Julieta e Carlos Rosón criaram, a partir das obras do colectivo madrileno El Paso, uma fundação para incentivar os artistas e participar no processo criativo
Coleccionar arte é uma paixão para Carlos Rosón. A arte “mais do que uma questão estética, é uma questão de movimento que te leva a modificar a forma de entender as coisas, por mínimo que seja”. E encontrar linhas criativas que nos conduzam a algum lugar e de onde podemos regressar. Para Nietzsche o mundo é emotivo e sensorial, mas a análise a este mundo é dependente das estruturas epistemológicas. O coleccionador de Pontevedra (Galiza, Espanha) procura na arte “o prazer, qualquer coisa pode produzir prazer, o caos é beleza”.
Apesar desta paixão por elementos que questionam e provocam afectos diferentes, “é muito raro ver uma obra e comprá-la no ímpeto do momento. Normalmente estudo a evolução do artista”, só depois é que a compra surge, mesmo assim “continuo a acompanhar a evolução do artista.”
Dentro dos diferentes movimentos, o coleccionismo de arte é “um coleccionismo muito oculto, os coleccionistas raramente dizem que são coleccionadores, e muito menos permitem conhecer o que têm”. Apesar desta perspectiva, o conceito originário da Fundación RAC – Rosón Arte Contemporáneo (Pontevedra, Galiza), fundada em Junho de 2007 pelo casal Julieta e Carlos Rosón, apresenta um duplo objectivo: a de “ser depositária da colecção de obras de arte adquirida privadamente” pelo casal, enquanto “a disponibiliza à sociedade de forma a poderem usufruir e conhecer arte contemporânea”; e, a capacidade de “poder participar, conjuntamente com os artistas, no processo criativo”, conforma expressa Carlos Rosón.
A Fundación RAC tem um programa de residências de artistas (Jonathan Hernández em 2007, e Luisa Lambri em 2008), para o qual convidam artistas (que não têm galeria ou nunca tenham exposto em Espanha) para residir na Galiza enquanto concebem um projecto sobre esta região espanhola.
As outras actividades da fundação “consagram aspectos educacionais, como formação, eventos literários ou a publicação de catálogos. No entanto, as compras continuam a ser efectuadas [pelo casal] com orçamento autónomo do destinado ao funcionamento da instituição”, de acordo com o coleccionador. O apoio financeiro à fundação resulta do esforço pessoal do casal, e mais recentemente de algumas empresas locais.
Para Carlos Rosón, a ideia de colecção é “ter uma unidade discursiva, possuir uma certa coerência e uma certa estrutura”. A colecção cresceu do núcleo embrionário dedicado ao colectivo madrileno El Paso. Actualmente, é composta por 250 obras de 120 artistas como: Mona Hatoum, Josiah McElheny, Ugo Rondinone, Ernesto Neto, Damián Ortega, Ivan Navarro, Federico Guzmán, ou Carlos Barragán, entre muitos outros.
A colecção da Fundación RAC apresenta uma forma, um diálogo entre a arte concebida em Espanha e o gerado internacionalmente, mas resulta sobretudo do gosto singular do casal.
Published at NS'/IN, Mercado da arte (52) (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 13 de Dezembro de 2008 Portugal © Ugo Rondinone, All moments stop here and together we become every memory that has ever been (Plexiglass, 160x150x3,8cm), 2002 Courtesy Fundación RAC
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