Na Galeria Vermelho o convívio com a arte é permanente
Ao anunciar uma ideia, um conceito, o artista já começa a estabelecer a sua linguagem na metafísica semiológica, a qual já não só significa dizer, mas principalmente representa-se com um querer dizer. Como é isto visível? E quais são as suas implicações? “A arte colabora, e têm a força ampliada quando o que o artista faz torna-se linguagem – a ideia, o conceito – e como ela reverbera na sociedade”, diz Eliana Finkelstein (Directora da Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil). Ou seja, o segundo sistema existe com o único propósito de representar o primeiro sistema de signos. A obra de arte reflecte o modo de um certo tipo de arte.
“A arte pensa e reflecte o mundo contemporâneo, é uma forma de comunicação, uma linguagem visual sobre a visão, a tradução do que o artista pensa sobre a sociedade actual,” continua desta forma a galerista. “A natureza utiliza o belo como força de atracção. O belo na arte contemporânea entra como uma estratégia de aproximação. Existem várias essências numa peça de arte da qual o belo é uma dessas camadas, mas pode-se dizer muito mais sobre a coisa.”
A abertura do Brasil para o mundo, o consequente crescimento da sua importância no mercado internacional e a paisagem urbana de São Paulo influenciaram e permitiram o crescimento da galeria desde a sua criação em Maio de 2002. Eliana Finkelstein explica este fenómeno em que “a arte segue o incremento da economia, e esta repercute na arte esse crescimento – o que antes era uma casa, agora são três.” E acrescenta, na génese da galeria Vermelho está um projecto que pretendia criar “um lugar onde se pensa e mostra arte, onde as pessoas podem ficar, conviver.” Edificada em torno de uma praça a galeria inclui, conjuntamente à área expositiva e administrativa, um restaurante e um “espaço dedicado a livros de artistas, onde se tem uma ‘distancia’ menor para com as peças de arte.”
A galeria é um núcleo onde a convivência com a arte é permanente, onde se permite e procura transmitir conhecimento. Este conhecimento também tem repercussões na dinâmica interna da Vermelho. De um grupo inicial de três pessoas, actualmente, a galeria, compreende cerca de 15 indivíduos, com especializações nas áreas da filosofia, ou da economia, por exemplo.
No mercado brasileiro de arte contemporânea “não existe a ideia de Estado financiar a arte, existem muitas outras áreas sociais com prioridade, como a saúde, a educação. A arte não vem em primeiro lugar,” explica desta forma, a galerista, a não intervenção ou participação do Estado no mercado da arte.
O interesse dos coleccionadores privados é antagónico ao do Estado. Conforme refere Eliana Finkelstein, “há uma maior abertura dos coleccionadores. Existe uma curiosidade para saber o que se passa no Brasil, depois de se ter estado tanto tempo fechado. A adesão de jovens coleccionadores, que se interessam, viajam e procuram ter conhecimento do que se passa em outros lugares do mundo, como Nova Iorque, por exemplo. É evidente a formação de um público interessado em arte.”
Published at NS'156/IN#052, Mercado da Arte (46), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 3 de Janeiro de 2009 Portugal © Vista do pátio e vista da instalação externa, Banco de Jardim, Marcius Galan - Terraço (novo espaço), Galeria Vermelho, Janeiro 2008 Courtesy Galeria Vermelho, São Paulo
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