Wednesday, 26 November 2008
newsfromlisbon200811
An urban area is land covered with grass and other low plants suitable for grazing animals, especial cattle or sheep
Tuesday, 25 November 2008
Monday, 24 November 2008
Bom coleccionador é o que preserva as obras
"O objecto, como peça de arte, não tem de ser bonito; tem é de dizer coisas importantes"
A força da arte está em que ela chega do exterior para fragmentar os constrangimentos éticos e morais, questionar as classificações e necessidades contemporâneas, enquanto abre novas perspectivas, cria novos modos de ver o exterior sem qualquer condicionalismo. Para Juana de Aizpuru (directora da galeria homónima, em Espanha), “a arte é vida, e falar da arte é falar da vida.” E acrescenta, “a arte não pode modificar o mundo, mas pode alterar a mentalidade de aqueles que podem alterar o mundo, as escalas de valores que movem o mundo.”
O objecto, como peça de arte, “não tem de ser bonito, reger-se pelos padrões clássicos do belo, mas ‘dizer’ coisas importante. As quais, nós – os observadores – temos de escutar, e saber ouvir. O artista comunica sentimentos, que nos forçam a pensar, a reflectir para que a convivência entre os seres humanos seja o mais importante.” Na sua convivência com obras de arte, independentemente da sua beleza, Juana de Aizpuru sabe que existem outras camadas de informação a um nível mais profundo, muito mais interessantes e enriquecedoras, as quais reflectem as preocupações contemporâneas de uma forma que devemos absorver, adoptar, enquanto passamos um bom momento acompanhado por estes objectos.
O artista contemporâneo, conforme expressa Aizpuru, “não se ergue para conceber objectos belos, mas sim expressar sentimentos.” As pessoas estão enredadas num momento civilizacional de crescente predomínio da homogeneização cultural e tendências materialistas; de expressão global; crescentemente mais informada mas de menos cultura; cada vez mais se abandonam as paixões, o afecto. “O artista hoje tem um papel diferente quando comparado com o do renascimento, por exemplo; ele possui a capacidade de nos dar as pautas do individualismo, de sermos indivíduos, singulares.” E não mais uma expressão num corpo, numa máquina desprovida de qualquer sentimento e valor humanista.
Na sociedade contemporânea o mercado é quem manda, sustenta Aizpuru. “Hoje, as pessoas viajam para consumir, não para compreender – viaja-se à China ou à Índia, mas vai-se para consumir, não para contactar, adoptar ou enriquecer-se o ser humano com aquelas culturas.” O que se vai procurar em Xangai pode ser encontrado nos Estados Unidos, em França ou em Portugal: os mesmos artistas, os mesmos restaurantes, as mesmas tendências, as mesmas experiências.
Juana de Aizpuru dedica-se a “promover os artistas, a aplanar o seu caminho para que o seu trabalho sejam o mais fácil possível.” Desta forma, o seu agenciamento no mercado da arte está na condição de “que as obras produzidas pelos artistas cheguem da forma mais fácil e rapidamente aos seus destinatários, o público e os coleccionadores, quer públicos quer privados.” Aizpuru reforça a ideia de que “um bom coleccionador não é o que só compra obras, mas também o que as preserva. Um coleccionismo assente no amor à arte e pelo conhecimento.”
Mas, evidentemente, uma parte da promoção como galerista é a venda, é “poder colocar as obras em museus importantes e nas melhores colecções.” A arte floresce e triunfa não como um hobby, um investimento, ou uma carreira, mas como o que é e o que foi – uma vida, defende ainda Juana de Aizpuru.
Published at NS'/IN, Mercado da arte (54) (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 22 de Novembro de 2008 Portugal © Alberto Garcia Alix, La Gata, 2001 Courtesy Galeria Juana de Aizpuru
A força da arte está em que ela chega do exterior para fragmentar os constrangimentos éticos e morais, questionar as classificações e necessidades contemporâneas, enquanto abre novas perspectivas, cria novos modos de ver o exterior sem qualquer condicionalismo. Para Juana de Aizpuru (directora da galeria homónima, em Espanha), “a arte é vida, e falar da arte é falar da vida.” E acrescenta, “a arte não pode modificar o mundo, mas pode alterar a mentalidade de aqueles que podem alterar o mundo, as escalas de valores que movem o mundo.”
