Se no ano passado a gripe das aves e as irresoluções relativas ao desenvolvimento económico e financeiro mundial serviram para responder às iniciativas de investimento que entretanto se multiplicavam, este ano a segunda edição da Madridfoto abriu sob o estigma das cinzas vulcânicas e dos múltiplos planos de estabilidade e crescimento a nível europeu.
A presença de importantes coleccionadores espanhóis, portugueses e internacionais, directores de museus, representantes de instituições públicas e privadas, e críticos especializados na fotografia e jornalistas de vários países europeus, e menos público pouco conhecedor desta prática, também ajudou a definir o aspecto geral da feira internacional de fotografia de Madrid, este ano com uma nova localização, mais central.
Neste contexto, e apesar do actual manifesto momento económico e social, Giulietta Speranza (directora artística da feira) esperava para este ano poder duplicar o número de visitantes relativamente à primeira edição da Madridfoto. Em 2009 a feira atraiu mais de 12 500 visitantes, este ano o número foi cerca de 10 500 visitas.
Para isso a organização da única feira especializada no suporte fotográfico e audiovisual de Espanha contava com a nova localização da feira internacional de fotografia como elemento potenciador do número de visitas e sucesso comercial desta segunda edição. Um espaço mais central (o Palacio de Deportes de la Comunidad de Madrid no centro da capital espanhola) ao invés do periférico, mas central, parque de exposições da IFEMA. A segunda razão estava centrada na atenção dedicada ao mercado português devido à sua grande sensibilidade para com a fotografia, e no exemplo da prosperidade do coleccionismo fotográfico nacional.
Outra das razões apontadas pela directora artística da Madridfoto, passou pelo convite e pela selecção de um conjunto de galerias representativas de um maior número de nomes já inscritos na história da fotografia como: Olivo Barbieri (Guidi & Schoen Arte Contemporânea), Antoine d’Agata (Galeria Rita Castallote), Stéphane Couturier (Galerie Clairefontaine), Paul Graham (Galeria La Fábrica), Cândida Höfer (Galeria Fúcares), Mary Ellen Mark e Paul Strand (Aperture New York/Canopia Madrid), Ray Metzker (Laurence Miller Gallery) Duane Michals (Galeria Max Estrella), e Christer Strömholm (Galerie Vu’); aliados a imagens de fotógrafos que trabalham na actualidade com as técnicas fotográficas, como Pilar Albarracín, Gregory Crewdson, Michiko Kon, Shirin Neshat ou Dias & Riedweg (representados pela galeria Filomena Soares a dupla recebeu o primeiro Prémio Comunidad de Madrid-Madridfoto, no valor de 10 mil euros, pela sequência de nove imagens cor, Cada Coisa no Seu Lugar. Outro Lugar, Outra Coisa, de 2009); e nacionais, como Helena Almeida (Filomena Soares), Pedro Barateiro, André Cepeda e Nuno Cera (Pedro Cera), Daniel Blaufuks e Paulo Catrica (Carlos Carvalho – Arte Contemporânea), António Júlio Duarte ou Brígida Mendes (Módulo – Centro Difusor de Arte), por exemplo.
Apesar da pouca afluência e inserida no contexto galerístico internacional (França, Reino Unido ou Alemanha, por exemplo) a Madridfoto é neste momento uma óptima alternativa à feira de fotografia de Paris (França), a Paris Photo. A feira de Madrid «é mais apelativa, mais atractiva para uma galeria nova que procura o seu espaço no mundo do coleccionismo da fotografia a nível europeu», explica a directora da White Space (Londres), Anya Stonelake. Opinião também confirmada pela directora da Galerie Clairefontaine (Luxemburgo), Marita Ruiter, ou ainda pela representante da Galerie Vu’, de Paris (França).
A galeria inglesa é especializada na representação de artistas russos, como Andrei Tarkovsky (portfólio de 25 Polaroids, de 1979-1984, por 7 500 euros). Além do portfólio do cineasta russo (algumas imagens individuais do portfolio foram adquiridas por coleccionadores espanhóis e franceses), a White Space tinha exposto no seu stand imagens das reminiscências construídas a partir de momentos insignificantes da vida quotidiana por Olga Chernysheva, ou ainda o importante portfolio sobre as pessoas da Lituânia, do fotógrafo Antanas Sutkus. Também, e em conjunto com Martin Parr, o português José Pedro Cortes (a única imagem presente no stand do fotógrafo foi adquirida a um coleccionador espanhol por 1 500 euros) é outro dos fotógrafos representados pela galerista de origem Russa.
O nível de negócios em mercados alternativos está a encontrar na fotografia uma opção de eleição válida para investimento, mas também é crescentemente a escolha por parte de um maior número de coleccionadores, e merece a atenção de amantes da arte em geral.
Ainda de acordo com a organização da feira de fotografia de Madrid, este deverão durante os próximos tempos parar para reflectir sobre os dados respeitantes às duas primeira edições, e dai tomar decisões referentes à realização da próxima edição, uma das quais diz respeito à possibilidade de mudança de lugar de exposição.
Dias & Riedweg, Cada Coisa no Seu Lugar. Outro Lugar, Outra Coisa, 2009 Courtesy: Galeria Filomena Soares; António Júlio Duarte, Mirror House, New Orleans, Louisiana, EUA, 2009 Courtesy: Módulo – Centro Difusor de Arte; Antanas Sutkus, Vilnius, 1972 Courtesy: White Space, London.
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