negative into positive. In the burial ceremony the black mourning becomes a white journey.
Getting into the public realm, both context and content are deceitful pictures, double-dealing like Pinocchio’s dream of becoming a real boy. Meaning, the reconstruction of a place multiple singularities whereas focus to the outside (being inclusive), rather than to the self (being exclusive).
Published at Lapiz, Revista Internacional de Arte. Año XXVIII, Núm. 255. (92), Verano 2009 España © Jorge Molder, de la serie "Pinocchio", 2006-2009, fotografia, 96x96cm.
Tuesday, 21 July 2009
Confissões de... Maria do Carmo Oliveira
Directora da MCO Arte Contemporânea, Porto
O meu maior erro...
Ter ido a Nova Iorque pela primeira vez tão tarde.
A minha paixão secreta...
Não sei responder, porque se é secreta ou não é conhecida ou não se pode revelar.
Deveria ter sido...
Neste momento não me imagino a ter outra actividade.
O artista que devia ter representado...
Todos os artistas que pretendo estou a trabalhar com eles e os que ainda não tenho hei-de tê-los.
Coisas que me deixam acordada durante a noite...
Festas.
O melhor vinho que apreciei em...
Na abertura da galeria, um excepcional Barca Velha
Aprecio a companhia de...
Dos amigos, claro! E de gente bem disposta.
Os galeristas são incompreendidos por...
Os galeristas não são incompreendidos.
A vida é demasiado curta para...
A vida tem a duração que lhe quisermos dar.
Published at NS'184/IN#080, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51238 e Jornal de Notícias N.º 47/122), 18 de Julho de 2009 Portugal © Maria do Carmo Oliveira
O meu maior erro...
Ter ido a Nova Iorque pela primeira vez tão tarde.
A minha paixão secreta...
Não sei responder, porque se é secreta ou não é conhecida ou não se pode revelar.
Deveria ter sido...
Neste momento não me imagino a ter outra actividade.
O artista que devia ter representado...
Todos os artistas que pretendo estou a trabalhar com eles e os que ainda não tenho hei-de tê-los.
Coisas que me deixam acordada durante a noite...
Festas.
O melhor vinho que apreciei em...
Na abertura da galeria, um excepcional Barca Velha
Aprecio a companhia de...
Dos amigos, claro! E de gente bem disposta.
Os galeristas são incompreendidos por...
Os galeristas não são incompreendidos.
A vida é demasiado curta para...
A vida tem a duração que lhe quisermos dar.
Published at NS'184/IN#080, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51238 e Jornal de Notícias N.º 47/122), 18 de Julho de 2009 Portugal © Maria do Carmo Oliveira
Monday, 20 July 2009
A olhar para imagens
Os artistas mostram como a bulimia de informação e imagens nos embala e nos faz cada vez mais dependentes.
A sensibilidade estética medieval concebia uma beleza assente na harmonia moral e no esplendor metafísico. Actualmente a beleza de um trabalho não é suficiente para avaliar uma obra de arte, ela deverá conter aspectos culturais importantes.
Os trabalhos de artistas como Elizabeth Peyton (1965) ou John Currin (1962) exploram a fronteira entre a beleza e as noções predefinidas dos corpos encarnados, assim como apresentam uma capacidade em elevar ostensivamente o mundano, o banal, e desta forma encontram formas para questionar as convenções estéticas entretanto herdadas, que na arte quer na sociedade.
No sociedade contemporânea, a informação apresentada diariamente pelos diferentes meios noticiosos e plataformas comunicacionais é um conhecimento perecível: é anulada e destruída imediatamente após ser consumida. Os artistas ao conceberem peças reflexivas do quotidiano, confrontam-nos com o cume visível da lixeira do nosso consumo dos media e questionam o significado de um meio mesmo quando o único que permanece são os poucos retalhos visíveis de palavras e imagens, ou um conjunto de peças informativas, como se fossem um objecto obsoleto da história da humanidade.
O «fazer» do fenómeno dos media, a dependência da sociedade que avidamente espera a continuação das cenas do último episódio, seja na forma de blocos informativos seja como figuras de óperas quotidianas, é um espantoso erro, uma catástrofe impensável para a distribuição e democratização do sensível. Os artistas mostram como, no fim, esta bulimia de informação e imagens embala-nos e faz-nos crescentemente dependentes, apegados a mais e mais ecrãs, canais de televisão, sites da internet, mais, mais e mais...