O objecto, como peça de arte, “não tem de ser bonito, reger-se pelos padrões clássicos do belo, mas ‘dizer’ coisas importante. As quais, nós – os observadores – temos de escutar, e saber ouvir. O artista comunica sentimentos, que nos forçam a pensar, a reflectir para que a convivência entre os seres humanos seja o mais importante.” Na sua convivência com obras de arte, independentemente da sua beleza, Juana de Aizpuru sabe que existem outras camadas de informação a um nível mais profundo, muito mais interessantes e enriquecedoras, as quais reflectem as preocupações contemporâneas de uma forma que devemos absorver, adoptar, enquanto passamos um bom momento acompanhado por estes objectos.
O artista contemporâneo, conforme expressa Aizpuru, “não se ergue para conceber objectos belos, mas sim expressar sentimentos.” As pessoas estão enredadas num momento civilizacional de crescente predomínio da homogeneização cultural e tendências materialistas; de expressão global; crescentemente mais informada mas de menos cultura; cada vez mais se abandonam as paixões, o afecto. “O artista hoje tem um papel diferente quando comparado com o do renascimento, por exemplo; ele possui a capacidade de nos dar as pautas do individualismo, de sermos indivíduos, singulares.” E não mais uma expressão num corpo, numa máquina desprovida de qualquer sentimento e valor humanista.
Na sociedade contemporânea o mercado é quem manda, sustenta Aizpuru. “Hoje, as pessoas viajam para consumir, não para compreender – viaja-se à China ou à Índia, mas vai-se para consumir, não para contactar, adoptar ou enriquecer-se o ser humano com aquelas culturas.” O que se vai procurar em Xangai pode ser encontrado nos Estados Unidos, em França ou em Portugal: os mesmos artistas, os mesmos restaurantes, as mesmas tendências, as mesmas experiências.
Juana de Aizpuru dedica-se a “promover os artistas, a aplanar o seu caminho para que o seu trabalho sejam o mais fácil possível.” Desta forma, o seu agenciamento no mercado da arte está na condição de “que as obras produzidas pelos artistas cheguem da forma mais fácil e rapidamente aos seus destinatários, o público e os coleccionadores, quer públicos quer privados.” Aizpuru reforça a ideia de que “um bom coleccionador não é o que só compra obras, mas também o que as preserva. Um coleccionismo assente no amor à arte e pelo conhecimento.”
Mas, evidentemente, uma parte da promoção como galerista é a venda, é “poder colocar as obras em museus importantes e nas melhores colecções.” A arte floresce e triunfa não como um hobby, um investimento, ou uma carreira, mas como o que é e o que foi – uma vida, defende ainda Juana de Aizpuru.
Published at NS'/IN, Mercado da arte (54) (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 22 de Novembro de 2008 Portugal © Alberto Garcia Alix, La Gata, 2001 Courtesy Galeria Juana de Aizpuru
Sunday, 23 November 2008
Saturday, 22 November 2008
Friday, 21 November 2008
Thursday, 20 November 2008
Wednesday, 19 November 2008
Tuesday, 18 November 2008
Discussão e arte além da Feira
Ciclo de debates e secções paralelas interrogam a própria linguagem artística
A Feira ARTE LISBOA, em parceria com a ARTECAPITAL.NET, oferece um ciclo de debates concentrado em algumas ideias fortes: o coleccionismo de fotografia no mercado ibérico, a mundialização das feiras de arte, as novas formas de investimentos em arte e as virtudes e limites do pós-colonialismo na arte contemporânea. Este espaço de debate e confluência de ideias tem a participação de vários agentes artísticos: coleccionadores, galeristas, críticos, curadores, directores de museus.
