O conjunto de entrevistas agora iniciado, para o programa Molduras – Antena 2, RTP, centra-se no campo da prática artística contemporânea neste período da globalização e nos dilemas do paradigma actual. Esta série de entrevistas consiste numa única questão, colocada a artistas contemporâneos, nacionais e internacionais, sobre como estes testam as condições políticas, em particular as estruturas económicas. Ou seja, de que forma é que a prática artística corrente informa sobre os processos de globalização, e durante o processo transforma e faz visível as condições políticas da sociedade contemporânea.
RGC: De que forma é que vocês controlam e informam sobre a noção de 'performance' e 'transgressão' na vossa prática?
Sara & André: Somos uma dupla; partilhamos a autoria da nossa obra, não só entre nós mas também com os múltiplos intervenientes que convidamos a participar no nosso trabalho. Utilizamos recorrentemente a nossa imagem no nosso trabalho; sentimo-nos herdeiros dos artistas que exploram a sua persona artística, tais como Warhol, Koons, Gilbert & George, Cattlelan, Hirst, etc.
Queremos que as nossas obras comuniquem no mais amplo sentido possível: que não deixem as pessoas indiferentes ou aborrecidas; que tenham múltiplas leituras ou que cheguem mesmo a ser ambíguas; que possam ser contadas e compreendidas mesmo sem ser vistas. Como disse Francis Alÿs: "Maybe you don't need to see the work, you just need to hear about it."1
Quanto à noção de performance na nossa obra, esta reside principalmente no equilíbrio que procuramos entre continuidade (na relação dos nossos diferentes projectos entre si); e especificidade / novidade (decorrente do facto de tentarmos produzir obras inéditas em resposta aos contextos particulares em que vão ser apresentadas).
Apesar de acreditarmos na transgressão pela transgressão, no sentido dadaísta do termo, a transgressão no nosso trabalho deve-se mais àquilo que sentimos que são os limites do meio e da prática artística, surgindo e servindo como um recurso pessoal para a superação desses mesmos limites.
Sara & André (Lisboa, 1980 e 1979) vivem e trabalham em Lisboa. Estudaram, respectivamente, Realização Plástica do Espectáculo na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, e Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha. Expõem regularmente desde meados da década de 2000.
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