Mesmo assim os artistas contemporâneos, como Carlos Correia (1975), Martinho Costa (1977) ou Pedro Gomes (1972), que utilizam imagens da internet ou de revistas como fontes para as suas peças, não procuram desvalorizar os media, mas ao invés mostrar o quanto a sua esquizofrenia é repetitiva e anulada. Mostrar como a combinação de um texto com uma imagem produz uma opinião, uma ideia, uma identidade enquanto a sua tendência é para se inclinarem para um lado ou para o outro, ou para lado nenhum.
Uma das linhas orientadoras da arte contemporânea é de que muitos dos artistas são influenciados e recolhem as suas ideias de imagens ao folhear revistas e jornais ou quando se deparam com qualquer coisa em cartazes de rua ou livros, o que faz despertar imagens icónicas, de alguma forma já disponibilizadas no nosso subconsciente pela comunidade social onde nos encontramos inseridos. Isto é o que acontece na nossa sociedade, estamos sempre a olhar para imagens.
Published at NS'184/IN#080, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51238 e Jornal de Notícias N.º 47/122), 18 de Julho de 2009 Portugal © Carlos Correia, s/título (Tony #042), 2009 Courtesy Baginsky Gallery/Projects
A sensibilidade estética medieval concebia uma beleza assente na harmonia moral e no esplendor metafísico. Actualmente a beleza de um trabalho não é suficiente para avaliar uma obra de arte, ela deverá conter aspectos culturais importantes.
Os trabalhos de artistas como Elizabeth Peyton (1965) ou John Currin (1962) exploram a fronteira entre a beleza e as noções predefinidas dos corpos encarnados, assim como apresentam uma capacidade em elevar ostensivamente o mundano, o banal, e desta forma encontram formas para questionar as convenções estéticas entretanto herdadas, que na arte quer na sociedade.
No sociedade contemporânea, a informação apresentada diariamente pelos diferentes meios noticiosos e plataformas comunicacionais é um conhecimento perecível: é anulada e destruída imediatamente após ser consumida. Os artistas ao conceberem peças reflexivas do quotidiano, confrontam-nos com o cume visível da lixeira do nosso consumo dos media e questionam o significado de um meio mesmo quando o único que permanece são os poucos retalhos visíveis de palavras e imagens, ou um conjunto de peças informativas, como se fossem um objecto obsoleto da história da humanidade.
O «fazer» do fenómeno dos media, a dependência da sociedade que avidamente espera a continuação das cenas do último episódio, seja na forma de blocos informativos seja como figuras de óperas quotidianas, é um espantoso erro, uma catástrofe impensável para a distribuição e democratização do sensível. Os artistas mostram como, no fim, esta bulimia de informação e imagens embala-nos e faz-nos crescentemente dependentes, apegados a mais e mais ecrãs, canais de televisão, sites da internet, mais, mais e mais...
Mesmo assim os artistas contemporâneos, como Carlos Correia (1975), Martinho Costa (1977) ou Pedro Gomes (1972), que utilizam imagens da internet ou de revistas como fontes para as suas peças, não procuram desvalorizar os media, mas ao invés mostrar o quanto a sua esquizofrenia é repetitiva e anulada. Mostrar como a combinação de um texto com uma imagem produz uma opinião, uma ideia, uma identidade enquanto a sua tendência é para se inclinarem para um lado ou para o outro, ou para lado nenhum.
Uma das linhas orientadoras da arte contemporânea é de que muitos dos artistas são influenciados e recolhem as suas ideias de imagens ao folhear revistas e jornais ou quando se deparam com qualquer coisa em cartazes de rua ou livros, o que faz despertar imagens icónicas, de alguma forma já disponibilizadas no nosso subconsciente pela comunidade social onde nos encontramos inseridos. Isto é o que acontece na nossa sociedade, estamos sempre a olhar para imagens.