Painting and other stories, linha orientadora e título da secção do Project Rooms, comissáriada este ano por Paco Barragán, reúne uma série de artistas que inquirem e interrogam o próprio meio pictórico: Rui Macedo, Rodrigo Oliveira, Fabrizio Matos, Inês Botelho, e Sara & André (Portugal); Toño Barreiro, Lídia Benavides, Chus Garcia-Fraile (Espanha); Ruth Root (Estados Unidos); e Steve Schepens (Alemanha).
Representado pela MCO Arte Contemporânea (Porto), Fabrizio Matos (1975) é um dos artistas incluído este ano no Project Rooms. Nas novas pinturas (1750 a dois mil euros) desenvolvidas por Fabrizio, somos confrontados com uma abordagem documental sobre a realidade de uma forma quase cinematográfica (anotações imobilizadas no espaço pictórico sobre as múltiplas possibilidades de abordagem relacional com a realidade). Espaços territoriais que nos fazem lembrar os horizontes e ambientes nos textos de Camilo de Castelo Branco, enquanto expressa o questionamento da realidade. As obras de Fabrizio estão posicionadas na confluência da ilusão inerente na obra de Manoel de Oliveira e da existência aristocrática nos finais do século XIX. Mas inscrita num contexto latente muito particular – no diálogo contínuo entre o movimento e o tempo.
Faca Meteórica, de 2008 (11 660 euros), foi uma das peças apresentada na exposição Meteorítica (Galeria Graça Brandão, Lisboa de 19 de Setembro a 1 de Novembro). A dupla João Maria Gusmão + Pedro Paiva (representados pela Galeria Graça Brandão) obrigam-nos frequentemente a movimentar-nos por entre as suas obras como um exercício antropocêntrico. Nomeadamente nos filmes em 16mm quase-arqueológicos espalhados no espaço. Onde, como participantes-observadores, somos obrigados a vaguear por entre diversas representações do mundo natural. Alternadamente somos e estamos inseridos na imagem através da ausência da própria imagem, mas como sombras. Ao nível da fotografia, Acerca do espírito da gravidade ou As Cobras Fossilizadas, 2007 (6960 euros) remetem-nos para testemunhas físicas, manifestações da nossa contínua presença na história.
Pedro Cabral Santo (1968) é representado pela VPF Cream Art (Lisboa). Quer através de vídeo ou instalações o percurso estético do artista debruça-se sobre questões relacionadas com o ‘devir da linguagem’. Nomeadamente sobre o excesso imagético caracterizador da sociedade contemporânea, ao procurar desconstruir a persistente ausência da capacidade de juízo. Recentemente, Pedro Cabral Santo expôs no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, o vídeo The ice cream from space #2 (2004-08) e a peça Ponto Azul (2008), inserido no ciclo de exposições de arte contemporânea, ‘The Return of the Real’ (19 de Julho a 4 de Outubro) e anteriormente o CAMJAP (12 de Março a 22 de Junho) apresentou a exposição individual ‘TILT’, onde estavam reunidas algumas da mais importantes do percurso do artista.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2008 Portugal © Fabrizio Matos Courtesy The Artist
A Feira ARTE LISBOA, em parceria com a ARTECAPITAL.NET, oferece um ciclo de debates concentrado em algumas ideias fortes: o coleccionismo de fotografia no mercado ibérico, a mundialização das feiras de arte, as novas formas de investimentos em arte e as virtudes e limites do pós-colonialismo na arte contemporânea. Este espaço de debate e confluência de ideias tem a participação de vários agentes artísticos: coleccionadores, galeristas, críticos, curadores, directores de museus.
Painting and other stories, linha orientadora e título da secção do Project Rooms, comissáriada este ano por Paco Barragán, reúne uma série de artistas que inquirem e interrogam o próprio meio pictórico: Rui Macedo, Rodrigo Oliveira, Fabrizio Matos, Inês Botelho, e Sara & André (Portugal); Toño Barreiro, Lídia Benavides, Chus Garcia-Fraile (Espanha); Ruth Root (Estados Unidos); e Steve Schepens (Alemanha).
