Tuesday 26 January 2010

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a new cultural precipitate, choosing to go in the same direction: a start-up, an exodus.

Mecenato de iniciativas culturais

André Cepeda (1976), Filipa César (1975) e Patrícia Almeida (1970) foram os fotógrafos seleccionados para a 6ª edição do BESphoto. O prémio BESphoto, no valor de 25 mil euros, é uma iniciativa do Banco Espírito Santo em parceria com o Museu Colecção Berardo que procura premiar os criadores portugueses ou residentes em Portugal que tenham apresentado trabalhos fotográficos, neste caso, entre 2008 e 2009. O resultado do trabalho desenvolvido durante os últimos meses pelos três fotógrafos (foi atribuído a cada fotógrafo uma bolsa de produção), seleccionados por um júri constituído por Delfim Sardo (curador, critico de arte e professor), Miguel von Hafe Pérez (curador, critico de arte e director do CGAC, de Santiago de Compostela, Espanha) e Nuno Crespo (crítico de arte), vai estar patente no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, entre os dias 1 de Fevereiro e 4 de Abril. No seu conjunto os três fotógrafos apresentam um corpo de trabalho que explora as relações e comportamentos sociais contemporâneos.

O compromisso italiano com a arte
Na noite de 30 de Janeiro, a cidade de Bologna (Itália) transforma-se numa vitrina de excelência para a exposição de arte contemporânea enquanto cria uma oportunidade única para o público entrar em contacto com críticos, artistas e figuras proeminentes do meio artístico italiano. Juntamente à realização da feira internacional de arte contemporânea, ArteFiera Art First 2010, de 29 a 31 de Janeiro, mais de quarenta instituições, museus, galerias, palácios históricos e lojas situadas no centro histórico da cidade apresentam um programa expositivo e concertos durante todo a noite. A maioria das 170 galerias participantes na feira é originária deste país.

Published at NS'211/IN#107, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51427 e Jornal de Notícias N.º 236/122), 23 de Janeiro de 2010. Portugal André Cepeda, da série River, 2008 Courtesy the Artist; Thomas Ruff, ts01, 2006. Cortesy Galerria Lia Rumma, Napoli/Milano

Monday 25 January 2010

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at the top of the table

As grandes obras

A ambição devia estar para com a programação artística e cultura, não para com os edifício.

Num período de grande apoio financeiro a Portugal por parte da União Europeia, obras como o Centro Cultural de Belém (construído durante o governo de Cavaco Silva) ou o projecto do Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa (durante o governo de António Guterres) foram consideradas uma forma de atrair desenvolvimento económico e turístico. Agora, em tempos de contracção económica. Os projectos ambiciosos (por exemplo, a construção do novo aeroporto, do comboio de alta velocidade ou do novo museu para os coches) visando a perpetuação do nome na história começam a fazer pouco sentido.

Um dos argumentos para isso é que, nos últimos cinco anos, administradores e directores das diversas instituições públicas sucumbiram à exuberância irracional de rivalizar com o universo bancário e com o frenesim da construção (veja-se o caso da ilha artificial, com forma de palmeira, construída no Dubai, que agora não encontra compradores).

Depois de anos de entusiasmo bolsista, em 2008 a sociedade civil percebeu-se do vazio financeiro em que se encontrava esse mercado. Com as consequências que se tornaram visíveis em Setembro daquele ano e ainda sentidas no nosso dia-a-dia, pois a crise está a expor a fragilidade social economicamente sobrecarregada e a má gestão e planificação dos recursos e da riqueza existente.

Os edifícios ou as construções com alguma importância custam dinheiro para serem mantidos e com o tempo deterioram-se. Estas edificações em si tornam-se em custos públicos.

Como no quotidiano social, nas artes também as grandes obras desencarnam o conteúdo enquanto perpetuam a existência de um corpo morto-vivo, de um espaço que existe sem funcionamento interno. A nível global, muitos profissionais da arte descrevem os seus edifícios como casos de necessidade: de aumentar o espaço expositivo para poder expor as obras em acervo; precisam de espaços de lazer agradáveis para receber os visitantes; necessitam de um edifício que esteja de acordo com a presentes normas. A ambição devia de estar para com a programação, não para com o edifício.

