Tuesday, 31 March 2009

Imagens de inquestionável sensibilidade

Concentrado essencialmente em Nova Iorque e Londres, entre 1996 e 2006, o valor do mercado das fotografia cresceu 207 por cento. Segundo a Artprice, entre 1990 e 2007, os valores indexados à fotografia aumentaram setenta por cento, quando comparados com os 43 por cento para a escultura ou 15 por cento para a pintura, durante o mesmo período. De qualquer forma, o mercado ainda permite adquirir excelentes espécimes da história da fotografia, como também fotografias contemporâneas por preços inferiores a dez mil euros.

Fotógrafos como William Henry Fox Talbot (1800-1877), Imogem Cunningham (1883-1976), Edward Weston (1886-1958), Manuel Alvarez Bravo (1902-2002), Helmut Newton (1920-2004), Robert Frank (1924), Robert Mapplethorpe (1946-1989), Sally Mann (1951) ou Alberto Garcia-Alix (1956) ou Helena Almeida (1977) captaram e continuam a captar os seus tempos através de imagens de inquestionável significação cultural e sensibilidade.

Durante a próxima semana realiza-se em Nova Iorque, nas mais prestigiadas casas leiloeiras internacionais, três leilões de fotografia. Compostos por 581 lotes, e estimados em cerca de cinco milhões e quinhentos mil euros (cerca de sete milhões de dólares): a Sotheby’s apresenta 186 lotes avaliados em dois milhões e trezentos mil euros, enquanto a Christie’s e a Phillips de Pury expõem 116 lotes e 279 lotes estimados em um milhão e setecentos mil euros e um milhão e quinhentos mil euros, respectivamente.

Em 2008, na Christie’s, a semana dedicada à fotografia resultou em 17,6 milhões de dólares (cerca de 13 milhões de euros), um valor sem precedentes.

Published at NS'168/IN#64, Mercado da Arte (71), (Diário de Notícias N.º 51126 e Jornal de Notícias N.º 200/121), 28 de Março de 2009 Portugal Alberto García-Alix, Autorretrato (mano tatuada), 2000 Courtesy Phillips de Pury & Company 2009

Monday, 30 March 2009

Um mercado em hibernação

Declínio da riqueza dos bilionários causou decréscimo dos preços

O mercado da arte é um bom indicador da prosperidade económica geral de um país. Como pode verificar-se na última lista da revista Forbes sobre os mais ricos do mundo, a crise financeira global veio desbastar algumas das fortunas entretanto formadas. Juntamente com o visível o declínio da riqueza dos bilionários, principalmente os originários da Rússia, Índia e China, mas também em Portugal, esta nova situação causou um decréscimo dos preços praticados no mercado da arte.

A contracção do mercado está a arrastar consigo muitos coleccionadores anteriormente atraídos pelos números, como foram alguns dos coleccionadores mais visível e outros com menor divulgação no nosso mercado. Inscritos num contexto global, estes indivíduos durante os últimos anos fomentaram o crescimento da quantidade de artistas com primeiras obras em leilão e o superar constante do recordes de vendas.

Facto visto como referência na carreira de um artista, mas, no entanto, não ajuda de forma alguma os galeristas a suportarem os seus artistas se estes não conseguirem gerar performances suficientemente fortes no mercado da arte.

Um exemplo é o domínio inflacionário da China nos leilões. Nos últimos anos, o preço de peças de arte de artistas contemporâneos chineses progrediu 440 por cento. Em 2004, só um artista chinês encontrava-se entre os dez artistas ainda vivos com maior índice de vendas em leilões. Porém, em 2008, cinco dos dez artistas que mais vendiam, avaliados em cerca de 130 milhões de euros, eram originários da China. Grupo nos quais se incluem Xiaogang Zhang (1958), Fanzhi Zeng (1964), ou Minjun Yue (1962).

Também, as galerias ao reduzirem os preços em quase 30 por cento (ou 20 por cento, como ocorreu recentemente na mais prestigiada feira de arte, a TEFAF, em Maastricht), fizeram com que os novos investidores, os que compraram arte neste últimos anos para unicamente obterem dividendos financeiros, pagassem um preço elevado e pesado.

Com a queda dos preços das acções, do mercado imobiliário e do encerramento ou a aquisição de alguns dos bancos de referência por outros, estes coleccionadores procuraram fazer a liquidação das colecções entretanto criadas, mas facilmente perceberam que a arte não é tão fácil de alienar como um outro produto de armazém. Principalmente porque as casas leiloeiras nestes últimos meses estão mais selectivas no processo de selecção de peças e ajustaram os valores estimados, para baixo.