Representado pela MCO Arte Contemporânea (Porto), Fabrizio Matos (1975) é um dos artistas incluído este ano no Project Rooms. Nas novas pinturas (1750 a dois mil euros) desenvolvidas por Fabrizio, somos confrontados com uma abordagem documental sobre a realidade de uma forma quase cinematográfica (anotações imobilizadas no espaço pictórico sobre as múltiplas possibilidades de abordagem relacional com a realidade). Espaços territoriais que nos fazem lembrar os horizontes e ambientes nos textos de Camilo de Castelo Branco, enquanto expressa o questionamento da realidade. As obras de Fabrizio estão posicionadas na confluência da ilusão inerente na obra de Manoel de Oliveira e da existência aristocrática nos finais do século XIX. Mas inscrita num contexto latente muito particular – no diálogo contínuo entre o movimento e o tempo.
Faca Meteórica, de 2008 (11 660 euros), foi uma das peças apresentada na exposição Meteorítica (Galeria Graça Brandão, Lisboa de 19 de Setembro a 1 de Novembro). A dupla João Maria Gusmão + Pedro Paiva (representados pela Galeria Graça Brandão) obrigam-nos frequentemente a movimentar-nos por entre as suas obras como um exercício antropocêntrico. Nomeadamente nos filmes em 16mm quase-arqueológicos espalhados no espaço. Onde, como participantes-observadores, somos obrigados a vaguear por entre diversas representações do mundo natural. Alternadamente somos e estamos inseridos na imagem através da ausência da própria imagem, mas como sombras. Ao nível da fotografia, Acerca do espírito da gravidade ou As Cobras Fossilizadas, 2007 (6960 euros) remetem-nos para testemunhas físicas, manifestações da nossa contínua presença na história.
Pedro Cabral Santo (1968) é representado pela VPF Cream Art (Lisboa). Quer através de vídeo ou instalações o percurso estético do artista debruça-se sobre questões relacionadas com o ‘devir da linguagem’. Nomeadamente sobre o excesso imagético caracterizador da sociedade contemporânea, ao procurar desconstruir a persistente ausência da capacidade de juízo. Recentemente, Pedro Cabral Santo expôs no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, o vídeo The ice cream from space #2 (2004-08) e a peça Ponto Azul (2008), inserido no ciclo de exposições de arte contemporânea, ‘The Return of the Real’ (19 de Julho a 4 de Outubro) e anteriormente o CAMJAP (12 de Março a 22 de Junho) apresentou a exposição individual ‘TILT’, onde estavam reunidas algumas da mais importantes do percurso do artista.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2008 Portugal © Fabrizio Matos Courtesy The Artist
Aquisição de obras de arte é o refúgio dos investidores
Ivânia de Mendonça Gallo, directora da ARTE LISBOA, salienta o aumento de participação no certame
Do ponto de vista do investimento, quais são as características actuais do mercado internacional de arte?
O abrandamento da economia, a crise financeira ou a crescente insegurança noutros sectores que tradicionalmente captavam investimentos estão a conduzir os seus clientes e investidores a procurar outros destinos para diversificar as suas aplicações. Um desses “valores refúgio” que está a ter maior protagonismo é o da aquisição de obras de arte como investimento a médio-longo prazo.
A European Fine Art Foundation que organiza a feira The European Fine Art Fair (TEFAF), informou este ano, após a realização do evento, que as vendas praticamente duplicaram desde 2002.
Quais são as especificidades da paisagem artística nacional?
Portugal desenvolveu nos últimos anos uma paisagem artística complexa, onde não faltam instituições de formação artística de grande prestígio, uma rede bem articulada de galerias privadas e uma série de espaços públicos e privados vocacionados para a promoção e exposição de arte contemporânea nacional e internacional.
Qual é a vantagem diferenciadora da ARTE LISBOA quando comparada com outras feiras de arte contemporânea, internacionais?