Que o digam os museus nacionais, quase todos com dificuldades de funcionamento, reduzidos recursos financeiros e ausência de uma boa gestão económica e de recursos humanos. São inúmeros os exemplos: o Museu de Évora, o Museu Nacional de Arte Contemporânea (Museu do Chiado), o Museu de Arte Popular, o Museu Nacional de Etnologia ou o Museu Nacional da Arte Antiga.

Published at NS'211/IN#107, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51427 e Jornal de Notícias N.º 236/122), 23 de Janeiro de 2010. Portugal Fachada do Museu do Chiado. Courtesy Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado

Sunday 24 January 2010

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useless economy

Spanish fair Puro Arte returns with new name and new director

Strong work by Galician and international artists at Espacio Atlántico

VIGO. Espacio Atlántico is the new name for the Puro Arte contemporary art fair, held in the city of Vigo, in the region of Galicia, northwest Spain. The fair, which ran from 14-17 January, also had a new artistic director this year, David Barro, and general director Marta Scarpellini said this fourth edition was fundamentally different “in terms of quality, and the galleries attending brought the best works they have”.

A total of 52 galleries attended, including Fernando Pradilla and Fúcares, both from Madrid, and 15 galleries from Portugal, including Galeria Graça Brandão. Brandão also took part in Art Basel Miami Beach 2009, showing works by Portuguese duo Pedro Paiva and João Maria Gusmão, and Brazilian artist Lygia Pape. Gallery director José Mário Brandão said that during the first day at Espacio Atlántico he sold an installation by Brazilian artist Albano Afonso to a Galicia-based private foundation, Fundación Pedro Barrié de la Maza, for €15,000. The foundation bought work totalling €329,000 at the fair.

Espacio Atlántico profiled a high number of Galician artists as well as international names. Of the German artists on show, for example, Lisbon gallery Pedro Cera presented a work by Tobias Rehberger, on sale for €50,000, Madrid gallery Heinrich Ehrhardt showed a work by painter Georg Baselitz for €300,000, while Fúcares offered a photograph by Candida Höfer for €65,000.

For collector Carlos Rosón, president of the local Rosón contemporary art foundation, Espacio Atlántico “is important for Galician collectors, and it is also important that an art fair like this happens in Galicia”.

Published online at Market, The Art Newspaper, 20 de Janeiro de 2010 Photo : Miguel Calvo Courtesy : Espacio Atlántico 2010

Tuesday 19 January 2010

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images with no substantial focus or significant detail

Tempo Suspenso

A distorção dos princípios clássicos modernos, em particular a célebre expressão «a forma segue a função» é uma das preocupações do discurso de Jane e Louise Wilson (nascidas em 1967, em Newcastle, Inglaterra).

As irmãs gémeas trabalham em conjunto desde os finais da década de oitenta do século passado e utilizam como suporte filmes, vídeos e fotografias para examinar as estruturas do exercício do poder e ideológicas; exploram o tempo suspenso nos espaços com uma ressonância histórica associada às actividades de controlo, de vigilância, do exercício da autoridade.

O corpo do seu trabalho invoca a «arquitectura de morte», na qual se inclui a antiga sede da polícia secreta da ex-República Democrática Alemã (Stasi City, 1997); o contexto britânico durante a Guerra Fria, como a antiga base norte-americana de Greenham Coomon, em Berkshire, palco de inúmeras manifestações contra o armamento nuclear e entretanto desmantelada; ou os bunkers abandonados da extensa fortificação defensiva – a Muralha do Atlântico – criada pelas tropas alemãs durante a Segunda Grande Guerra (Sealander, 2006). Mais recentemente a sua atenção focou-se nos arquivos do cineasta Stanley Kubrick sobre o Holocausto (Unfolding the Aryan Papers, 2009).

Published at NS'210/IN#106, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51420 e Jornal de Notícias N.º 229/122), 16 de Janeiro de 2010. Portugal Jane and Louise Wilson, Unfolding the Aryan Papers, 2009 Courtesy Fundação Calouste Gulbenkian

Monday 18 January 2010

O letreiro de Auschwitz

Debate sobre a apresentação de testemunhos e preservação de provas.

Com impacto global mas de âmbito local, o recente roubo na Polónia de uma relíquia do Holocausto – o letreiro Arbeit Macht Frei (O Trabalho Liberta) à entrada do campo de concentração de Auchwitz I – veio colocar uma questão sobre a preservação e a apresentação da nossa memória: como apresentar «testemunhos» e preservar «provas» a uma sociedade cada vez mais interactiva e conexa com o universo virtual?

