Crise nas leiloeiras é oportunidade para o aparecimento de uma nova geração de consultores.
De acordo com as diferentes casa leiloeiras internacionais a fraqueza, ou a «contracção económica» no mercado, está presente de forma visível nos «decepcionantes» resultados dos leilões de Maio e Junho, quando comparados com anos recentes. Quando sucessivamente eram superados recordes para os valores atribuídos a peças ou sobre os valores totais de vendas.
Enquadrado pela presente circunstância faz sentido as casas leiloeiras, como qualquer outra organização, reduzir custos e despesas com salários. Estes ajustamentos, manifestados pela supressão de cerca de duzentos postos de trabalho – entre directores de departamento e executivos, na casa privada Christie’s Internacional, no início do ano, e na regressão dos preços das acções para valores equivalentes aos praticados em 1989-1997 e 2002-2004, na pública Sotheby’s – vieram permitir a manifestação de oportunidades para desenvolver uma actividade de consultoria. Assim, o reflexo é uma nova geração de conselheiros com conhecimento intrínseco do mercado e com acesso a grandes colecções e coleccionadores.
No entanto, convém ter presente que a maioria dos bons conselheiros de arte está a trabalhar no mercado da arte há anos e têm um percurso que permite sintetizar escolhas com valor, para além da efemeridade exaltada mensalmente nas revistas de arte. Estes novos consultores facilmente podem transfigurar um «conjunto de peças de arte» entre a especulação e a colecção – irreflectidamente uma peça, depois de passar por vários consultores num curto espaço de tempo, pode ver o seu valor incrementado em duzentos por cento (situação ocorrido durante os últimos anos) e desaparecer de circulação. Só para refrescar a memória, quem se recorda dos artistas adquiridos durante a década de oitenta, que actualmente nem sequer existem nos livros de história da arte? Ou seja, sem valor de mercado...
Uma outra grande questão é o conflito de interesse existente num mercado desregulado. Por exemplo, se representam um artista, independentemente da forma, não devem ser conselheiros para colecções ou de coleccionadores, ou mesmo, júris de selecção ou atribuição de prémios. Este não deve ser a mesma fonte para o mesmo tipo de trabalho para clientes diferentes. A qual atribuir a peça? e porque valor? A múltipla participação em momentos de validação e em plataformas aquisitivas adultera as regras fundamentais do mercado e o resultado são culturas expressivas efémeras sustentadas por gostos e interesses de legitimidade incerta.
Published at NS'182/IN#079, Mercado da arte (72), (Diário de Notícias N.º 51224 e Jornal de Notícias N.º 33/122), 4 de Julho de 2009 Portugal © Sotheby’s 2009
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