A ARTE LISBOA é a única feira de arte contemporânea que se realiza em Portugal e o nosso modelo está dimensionado de acordo com o mercado nacional e muito próximo, em termos de regulamento, com as restantes feiras congéneres. Tem a particularidade de apresentar um maior número de galerias e artistas portugueses mas recebemos muitos visitantes estrangeiros, especialmente espanhóis. Somos uma feira exportadora da produção, neste caso, artística, nacional.
Está à frente da ARTE LISBOA desde 2005. Como percepciona a evolução do mercado artístico português nestes últimos anos? E de que forma a ARTE LISBOA potenciou a evolução do mercado nacional?
A ARTE LISBOA acompanha a evolução do sector, que cada vez é mais profissional, mais internacional e ambicioso. Há mais galerias portuguesas e mais centros de arte que criam oportunidades para a produção, apresentação e comercialização de obras de arte. Assistimos também a uma maior descentralização dos espaços nacionais dedicados à exposição de arte contemporânea, bem como a uma progressiva internacionalização do circuito artístico. Existem também mais coleccionadores interessados em adquirir peças de artistas contemporâneos, consagrados e emergentes e o principal objectivo da ARTE LISBOA tem sido suscitar o máximo interesse de novos compradores, de profissionais, do público em geral, de modo a que encontrem nesta feira de arte contemporânea, bem como no resto das actividades programadas para este encontro, uma excelente oportunidade para conhecer melhor a oferta da cena artística actual. Reúne as principais galerias portuguesas e tem constituído uma ocasião única para coleccionadores institucionais, privados e outros adquirirem obras de artistas com percursos consolidados e emergentes. Para os galeristas, as vantagens da sua presença na ARTE LISBOA são também evidentes, porque lhes oferece a oportunidade de impulsionar a sua actividade num evento que tem vindo a afirmar a sua qualidade e notoriedade junto dos coleccionadores e do público interessado na arte contemporânea nacional e internacional.
Para este ano, o que poderemos esperar da ARTE LISBOA?
A próxima ARTE LISBOA que iremos inaugurar no dia 19 de Novembro apresenta-se como a maior edição da sua história, com 70 galerias expositoras e numerosos eventos paralelos. Oferece um conjunto abrangente de galerias representativas da criação artística actual que se focalizam na apresentação de valores consagrados e jovens emergentes que recorrendo a suportes diversos, pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeo, manifestam incontestável criatividade e valor artístico. Posso destacar ainda a apresentação de uma área de projectos com curadoria de Paco Barragán, que inclui obras encomendadas especificamente para a feira a um grupo de artistas portugueses e internacionais.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2008 Portugal © Pedro Ramada Curto
Do ponto de vista do investimento, quais são as características actuais do mercado internacional de arte?
O abrandamento da economia, a crise financeira ou a crescente insegurança noutros sectores que tradicionalmente captavam investimentos estão a conduzir os seus clientes e investidores a procurar outros destinos para diversificar as suas aplicações. Um desses “valores refúgio” que está a ter maior protagonismo é o da aquisição de obras de arte como investimento a médio-longo prazo.
A European Fine Art Foundation que organiza a feira The European Fine Art Fair (TEFAF), informou este ano, após a realização do evento, que as vendas praticamente duplicaram desde 2002.
Quais são as especificidades da paisagem artística nacional?
Portugal desenvolveu nos últimos anos uma paisagem artística complexa, onde não faltam instituições de formação artística de grande prestígio, uma rede bem articulada de galerias privadas e uma série de espaços públicos e privados vocacionados para a promoção e exposição de arte contemporânea nacional e internacional.
Qual é a vantagem diferenciadora da ARTE LISBOA quando comparada com outras feiras de arte contemporânea, internacionais?
A ARTE LISBOA é a única feira de arte contemporânea que se realiza em Portugal e o nosso modelo está dimensionado de acordo com o mercado nacional e muito próximo, em termos de regulamento, com as restantes feiras congéneres. Tem a particularidade de apresentar um maior número de galerias e artistas portugueses mas recebemos muitos visitantes estrangeiros, especialmente espanhóis. Somos uma feira exportadora da produção, neste caso, artística, nacional.
