Monday, 14 September 2009

Dicas para coleccionadores principiantes

A melhor altura para iniciar uma colecção é num período de desaceleração económica

Para quem é interessado por arte e sabe o que pretende, mesmo quando julga que não tem os recursos financeiros, este é o momento ideal para ser um coleccionador de arte contemporânea. A melhor altura para iniciar uma colecção é num período de desaceleração económica. Com menos compradores no mercado, existe uma variedade de peças de arte interessantes e valores mais do que alcançáveis disponíveis. De outro modo, o investimento apaixonado em arte permite também criar uma categoria de activos alternativos, com possíveis retornos a médio ou longo prazo.

A maioria dos galeristas trabalha em conjunto com os seus artistas de forma a encontrar o seu nicho e responder à procura no mercado da arte deste ou daquele género de objectos. As crises económicas e políticas são momentos que ajudam a abanar o próprio universo artístico enquanto criam diálogos estéticos mais enriquecidos. Estes são períodos onde é possível aos artistas pensar fora do pretendido pelo mercado, serem mais criativos na sua forma de abordar o quotidiano contemporâneo enquanto experimentam novas plataformas expressivas e de comunicação.

Obviamente, alguns dos melhores preços podem ser conseguidos indo directamente à fonte. O simples facto de se conhecer os artistas pode possibilitar um bom negócio. Ou, alternativamente, o jovem coleccionador pode encetar uma viagem pelas diferentes escolas superiores de belas artes públicas ou privadas que existem no país, enquanto visita as diferentes exposições de finalistas. Esta experiência permite encontrar artistas ansiosos por vender os seus primeiros trabalhos com qualidade a preços acessíveis – uma boa peça não tem de custar milhares de euros. Mas, fundamentalmente, a ideia é seguir a intuição no momento de compra e não se deixar influenciar pela situação económica vigente ou pelo objectivo único de retorno financeiro – o mercado da arte é demasiado instável.

Contudo, mesmo o coleccionador mais experiente necessita de aconselhamento profissional. Por isso é bom que desde o início o jovem coleccionador procure a ajuda de um curador ou gestor de arte. A gestão de uma colecção é crítica e consome tempo. Necessita de um planeamento estratégico para fortalecer o conjunto. Requer a apresentação da colecção a peritos de arte internacionais, a validação e prova de autenticidade, e, quando possível, a organização de empréstimos a museus e exposições para valorizarão das peças cedidas, do conjunto de obras de arte reunidas e do próprio coleccionador.

De outra forma, se pretende vaguear por si só, as feiras de arte são bons lugares para começar. Oferecem um nível de qualidade aceitável, e, para um principiante, garantem o acesso a um convincente conjunto de galerias visitáveis a pé num curto espaço de tempo e permitem tirar vantagens das úteis programações quando ainda se está a tentar compreender o gosto individual.

Published at NS'192/IN#088, Mercado da arte (72), (Diário de Notícias N.º 51294 e Jornal de Notícias N.º 103/122), 12 de Setembro de 2009 Portugal © Francesco Clemente, A History of the Heart in Three Rainbow, 1.3-1.5, 2009 Courtesy Deitch Projects

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