Casos como o recentemente acontecido com dois bronzes reclamados por Pequim, no leilão da colecção de Yves Saint Laurent no passado mês de Fevereiro, na Christie’s de Paris, ajudam a reajustar o prestígio adquirido com a constituição de colecções para causas mais nobres do ponto de vista social, enquanto o mercado da arte entra numa fase de hibernação.

Published at NS'168/IN#64, Mercado da Arte (71), (Diário de Notícias N.º 51126 e Jornal de Notícias N.º 300/121), 28 de Março de 2009 Portugal Fanzhi Zeng, Mask Series 1996 No. 6, 1996 Courtesy Sotheby’s 2009

Tuesday, 24 March 2009

Vivo ou morto

Enquanto grupos de activistas de defesa dos direitos dos animais procuram fechar exposições, Adel Abdessemed continua no centro das atenções ao conceber obras que examinam a morte, a violência e a religião.

Em 2008, Don’t Trust Me, vídeo apresentado no San Francisco Art Institute (São Francisco, EUA), mostrava seis animais a serem mortos com uma marreta numa quinta no México.

Para a peça Prostitute, de 2008 (120 mil euros), o artista contratou três prostitutas para copiarem a Bíblia, a Torá e o Alcorão – estas peças procuram questionar a santidade intrínseca dos textos religiosos quando estes são escritos por prostitutas.

A obra de Abdessemed (facas, brocas de tamanhos desmesurados, material reciclado ou animais) condensa gestos dramáticos entre a união de forças opostas: individualidade e corpo político, desejo e morte, o sagrado e o profano, ou seja, entre arte e política. As usas peças funcionam também como um instrumento benigno de comunicação pós-colonial global à espera de serem preenchidos com significados.

Adel Abdessemed nasceu em Constantina, Argélia, em 1971. Presentemente vive em Paris. Abdessemed trabalha sobre uma variedade de meios como vídeo, animação, performance, instalações e escultura. Já expôs no Centre Pompidou e no Le Palais de Tokyo em Paris; participou na Bienal de São Paulo, em 2006, na Bienal de Shanghai, em 2004, na Bienal de Veneza, em 2003, e é um dos artistas participantes na Bienal de Havana, em Cuba.

Published at NS'167/IN#63, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51214 e Jornal de Notícias N.º 287/121), 21 de Março de 2009 Portugal Adel Abdessemed, Or noir, 2007 Courtesy David Zwirner

Monday, 23 March 2009

Médio Oriente, um mercado em crescendo

Dinamismo dos Emirados Árabes é cada vez mais evidente

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) apresentaram, até agora, uma imagem de país importador de produtos de consumo. Tal como as ilhas concebidas com forma de palmeiras e aos hotéis de sete estrelas, a arte também se insere dentro deste conceito de promoção de aspectos económicos e culturais. É visível o esforço em investir na construção de infra-estruturas museológicas e artísticas para promover a cultura na região.

As marcas Louvre e Guggenheim são dois exemplos de símbolos associados a culturas europeias importados para este destino turístico e cultural.

No passado, o número de artistas originários e a trabalhar nos EAU com projecção global era relativamente reduzido. Muito devido ao sistema de ensino que perdurava e à pouca exposição pública. No entanto, tudo esta paisagem está a alterara-se muito rapidamente. Em 2006, a Christie’s realizou o seu primeiro leilão de arte internacional moderna e contemporânea no Dubai, em 2007 foi a vez da Bonham e está previsto para o 2009 uma série de leilões promovidos pela Phillips de Pury. As duas primeiras edições das feiras de arte – Art Dubai e a ArtParis Abu Dhabi – realizam-se em 2007. Este ano, a Art Dubai coincide com a inauguração da Sharjah Bienal (Isabel Carlos é a curadora da edição deste ano). Todos estes eventos estão desenhados para oferecer os talentos locais emergentes e os já estabelecidos conjuntamente com arte ocidental e asiática, a um público crescentemente globalizante.

Mas da mesma forma que, de acordo com informações divulgadas, nove expositores, incluindo a Acquavella Galleries, a Jablonka Galerie e a Grey Gallery, se abstiveram de participar na TEFAF (a prestigiada feira de Maastricht) deste ano, por razões financeiras, o mesmo aconteceu na Art Dubai, seguindo a tendência de ausência em outras feiras de arte, como a ARCOmadrid ou Armory Show. A nível da Art Dubai, a galeria portuguesa Mário Sequeira (Braga) não se recandidatou a um lugar para estar presente na edição de 2009, pois considera o momento pouco oportuno para iniciar-se num mercado diferente. Mas um clima menos comercial favorece as apresentações «comissariadas».