Está à frente da ARTE LISBOA desde 2005. Como percepciona a evolução do mercado artístico português nestes últimos anos? E de que forma a ARTE LISBOA potenciou a evolução do mercado nacional?
A ARTE LISBOA acompanha a evolução do sector, que cada vez é mais profissional, mais internacional e ambicioso. Há mais galerias portuguesas e mais centros de arte que criam oportunidades para a produção, apresentação e comercialização de obras de arte. Assistimos também a uma maior descentralização dos espaços nacionais dedicados à exposição de arte contemporânea, bem como a uma progressiva internacionalização do circuito artístico. Existem também mais coleccionadores interessados em adquirir peças de artistas contemporâneos, consagrados e emergentes e o principal objectivo da ARTE LISBOA tem sido suscitar o máximo interesse de novos compradores, de profissionais, do público em geral, de modo a que encontrem nesta feira de arte contemporânea, bem como no resto das actividades programadas para este encontro, uma excelente oportunidade para conhecer melhor a oferta da cena artística actual. Reúne as principais galerias portuguesas e tem constituído uma ocasião única para coleccionadores institucionais, privados e outros adquirirem obras de artistas com percursos consolidados e emergentes. Para os galeristas, as vantagens da sua presença na ARTE LISBOA são também evidentes, porque lhes oferece a oportunidade de impulsionar a sua actividade num evento que tem vindo a afirmar a sua qualidade e notoriedade junto dos coleccionadores e do público interessado na arte contemporânea nacional e internacional.
Para este ano, o que poderemos esperar da ARTE LISBOA?
A próxima ARTE LISBOA que iremos inaugurar no dia 19 de Novembro apresenta-se como a maior edição da sua história, com 70 galerias expositoras e numerosos eventos paralelos. Oferece um conjunto abrangente de galerias representativas da criação artística actual que se focalizam na apresentação de valores consagrados e jovens emergentes que recorrendo a suportes diversos, pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeo, manifestam incontestável criatividade e valor artístico. Posso destacar ainda a apresentação de uma área de projectos com curadoria de Paco Barragán, que inclui obras encomendadas especificamente para a feira a um grupo de artistas portugueses e internacionais.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2008 Portugal © Pedro Ramada Curto
Uma feira para juntar arte e economia
ARTE LISBOA 2008 mobiliza 70 galerias de arte contemporânea com uma selecção que representa uma aposta na qualidade criativa e valor artístico em vários suportes.
A oitava edição da Feira de Arte Contemporânea ARTE LISBOA, que se realiza entre os dias 19 e 24 de Novembro, no Parque da Nações, em Lisboa, deverá oferecer um patamar que envolve outras duas estruturas sociais – arte e economia – necessárias para a regeneração do contexto cultural vigente.
Este ano, a ARTE LISBOA, que se apresenta como a maior edição de sempre, tem uma selecção que representa uma aposta na qualidade criativa e valor artístico dos artistas nacionais e internacionais, em vários suportes. À participação das 70 galerias de arte contemporânea (45 galerias nacionais e 25 estrangeiras) alia-se um movimento inédito de inaugurações simultâneas nas galerias de arte de Lisboa. Dois acontecimentos privados dirigidos essencialmente aos cidadãos nacionais. Mas qual é o papel do Estado? De que forma está representado e participa na regeneração de uma área especifica da sua cultura? Os espaços museológicos estão mais uma vez ausentes, alheios às iniciativas da sociedade civil.
Apesar de ser um mercado concentrado geograficamente nos grandes centros, Lisboa e Porto (como é habitual e ocorre na grande maioria dos outros países), este ano associam-se na feira às mais importantes galerias de arte contemporânea nacionais 5 novos espaços expositivos: Art Form, Bernardo Marques, Leonel Moura, Pente 10, e Nuno Sacramento. De Espanha apresentam-se 21 propostas, enquanto o Brasil, Moçambique, Alemanha e a Coreia estão presentes com uma galeria cada.