Published at NS'184/IN#080, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51238 e Jornal de Notícias N.º 47/122), 18 de Julho de 2009 Portugal © Carlos Correia, s/título (Tony #042), 2009 Courtesy Baginsky Gallery/Projects
Wednesday, 15 July 2009
Monday, 13 July 2009
Cinco artistas portugueses em Basileia
Algumas das peças apresentadas foram adquiridas por coleccionadores privados internacionais
Sujeitas ao fluxo constantes de coleccionadores e de vendas das mais importantes exposições de arte contemporânea com fins comerciais, em Londres, Miami ou Tóquio, os eventos paralelos às principais feiras de arte ou entraram em processo de relocalização ou simplesmente cancelaram ou adiaram a sua realização. Durante o início de Junho, em Basileia (Suíça) duas das feiras-satélites beneficiaram da sua nova localização (a 40ª. edição da feira de arte Art Basel foi acompanhada por várias feiras, como a Design Miami/Basel, Hot Art Fair, List – The Young Art Fair, Scope, The Solo Project e Volta5), quer a nível de visitantes quer a nível das peças transaccionadas.
Paralelamente à Arte Basel (onde esteve presente a galeria Cristina Guerra – Contemporary Art), na 5ª. edição da feira de arte Volta (também em Basileia), a galeria de Andrea Baginski apresentou, a um público internacional obras de cinco artistas portugueses: Miguel Palma, Carlos Correia, Cecília Costa, João Paulo Serafim e Paulo Brighenti. Apesar da procura por nomes já estabelecidos no mercado nacional e de valores muito superiores aos praticados no mercado nacional por outros espaços comerciais (estavam representadas 110 galerias, mais 42 do que em 2008), algumas da peças apresentada pela galeria foram adquiridas por coleccionadores privados internacionais.
A Baginski neste último mês, abriu o novo espaço na zona ribeirinha de Lisboa, no Beato, e participou na Volta5. O facto de participar numa feira de arte internacional paralela à Art Basel permitiu potenciar e divulgar a arte contemporânea nacional junto de um público global, ao investir na presença neste evento de grandes repercussões, num espaço caracterizado pela reunião de curadores, directores, coleccionadores e profissionais do mundo da arte contemporânea à procura de peças com maior tendência comercial e de valores emergentes.
A contracção económica mundial leva a que o pensamento lógico na gestão de um espaço comercial – como uma galeria de arte – consista em acautelar custos (comissões de trabalhos a artistas ou de exposições) e reduzir os valores disponibilizados para deslocações e transportes de obras (participações em feiras de arte, por exemplo). A diferença entre a presente crise e a recessão do final da década de oitenta, é que nessa altura era quase impossível vender fosse o que fosse, enquanto actualmente, nove meses após o colapso da Lehman Brothers, existe um maior número de coleccionadores com riqueza mais distribuída por outras áreas de negócio.
Published at NS'183/IN#079, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51231 e Jornal de Notícias N.º 40/122), 11 de Julho de 2009 Portugal © Miguel Palma, EGO (Electronic Growing Organism), 2009 Courtesy Baginski, Galeria/Projectos e Volta Show
Sujeitas ao fluxo constantes de coleccionadores e de vendas das mais importantes exposições de arte contemporânea com fins comerciais, em Londres, Miami ou Tóquio, os eventos paralelos às principais feiras de arte ou entraram em processo de relocalização ou simplesmente cancelaram ou adiaram a sua realização. Durante o início de Junho, em Basileia (Suíça) duas das feiras-satélites beneficiaram da sua nova localização (a 40ª. edição da feira de arte Art Basel foi acompanhada por várias feiras, como a Design Miami/Basel, Hot Art Fair, List – The Young Art Fair, Scope, The Solo Project e Volta5), quer a nível de visitantes quer a nível das peças transaccionadas.
Paralelamente à Arte Basel (onde esteve presente a galeria Cristina Guerra – Contemporary Art), na 5ª. edição da feira de arte Volta (também em Basileia), a galeria de Andrea Baginski apresentou, a um público internacional obras de cinco artistas portugueses: Miguel Palma, Carlos Correia, Cecília Costa, João Paulo Serafim e Paulo Brighenti. Apesar da procura por nomes já estabelecidos no mercado nacional e de valores muito superiores aos praticados no mercado nacional por outros espaços comerciais (estavam representadas 110 galerias, mais 42 do que em 2008), algumas da peças apresentada pela galeria foram adquiridas por coleccionadores privados internacionais.