Nos EAU, o esforço de importação é também visível na forma articulada como uma geração mais nova de artistas interpreta e representa as ansiedades da população (maioritariamente oriunda de outros países), com recurso à linguagem e modelos utilizados e explorados por artistas contemporâneos do ocidente. São o reflexo da riqueza e complexidade em que os EAU estão a transformar-se.

Published at NS'167/IN#63, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51214 e Jornal de Notícias N.º 287/121), 21 de Março de 2009 Portugal Shilpa Gupta, Untitled, 2008 Courtesy Galleria Continua, Pequim

newsfromlisbon200903


Edgar Martins
Sem título, da série When Light Cast no Shadow, 2008

© the artist Courtesy: Banco Espírito Santo/Museu Colecção Berardo

Tuesday, 17 March 2009

A mais bela montra de arte

Nos meses mais recentes as vendas de arte contemporânea têm sofrido um decréscimo mas outros sectores do mercado artístico, como o dos grandes mestres, têm apresentado vendas fortes e significativas. É visível, também, a tendência de reforçar a ligação entre as diferentes áreas especializadas da história da arte.

Enquanto na National Gallery (Londres), as obras de Pablo Picasso estão organizadas de forma a encetar um discurso com os grandes mestres dispostos pelas múltiplas salas da galeria; um outro exemplo, nos próximos dias, é a possibilidade de poder encontrar a Cabeça de um Filósofo com Chapéu Vermelho (do século XVIII), por Giandomenico Tiepolo (filho de Giovanni Battista Tiepolo), ou a fotografia The Ladder (A Escada), de 1844, de William Henry Fox Talbot, junto de Bill Viola ou de outras peças de arte contemporânea apresentada por galerias como a Haunch of Venison ou a Hauser & Wirth, também em Londres.

Os 239 dealers de arte e antiguidades, originários de 15 países (Luis Alegria, e Jorge Welsh Porcelain & Works of Art, de Portugal, são dois dos expositores) e presentes na mais bela montra de arte do mundo regressam aos temas tradicionais da história da arte.

A 22ª edição da TEFAF Maastricht, abre as suas portas ao público este fim-de-semana e permanece aberta até dia 22 de Março.

Published at NS'166/IN#062, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51207 e Jornal de Notícias N.º 280/121), 14 de Março de 2009 Portugal © Bill Viola, Ttransfiguration, 2007 Courtesy: Haunch of Venison, Kira Perov e Bill Viola

Monday, 16 March 2009

Mercados globais

Leilões ocupam títulos e atenção, mas galerias abranges só 52% do mercado.

À medida que o valor e o dinheiro se convertem em temas delicados e sensíveis no mercado da arte, com a apregoada ausência de vendas por parte das leiloeiras e a cessação de compras por coleccionadores privados e instituições públicas, os artistas retomam o trabalho de conceber peças de arte para seu próprio prazer.

Apesar de a curva económica descendente estar a ter um impacto nos vendedores e compradores, mesmo os com os portfolios mais díspares – no negócio vitivinícola, uma caixa de Château Lafite-Rothschild, de 2005, caiu de onze mil euros para oito mil euros –, os efeitos no mercado da arte, e uma das mais interessantes sugestões é a de que, conjuntamente aos coleccionadores tradicionais (de conhecimento mais aprofundado), os novos clientes – com muito dinheiro e de perspectiva mais internacional, com motivos que incluem investimento, prestígio, moda e nacionalismos, e sem qualquer conhecimento especializado – também já começam a apresentar uma preocupação sobre a apetência de os criadores de muitas das peças concebidas nos últimos anos existirem nos próximo período de tempo; bem como quanto à forma e ao conteúdo das peças a adquirir de modo a criar uma colecção, um corpo inteligível e inteligente. Os trabalhos incluídos na exposição At Eye Level, de Susanne S. D. Themlitz, na Vera Cortês (Lisboa), To Draw An Escape Plan, de Nuno Sousa Vieira, na galeria Graça Brandão (Lisboa) ou Amnésia, de Pedro Gomes, na galeria 111 (Lisboa), são retratos desta procura por espelhos para uma compreensão social.