Relativamente a anos anteriores, a ARTE LISBOA apresenta um crescendo quer em número total de galerias participantes, quer na quantidade de países representado: o ano passado estiveram presente 47 galerias nacionais e 19 internacionais; enquanto em 2006 a feira contou com a presença de 64 galerias representativas de 6 países (47 nacionais e 17 estrangeiras). Em 2007, a feira foi visitada por 17 554 pessoas, um decréscimo em relação a 2006, o qual registou o maior número de visitantes de sempre, a feira contou com a presença de 19 283 visitantes.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2009 Portugal © Fernando Bermejo, vista de exposição Fernando Bermejo, na Galeria Del Sol ST. Art Gallery, 2008 Courtesy Arte Lisboa e Del Sol St. Art Gallery (Santander, Espanha)
A oitava edição da Feira de Arte Contemporânea ARTE LISBOA, que se realiza entre os dias 19 e 24 de Novembro, no Parque da Nações, em Lisboa, deverá oferecer um patamar que envolve outras duas estruturas sociais – arte e economia – necessárias para a regeneração do contexto cultural vigente.
Este ano, a ARTE LISBOA, que se apresenta como a maior edição de sempre, tem uma selecção que representa uma aposta na qualidade criativa e valor artístico dos artistas nacionais e internacionais, em vários suportes. À participação das 70 galerias de arte contemporânea (45 galerias nacionais e 25 estrangeiras) alia-se um movimento inédito de inaugurações simultâneas nas galerias de arte de Lisboa. Dois acontecimentos privados dirigidos essencialmente aos cidadãos nacionais. Mas qual é o papel do Estado? De que forma está representado e participa na regeneração de uma área especifica da sua cultura? Os espaços museológicos estão mais uma vez ausentes, alheios às iniciativas da sociedade civil.
Apesar de ser um mercado concentrado geograficamente nos grandes centros, Lisboa e Porto (como é habitual e ocorre na grande maioria dos outros países), este ano associam-se na feira às mais importantes galerias de arte contemporânea nacionais 5 novos espaços expositivos: Art Form, Bernardo Marques, Leonel Moura, Pente 10, e Nuno Sacramento. De Espanha apresentam-se 21 propostas, enquanto o Brasil, Moçambique, Alemanha e a Coreia estão presentes com uma galeria cada.
Relativamente a anos anteriores, a ARTE LISBOA apresenta um crescendo quer em número total de galerias participantes, quer na quantidade de países representado: o ano passado estiveram presente 47 galerias nacionais e 19 internacionais; enquanto em 2006 a feira contou com a presença de 64 galerias representativas de 6 países (47 nacionais e 17 estrangeiras). Em 2007, a feira foi visitada por 17 554 pessoas, um decréscimo em relação a 2006, o qual registou o maior número de visitantes de sempre, a feira contou com a presença de 19 283 visitantes.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2009 Portugal © Fernando Bermejo, vista de exposição Fernando Bermejo, na Galeria Del Sol ST. Art Gallery, 2008 Courtesy Arte Lisboa e Del Sol St. Art Gallery (Santander, Espanha)
Saturday, 15 November 2008
Monday, 10 November 2008
Motivado e impelido pela paixão
Coleccionadores acreditam que actual crise não será tão depressiva como no ínicio dos anos 90
Obras emblemática preservadas em colecções privadas durante algumas décadas, como Archisponge RE 11 de Yves Klein (20 milhões de euros), Abstraktes Bild (710) de Gerhard Richter (3,5 milhões de euros), Untitled (Boxer) de Jean-Michel Basquiat, Great American Nude #21 de Tom Wesselmann (4,7 milhões de euros), Half Face with Collar de Roy Lichtenstein (12 milhões de euros), e de outros artistas contemporâneos, vão estar presentes nos leilões de Inverno, em Nova Iorque. Os leilões na Sotheby’s, Christie’s International e Phillips de Pury & Company apresentam uma selecção de pinturas, esculturas, desenhos e fotografia concebidas por artistas provenientes da Ásia, América Latina, Médio Oriente, Europa e dos Estados Unidos, entre os dias 11 e 14 de Novembro. As três leiloeiras esperam alcançar um resultado mínimo de 500 milhões de euros, para as cerca de 1200 obras de arte contemporânea.