A Baginski neste último mês, abriu o novo espaço na zona ribeirinha de Lisboa, no Beato, e participou na Volta5. O facto de participar numa feira de arte internacional paralela à Art Basel permitiu potenciar e divulgar a arte contemporânea nacional junto de um público global, ao investir na presença neste evento de grandes repercussões, num espaço caracterizado pela reunião de curadores, directores, coleccionadores e profissionais do mundo da arte contemporânea à procura de peças com maior tendência comercial e de valores emergentes.
A contracção económica mundial leva a que o pensamento lógico na gestão de um espaço comercial – como uma galeria de arte – consista em acautelar custos (comissões de trabalhos a artistas ou de exposições) e reduzir os valores disponibilizados para deslocações e transportes de obras (participações em feiras de arte, por exemplo). A diferença entre a presente crise e a recessão do final da década de oitenta, é que nessa altura era quase impossível vender fosse o que fosse, enquanto actualmente, nove meses após o colapso da Lehman Brothers, existe um maior número de coleccionadores com riqueza mais distribuída por outras áreas de negócio.
Published at NS'183/IN#079, Mercado da arte (70), (Diário de Notícias N.º 51231 e Jornal de Notícias N.º 40/122), 11 de Julho de 2009 Portugal © Miguel Palma, EGO (Electronic Growing Organism), 2009 Courtesy Baginski, Galeria/Projectos e Volta Show
Friday, 10 July 2009
Tuesday, 7 July 2009
Confissões de... Paulo Reis
Coordenador do Carpe Diem Arte e Pesquisa, em Lisboa, co-director e co-editor da Dardo Magazine, e Professor de História de Arte
O meu maior erro...
Ter deixado o tempo passar em algumas matérias.
A minha paixão secreta...
Ainda é secreta, se o disser, deixa de ser…
Deveria ter sido...
O Giotto
O artista que devia ter comissariado...
Bruce Nauman, mas ainda vai a tempo.
Coisas que me deixam acordado durante a noite...
A insónia.
A última vez que cozinhei foi para...
Os amigos.
O melhor vinho que apreciei em...
Sou inculto nesta matéria, penso sempre que tendo amigos e boa conversa, o vinho é sempre bom.
Aprecio a companhia de...
Pessoas inteligentes.
A vida é demasiado curta para...
Chatear-se, por isso Carpe Diem.
Published at NS'182/IN#079, Mercado da arte (72), (Diário de Notícias N.º 51224 e Jornal de Notícias N.º 33/122), 4 de Julho de 2009 Portugal © Paulo Reis
O meu maior erro...
Ter deixado o tempo passar em algumas matérias.
A minha paixão secreta...
Ainda é secreta, se o disser, deixa de ser…
Deveria ter sido...
O Giotto
O artista que devia ter comissariado...
Bruce Nauman, mas ainda vai a tempo.
Coisas que me deixam acordado durante a noite...
A insónia.
A última vez que cozinhei foi para...
Os amigos.
O melhor vinho que apreciei em...
Sou inculto nesta matéria, penso sempre que tendo amigos e boa conversa, o vinho é sempre bom.
Aprecio a companhia de...
Pessoas inteligentes.
A vida é demasiado curta para...
Chatear-se, por isso Carpe Diem.
Published at NS'182/IN#079, Mercado da arte (72), (Diário de Notícias N.º 51224 e Jornal de Notícias N.º 33/122), 4 de Julho de 2009 Portugal © Paulo Reis
Monday, 6 July 2009
Fontes de aconselhamento sobre arte
Crise nas leiloeiras é oportunidade para o aparecimento de uma nova geração de consultores.
De acordo com as diferentes casa leiloeiras internacionais a fraqueza, ou a «contracção económica» no mercado, está presente de forma visível nos «decepcionantes» resultados dos leilões de Maio e Junho, quando comparados com anos recentes. Quando sucessivamente eram superados recordes para os valores atribuídos a peças ou sobre os valores totais de vendas.
Enquadrado pela presente circunstância faz sentido as casas leiloeiras, como qualquer outra organização, reduzir custos e despesas com salários. Estes ajustamentos, manifestados pela supressão de cerca de duzentos postos de trabalho – entre directores de departamento e executivos, na casa privada Christie’s Internacional, no início do ano, e na regressão dos preços das acções para valores equivalentes aos praticados em 1989-1997 e 2002-2004, na pública Sotheby’s – vieram permitir a manifestação de oportunidades para desenvolver uma actividade de consultoria. Assim, o reflexo é uma nova geração de conselheiros com conhecimento intrínseco do mercado e com acesso a grandes colecções e coleccionadores.