A facilidade crescente da sociedade em aceder à informação e contactar com a «realidade», em particular na nova geração de públicos, está a levar esses públicos a escolherem as novas formas de comunicação digital, como a internet, em detrimento dos meios mais tradicionais, como os jornais, revistas ou livros, apesar de continuarem a apresentar um grande interesse pelos conteúdos televisivos e continuarem a alimentarem as interacções sociais no mundo «real».

Um estudo realizado recentemente pela empresa de pesquisa de mercado Forrester sobre os padrões de consumo dos media por parte dos jovens europeus, indica que estes passam, em média, 10,3 horas por semana a ver televisão e 9,1 horas a fazer uso pessoal da internet (excluído o trabalho relacionado com a escola ou a profissão). Todavia, só raramente é que têm contacto com um jornal.

O campo de concentração de Auschwitz-Birkenau é actualmente um museu da memória da humanidade atento à estrutura criada pela Alemanha nazi para o exercício do poder sobre os outros: judeus, ciganos, homossexuais ou prisioneiros de guerra, por exemplo.

Se, por um lado, a substituição de um sinal por um outro concebido posteriormente veio possibilitar o potencial de recriar um momento da história com recurso a uma cópia e, por conseguinte, levantar a questão sobre qual foi a real fundamento do Holocausto, por outro, permite também questionar sobre o objecto de atenção, nomeadamente a preservação de memórias – O Trabalho Liberta – sobre o sistema político e a execução da ideologia conhecida por nacional-socialismo alemão, por oposição ao conhecimento actual geral dessa realidade – as atrocidades cometidas no decurso do exercício do poder. Por outro ainda, reflectir sobre esse momento já extensivamente documentado – o Holocausto – em livros de história, em testemunhos e em relatos na primeira pessoa, leva-nos a interrogar-nos sobre a capacidade de os objectos com um tempo de vida limitado, como são os registos, as roupas, os cabelos, os pertences dos milhões que padeceram, existirem para além da sua qualidade física, se tivermos em consideração que mesmo a nova geração de públicos dá grande importância à interacção com o mundo real.

Published at NS'210/IN#106, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51420 e Jornal de Notícias N.º 229/122), 16 de Janeiro de 2010. Portugal Cristina Nuñez, To Hell and Back, on Jewish Holocaust Survivors, 1995 Courtesy the Artist

Tuesday 12 January 2010

Incentivos locais à criação artística

Durante 2009 o fotógrafo Caio Reisewitz (representante do Brasil na Bienal de Veneza em 2005) percorreu e registou as paisagens da Galiza (Espanha), da fronteira com Portugal sem os compromissos políticos e dogmáticos que encerram muitos discursos estéticos. Através das suas imagens tomamos consciência da nossa convivência com o ambiente natural que nos rodeia.

A colaboração entre o fotógrafo, a Fundación Pedro Barrié de la Maza e a Fundación RAC (Róson Arte Contemporáneo) permitiu estender o resultado às duas cidades da Galiza. Ao apresentar pela primeira vez nas duas fundações, situadas nas cidades de Vigo e Pontevedra, respectivamente, este trabalho contribuiu e enriqueceu a história viva desta região espanhola.

Em 2009 a feira de arte ARCOmadrid atribuiu um dos prémios dedicado aos coleccionadores espanhóis (na categoria institucional) à Fundación RAC pela sua contribuição para o património artístico espanhol.

Esta colecção privada conta com mais de 250 obras de 140 artistas de todo o mundo, e tem como finalidade apoiar a arte e a cultura mediante a realização de projectos artísticos e de actividades que incentivem a criação artística na Galiza.

Published at NS'209/IN#105, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51413 e Jornal de Notícias N.º 222/122), 9 de Janeiro de 2010 Portugal Vista da exposição Maracutaia de Caio Reisewitz na Fundación RAC, 2009 Courtesy Fundación RAC

Monday 11 January 2010

A hora da Galiza

Uma pré-visualização da conjuntura para 2010

Na Galiza (Espanha) comemora este ano o Xacobeo 2010 (festa celebrada sempre que o dia de Santiago calha no domingo). Ao apoiar a realização da feira de arte contemporânea de Vigo (Espanha), Espacio Atlântico (o novo nome pelo qual a feira Pure Art se faz apresentar), a Consellería de Cultura e Turismo do Governo da Galiza encontra uma forma de atrair e apoiar financeiramente a promoção de turismo cultural à região.