È verdade que os acontecimentos em leilões ocupam a maioria dos títulos e da atenção – devido à obsessão pelos famosos e da notícia fácil derivada da exaltação e da excitação causada pela venda de uma peça por valores indeterminados, da sucessiva indicação da superação de recordes ou a visível ausência dos mesmos –, mas a realidade é que as galerias abrangem 52% do mercado de vendas. Por outro lado as feiras de arte estão crescentemente a emergir como um dos meios de venda mais importante, o que deixa um valor de mercado muito reduzido para as casas leiloeiras.

Assim, as várias exposições inauguradas nestes últimos dias nos dois mais importantes centros mercantilistas nacionais, oferecem uma óptima sugestão: de facto o mercado é cada vez mais total com artistas oriundos das mais diversas culturas, e coleccionadores de múltiplas camadas ou plataformas económicas. Isto enquanto a tradicional competição entre os mercados de Lisboa e do Porto está agora a ser substituída por uma competição mais global.

Published at NS'166/IN#062, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51207 e Jornal de Notícias N.º 280/121), 14 de Março de 2009 Portugal © Susanne S. D. Themlitz, Parallel Landscapes / In Search of the Mirror Neurons #26 (grafite, óleo, aguarela, colagem de impressão offset e papel de parede sobre papel 91,5x70x5cm), 2008 Courtesy: Vera Cortês Agência de Arte

newsfromlisbon200903


Buildings and memories, just another urban natural landscape

Saturday, 14 March 2009

newsfromcascais200903


As a performative act, we all belong to the same community… living in the exception ruled through art… to see and be seen

Thursday, 12 March 2009

Tuesday, 10 March 2009

A limpar o mercado da arte

Se o valor do mercado da arte pode ser medido pelo resultado dos leilões, então com o leilão de Arte Contemporânea, na Phillips de Pury, em Fevereiro, concluiu-se a primeira ronda de arrematações na praça pública a nível internacional, na qual se incluem a Sotheby’s e a Christie’s.

Uma vez mais o mercado da arte provou a sua resiliência a momentos de menor exaltação socioeconómica, ao apresentar obras raras e de qualidade superior ao apreciado nestes últimos anos. De outra forma, também as estimativas estão mais de acordo com os valores praticados há cinco anos, do que desde 2004.

Estas vendas confirmaram a contracção e selecção com relação à procura de peças, bem como indiciam a depuração do próprio mercado relativamente a quem com sensibilidade procura investe em arte.

No seguimento do acontecido nos leilões de arte contemporânea nas duas maiores leiloeiras internacionais, também, na Phillips de Pury os lotes considerados de maior expectativa não foram arrematados: tanto Man in Blue IV de Francis Bacon (estimado em 4,5 milhões de euros) como Encased – Five Rows, de Jeff Koons (estimado em dois milhões de euros) não encontraram compradores.

Contudo, peças de valor mais reduzido, como Black Hole (Single Channel), de 2004, de Banks Violette (mínimo estimado em sessenta mil euros) foi adquirida por cem mil euros, e Untitled (Four Women with Hats), de 1980, de Richard Prince, foi arrematada por aproximadamente 370 mil euros, muito acima do mínimo estimado, cerca 220 mil euros.

Published at NS'165/IN#061, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51200 e Jornal de Notícias N.º 273/121), 7 de Março de 2009 Portugal © Banks Violette, Black Hole (Single Channel), 2004 Courtesy: Phillipes de Pury & Company 2009

Monday, 9 March 2009

Sobre a propriedade e a herança cultural

Como lidar com o passado e salvaguardar o património

A Grécia vai formalmente inaugurar o novo Museu da Acrópole no dia 20 de Junho. Desenhado pelo arquitecto suíço Bernard Tschumi, em cooperação com o arquitecto local Michalis Photiades, o museu, atento às necessidades contemporâneas, vai receber os quatro mil artefactos originários do Pártenon – dedicado à deusa grega Atenas, o templo é o símbolo de Atenas, da democracia, e está ornamentado com esculturas decorativas reminiscentes da Antiguidade Clássica.

Mas este espaço foi também concebido para servir a causa do retorno dos Mármores de Elgin à Grécia (presentemente expostas no Museu Britânico, em Londres, as esculturas do século V a.C. foram retirados do Pártenon por Thomas Bruce, sétimo conde de Elgin, em 1806, e posteriormente vendidos ao Museu Britânico).

Desde 1981 que o Estado grego tenta recuperar os Mármores de Elgin, mas até ao presente momento com pouco sucesso, isto enquanto os ingleses continuam a mostrar-se pouco disponíveis para devolver os mármores.