No entanto, convém ter presente que a maioria dos bons conselheiros de arte está a trabalhar no mercado da arte há anos e têm um percurso que permite sintetizar escolhas com valor, para além da efemeridade exaltada mensalmente nas revistas de arte. Estes novos consultores facilmente podem transfigurar um «conjunto de peças de arte» entre a especulação e a colecção – irreflectidamente uma peça, depois de passar por vários consultores num curto espaço de tempo, pode ver o seu valor incrementado em duzentos por cento (situação ocorrido durante os últimos anos) e desaparecer de circulação. Só para refrescar a memória, quem se recorda dos artistas adquiridos durante a década de oitenta, que actualmente nem sequer existem nos livros de história da arte? Ou seja, sem valor de mercado...
Uma outra grande questão é o conflito de interesse existente num mercado desregulado. Por exemplo, se representam um artista, independentemente da forma, não devem ser conselheiros para colecções ou de coleccionadores, ou mesmo, júris de selecção ou atribuição de prémios. Este não deve ser a mesma fonte para o mesmo tipo de trabalho para clientes diferentes. A qual atribuir a peça? e porque valor? A múltipla participação em momentos de validação e em plataformas aquisitivas adultera as regras fundamentais do mercado e o resultado são culturas expressivas efémeras sustentadas por gostos e interesses de legitimidade incerta.
Published at NS'182/IN#079, Mercado da arte (72), (Diário de Notícias N.º 51224 e Jornal de Notícias N.º 33/122), 4 de Julho de 2009 Portugal © Sotheby’s 2009
De acordo com as diferentes casa leiloeiras internacionais a fraqueza, ou a «contracção económica» no mercado, está presente de forma visível nos «decepcionantes» resultados dos leilões de Maio e Junho, quando comparados com anos recentes. Quando sucessivamente eram superados recordes para os valores atribuídos a peças ou sobre os valores totais de vendas.
Enquadrado pela presente circunstância faz sentido as casas leiloeiras, como qualquer outra organização, reduzir custos e despesas com salários. Estes ajustamentos, manifestados pela supressão de cerca de duzentos postos de trabalho – entre directores de departamento e executivos, na casa privada Christie’s Internacional, no início do ano, e na regressão dos preços das acções para valores equivalentes aos praticados em 1989-1997 e 2002-2004, na pública Sotheby’s – vieram permitir a manifestação de oportunidades para desenvolver uma actividade de consultoria. Assim, o reflexo é uma nova geração de conselheiros com conhecimento intrínseco do mercado e com acesso a grandes colecções e coleccionadores.
No entanto, convém ter presente que a maioria dos bons conselheiros de arte está a trabalhar no mercado da arte há anos e têm um percurso que permite sintetizar escolhas com valor, para além da efemeridade exaltada mensalmente nas revistas de arte. Estes novos consultores facilmente podem transfigurar um «conjunto de peças de arte» entre a especulação e a colecção – irreflectidamente uma peça, depois de passar por vários consultores num curto espaço de tempo, pode ver o seu valor incrementado em duzentos por cento (situação ocorrido durante os últimos anos) e desaparecer de circulação. Só para refrescar a memória, quem se recorda dos artistas adquiridos durante a década de oitenta, que actualmente nem sequer existem nos livros de história da arte? Ou seja, sem valor de mercado...
Uma outra grande questão é o conflito de interesse existente num mercado desregulado. Por exemplo, se representam um artista, independentemente da forma, não devem ser conselheiros para colecções ou de coleccionadores, ou mesmo, júris de selecção ou atribuição de prémios. Este não deve ser a mesma fonte para o mesmo tipo de trabalho para clientes diferentes. A qual atribuir a peça? e porque valor? A múltipla participação em momentos de validação e em plataformas aquisitivas adultera as regras fundamentais do mercado e o resultado são culturas expressivas efémeras sustentadas por gostos e interesses de legitimidade incerta.
Published at NS'182/IN#079, Mercado da arte (72), (Diário de Notícias N.º 51224 e Jornal de Notícias N.º 33/122), 4 de Julho de 2009 Portugal © Sotheby’s 2009
Thursday, 2 July 2009
Wednesday, 1 July 2009
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