Por outro lado, algumas galerias espanholas a participar na feira de Vigo, descontentes com o actual critério de selecção da feira de arte internacional de arte ARCOmadrid, decidiram não estar presentes na feira de Madrid. Desta forma, a feira Espacio Atlántico pode ser e apresenta-se como uma pré-visualização do sucesso comercial das feiras de arte contemporânea de Madrid este ano.

A feira de Vigo realiza-se no recinto ferial IFEVI, entre os dias 14 e 17 de Janeiro de 2010, e para esta sua primeira edição, com a presente denominação, reúne um núcleo de 52 galerias de arte contemporânea originárias da Península Ibérica como: 111, 3+1 Arte Contemporânea, Adhoc, Álvaro Alcázar, Carlos Carvalho, Caroline Pagès Gallery, Fernando Pradilla, Fernando Santos, Filomena Soares, Fúcares, Graça Brandão, Henirich Ehrhardt, Mário Sequeira, Marisa Marimón, MCO Arte Contemporânea, Módulo, Pedro Cera, Pedro Oliveira, Presença, Raquel Ponce, Quadrado Azul, Siboney, Sopro – Projecto de Arte Contemporânea, entre outras.

Paralelamente estão programadas actividades conjuntas com algumas das instituições artísticas mais importantes da Galiza como o Museu de Arte Contemporánea de Vigo – MARCO, Fundación Pedro Barrié de a Maza (Vigo), Fundación RAC (Pontevedra), Colección CABS (Santiago de Compostela).

Apesar das expectativas de sucesso demonstrado pelas galerias participantes portuguesas – bom índice de vendas através da feira – e pela organização – o que é óbvio –, grande parte da comunidade artística local, como instituições e coleccionadores da Galiza – os que vão realizar as compras –, não está tão expectante.

Os fundos disponíveis para compra de obras de arte não são tão abrangentes quanto o desejando pelos negociantes em arte contemporânea, apesar dos duzentos mil euros reservados pela Consellería de Cultura e Turismo do Governo da Galiza para o desenvolvimento de acções conjuntas, com o promotor da feira, a Scarpellini Proyectos S.L., de promoção e difusão da arte e dos artistas galegos nesta edição da feira.

Porém, durante os últimos meses tornou-se mais barato adquirir obras de arte através de leilões do que através de galerias, dado os preços apresentados actualmente serem consideravelmente mais baixos e acessíveis do que comparativamente nas galerias de arte contemporânea, para obras com igual qualidade e importância.

Published at NS'209/IN#105, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51413 e Jornal de Notícias N.º 222/122), 9 de Janeiro de 2010 Portugal Ana Vidigal, I wake up in your bed, 2009 Courtesy Galeria 111

Wednesday 6 January 2010

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an open door in to a private club where the new modes of imagery production imply both new work relations and subject's redefinition

Monday 4 January 2010

A arte contemporânea é um clube, um estilo de vida

Como devem as instituições assumir e exercer a sua responsabilidade para com a sociedade em geral?

A década de noventa do século passado representou um enorme crescimento económico a nível mundial. Existia uma grande quantidade de pessoas com liquidez financeiro e de outros tipos de riqueza a querer comprar arte. Por todo o lado surgiam mostras, exposições e eventos bienais sobre arte contemporânea. Durante a última década, outra forma de relacionamento surgiu no mercado da arte, complementar aos mercados alternativos e às feiras de arte por todo o mundo: quando uma pessoa comprava obras de arte estava também a comprar o ingresso para todos estas manifestações pontuais – ao adquirir arte contemporânea fazemos parte de um clube, pertencemos a uma comunidade global com um estilo de vida organizado em função do objecto de arte como elemento capital de um mundo.