Na Itália, tudo com mais de cinquenta anos é regulado pelas leis estatais sobre o património e isso reflecte-se, entre outras coisas, sobre o património romano ou as pinturas de Caravaggio, por exemplo, mas também qualquer edifício, obras de arte ou peças de mobiliário como património nacional. Por outro lado, países como a Inglaterra e os Estados Unidos, permitem a venda do património por parte dos privados, mas com a salvaguarda de preferência para o Estado.

Na prática, em países em que o governo do património cultural está entregue a um sistema centralizado, antiquado e que se ressente de sucessivas diminuições do orçamento para o ministério responsável, é quase ingovernável a sustentabilidade de politicas culturais. Este sistema desencoraja a inovação e a capacidade de envolvimento da sociedade civil, enquanto foca a atenção na conservação e preservação, mas não na interpretação da propriedade e herança cultural.

O conceito de Museu Universal transforma-se, em certas circunstâncias, num eufemismo. Ninguém é dono de um Picasso, um Caravaggio, ou uma Vieira da Silva ou Paula Rego, o que realmente interessa é saber «tomar conta de». As pessoas devem poder descobrir-se criativamente no presente e não permanecer na riqueza de um passado armazenado em museus.

Em países como Portugal estamos constantemente a interagir com a nossa herança cultural, seja quando caminhamos pelas ruas das nossas localidades, ou através de caracteres determinantes de uma cultura, como são os usados por Joana Vasconcelos.

Published at NS'165/IN#061, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51200 e Jornal de Notícias N.º 273/121), 7 de Março de 2009 Portugal Courtesy: New Acropolis Museum

Thursday, 5 March 2009

newsfromlisbon200903


"Tenho uma confissão: noventa por cento do que escrevo é invenção; só dez por cento é que é mentira"...Manoel de Barros

$26 450 cada conjunto de 6

Monday, 2 March 2009

ARCO 2009: um balanço

Próxima feira já representa o momento de transição para outra fase no ciclo da arte contemporânea

A nível mundial, a ARCOmadrid, organizada pela IFEMA, é o evento público dedicado à exposição e venda de arte contemporânea com o maior número de visitantes – supera os 190 mil visitantes. Distante dos sessenta mil para a Frieze, dos cinquenta mil para a Art Basel, dos 19 mil para a Arte Lisboa, ou mais do que as feiras de arte realizadas na populosa China.

Mesmo a feira periférica, a Arte Madrid, na sua quarta edição, recebeu este ano 31 mil visitantes, 25% mais do que o ano passado, enquanto sublinha o mesmo volume de vendas, comparativamente a 2008, cerca de 22 milhões de euros.

Apesar da redução dos fluxos financeiros nos diferentes mercados – o ajustar do valor ao dinheiro disponível –, existiram muitas compras institucionais nas duas feiras de arte de Madrid. Se o Ministério da Cultura e da Comunicação Francês tem reservado quatrocentos mil euros do orçamento do ministério para a aquisição de obras de arte na feira de Paris, na ARCOmadrid, por exemplo, a IFEMA realizou as suas tradicionais aquisições para a Fundação ARCO, e adquiriu sete peças com um valor aproximado de 150 mil euros; a comissão de aquisições do Real Patronato do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Ministério da Cultura de Espanha) adquiriu obras de onze artistas por um valor global de 670 mil euros; o CGAC investiu cerca de 130 mil euros em obras; enquanto a Fundación Unicaja adquiriu oito peças para a sua colecção de arte contemporânea no valor de setenta mil euros, e a Consejería de Cultura, Turismo y Deporte (Governo da Cantábria) fez compras no valor total de cem mil euros.

No caso Português, é evidente a demissão da entidade organizadora na fomentação e incutir interesse nos seus eventos, facto acompanhado pela pouca ou nenhuma participação de outras instituições nacionais, como o Ministério da Cultura, Museus ou Fundações na dinamização do mercado artístico nacional.

O mercado norte americano está visivelmente ausente das feiras e leilões no contexto europeu. No entanto, a resposta da ARCOmadrid, está na organização, já em 2010, de uma feira dedicada a esse mercado, em particular à cidade de Los Angeles – a Índia termina um ciclo de eventos dedicados ao fomento de arte originária de países. Deste modo, ao ajustar da atenção para um outro foco espacial e, conjuntamente, ao redimensionar o número de galerias participantes a ARCOmadrid 2010 já representa o momento de transição para outra fase no ciclo da arte contemporânea.

Published at NS'164/IN#060, Mercado da Arte (78), (Diário de Notícias N.º 51193 e Jornal de Notícias N.º 266/121), 28 de Fevereiro de 2009 Portugal

newsfrommuge200903


Got my camera out