Apesar do abrandamento nas transacções, de operações e resultados desiguais, o negócio continua
A crise no crédito bancário está fundamentalmente a redesenharam a paisagem económica e financeira mundial. O colapso da confiança nos mercados de crédito estruturado significa que haverá pouca ou nenhuma margem para os bancos e investidores. Similarmente, também são inevitáveis os efeitos, profundos, na paisagem artística. O mercado – representado principalmente através das galerias, leiloeiras e coleccionadores – vai ser forçado a repensar a sua forma de encarar a economia do sector artístico.
Desde 2003, o mercado para a arte contemporânea sentiu um crescimento (108% de acordo com a artprice), muito derivado da especulação económica e constantemente mediatizada pelos diferentes meios de comunicação externos ao mercado artístico. Nomeadamente no mercado anglo-saxónico, com artistas como Damien Hirst, Francis Bacon, Lucian Freud, ou Banksy. Facto com fraca expressão a nível nacional. No entanto, a muito do público especializado no mercado artístico apraz a presença de verdadeiros coleccionadores, sérios, conjuntamente com a manifesta ausência de qualquer especulação negativa.
Desta forma, a desterritorialização do território artístico terá como consequência a reterritorialização causada pelo desaparecimento das casas mais vulneráveis às flutuações e variações do mercado – naturalmente, os espaços que sofreram mais veemente da embriaguez que comandou as tendências e hábitos neste últimos anos e conotada com a especulação e mediatismo, por um lado; por outro, se a sociedade está à procura de novas formas e alternativas energéticas, se o sector financeiro está a diversificar as fontes de garante da sustentabilidade do sistema capitalista, também deve o sector artístico criar relações com a sociedade em geral nas suas mais diversas formas de expressão.
No contexto nacional e independentemente do número de visitantes, da manifesta ausência de muitos dos coleccionadores nacionais (tanto privados como institucionais), das comparações com ritmos económicos em tempos diferentes ou ainda da natural selecção do mercado - na feira ARTE LISBOA 2008 efectivaram-se transacções de bens. Concentradas em jovens emergente e valores com algum nome no mercado, em suportes mais tradicionais, como pintura, desenho ou escultura/instalações, e fotografia, como Ana Vidigal, Carlos Noronha Feio, Rodrigo Oliveira, José Maças de Carvalho, Cecília Costa ou Miguel Palma, entre muitos outros.
Ou seja, apesar do abrandamento nas transacções, de operações e resultados desiguais em termos de galerias e leiloeiras, e a um ritmo mais lento do que o habitual, o negócio continua.
Published at NS'/IN, Mercado da arte (74) (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 6 de Dezembro de 2008 Portugal Photo João Paulo Serafim
No comments :
Post a Comment