À medida que a globalização avança, a prática de desenvolvimento cultural ao nível da comunidade é cada vez mais reconhecida como um poderoso meio de despertar e mobilizar alternativas aos valores culturais impostos. Em 2009, durante um período economicamente pouco favorável, muitos analistas do mercado, e neste caso particular do mercado artístico, colocaram questões sobre as causas da crise financeira, mas também sobre as suas consequências. Especialmente relevante é a questão sobre como devem as instituições orientar e dirigir as suas atenções. Nomeadamente sobre a gestão no mercado artístico como uma forma de estudos culturais, onde existem três obrigações a cumprir: o propósito e a missão; ser activo e lucrativo; e tem de assumir e exercer a sua responsabilidade para com a sociedade em geral. Os três apontamentos apresentados são um perspectiva sobre 2010, enquanto procuram responder a esta questão.

A curto prazo, o mercado da arte apresentou uma série de consequências na forma de: fragmentação e disseminação das feiras de arte em eventos mais pequenos, mais específicos e especializados; despedimentos em espaços comerciais e públicos de exposição; redução geral do nível dos preços (entre trinta a quarenta por cento); encerramento de galerias; e a incapacidade dos fundos de investimentos transformarem a arte numa mais valia económica (os valores estão substancialmente mais baixos, podem valer um terço do preço de aquisição).

Novas atitudes e atenções
Numa atitude distinta da que nos tinha habituado nos último anos o Centro de Arte Moderna José Azeredo Perdigão (CAMJAP), da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), vai oferecer uma nova perspectiva programática sobre o seu papel na sociedade contemporânea portuguesa. A nomeação de Isabel Carlos para directora do Centro traz para esta instituição uma linha de orientação diferente (uma nova geração de artistas como Vasco Araújo e Ana Vidigal, ou as irmãs britânicas Jane e Louise Wilson), de modo a reconquistar a sua importância no campo das artes plásticas em Portugal, e a atenção da comunidade artística ao optar por uma programação mais atenta à sua própria particularidade de referência no universo artístico. Para além do CAMJAP, também o Museu do Chiado (Helena Barranha foi nomeada como nova directora para o Museu Nacional de Arte Contemporânea) vai sofrer do mesmo efeito.

Exposição dos artistas
Entre comprar discriminadamente (porque não se quer perder nada) e ter um foco (comprar o que realmente se deseja), uma colecção normalmente apresenta traços e característica definidas por um curador, em sintonia com o coleccionador. Enquanto desenvolve o trabalho de comissariado na fundação constituída pela sociedade de advogados PLMJ (Lisboa) e no Centro de Artes Visuais (Coimbra), Miguel Amado é dos curadores que mais tem feito pela projecção internacional do mercado português durante estes últimos anos: depois de estar presente, com Filipa Oliveira, em Outubro, na feira de arte Frieze (Londres), com um projecto sobre a economia de mercado, em Fevereiro ambos participam com outro projecto na feira de arte Just Madrid; em Março, inaugura a exposição Sem Rede, a primeira antologia dedicada à artista Joana Vasconcelos, no Museu Berardo; e em Junho, no Museu da Cidade apresenta uma plataforma discursiva sobre a «filosofia do dinheiro».

Formação de públicos
Ocasionalmente, por todo o país, surgem organizações artísticas independentes sem fins lucrativos, activamente à procura de formas de aumentar a participação nas artes. Há sempre um espaço que perdura para além da efemeridade da moda e das tendências ao conseguir formar e fidelizar novos públicos. Se o espaço Galeria Zé dos Bois é o legítimo herdeiro do espírito da década de noventa do século passado, e com 15 anos vê o seu trabalho reconhecido institucionalmente, para a década que agora termina o espaço Carpe Diem Arte e Pesquisa aparece como o seu representante. Criado em 2009, o Carpe Diem é um espaço com uma programação incisiva ao reunir e disseminar na comunidade local parcerias afirmativas da transformação da comunidade, através obras de artistas contemporâneos, como Dominique Gonzalez-Foerster, Fernando Sánchez Castillo, Nuno Sousa Vieira ou João Tabarra, por exemplo.

Published at NS'208/IN#104, Mercado da Arte (62), (Diário de Notícias N.º 51406 e Jornal de Notícias N.º 215/122), 2 de Janeiro de 2010 Portugal Ana Vidigal, Pensas que o sexo terá importância?, 2009 e Fernando Sánchez Castillo, Dialéctica da Cortesia, 2009 Courtesy Galeria 111; DMF, Lisboa (para o Coração Independente de Joana Vasconcelos); Carpe Diem Arte e Pesquisa e Fernando Piçarra