De certa forma, a própria globalização do mercado da arte permite encontrar respostas e garantias para a actual turbulência financeira dentro de si mesmo. É obvio que durante os próximos tempos vão existir muitos ajustamentos, tanto no mercado primário como no mercado secundário. Apesar de os leilões realizados nas últimas semanas apresentaram resultados muito abaixo das estimativas mínimas, este período não será tão depressivo como nos inícios dos anos 90 (época onde o mercado secundário de arte era essencialmente controlado pelos coleccionadores japoneses, enquanto hoje estes se encontram também em mercados emergentes como o Médio Oriente, a Ásia, a América Latina e a Rússia).
Relativamente ao mercado primário (galerias e feiras), este apresenta-se com melhor saúde, pois:
a) Os coleccionadores que adquirem obras nestes espaços são indivíduos interessados em arte – e o coleccionador que compra por paixão, abdica de comprar outras coisas para poder comprar arte;
b) são espaços pragmáticos para o controlo do momento de aquisição, permitem maior tempo de consideração para a compra de uma de obra de arte, por oposição ao secundário.
a) São espaços em que predominam pessoas na qual a primeira intenção é o investimento em nomes e obras já validadas pelo mercado – e no qual durante anos foram encorajados por uma motivação inflacionária artificial;
b) os leilões são ambiente em que as decisões são mais impetuosas dadas as condições próprias dos leilão, não há tempo para pensar, principalmente quando existem dois ou mais interessados.
Aparentemente ainda existe muito dinheiro para investir em arte e para a minha volúpia, as recessões económicas são difíceis para as pessoas, mas não o são para a Arte. Estes são momentos em que a excepcionalidade criativa é proporcionalmente correspondente à intensidade do abrandamento no ritmo de crescimento da actividade económica. Não que a pobreza e a privação sejam as virtudes artística, mas neste caso a especulação económica não será o único elemento para avaliar o sucesso de um artista. Esta conjuntura permite aos artistas experimentar mais do que produzir, traduzir novas experiências e sensações de uma forma estética, e o verdadeiro coleccionador começar a comprar.
Published at NS'/IN, Mercado da arte (52), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 8 de Novembro de 2008 Portugal © Yves Klein, Archisponge (RE11), 1960 Courtesy 2007 Sotheby’s
Obras emblemática preservadas em colecções privadas durante algumas décadas, como Archisponge RE 11 de Yves Klein (20 milhões de euros), Abstraktes Bild (710) de Gerhard Richter (3,5 milhões de euros), Untitled (Boxer) de Jean-Michel Basquiat, Great American Nude #21 de Tom Wesselmann (4,7 milhões de euros), Half Face with Collar de Roy Lichtenstein (12 milhões de euros), e de outros artistas contemporâneos, vão estar presentes nos leilões de Inverno, em Nova Iorque. Os leilões na Sotheby’s, Christie’s International e Phillips de Pury & Company apresentam uma selecção de pinturas, esculturas, desenhos e fotografia concebidas por artistas provenientes da Ásia, América Latina, Médio Oriente, Europa e dos Estados Unidos, entre os dias 11 e 14 de Novembro. As três leiloeiras esperam alcançar um resultado mínimo de 500 milhões de euros, para as cerca de 1200 obras de arte contemporânea.
De certa forma, a própria globalização do mercado da arte permite encontrar respostas e garantias para a actual turbulência financeira dentro de si mesmo. É obvio que durante os próximos tempos vão existir muitos ajustamentos, tanto no mercado primário como no mercado secundário. Apesar de os leilões realizados nas últimas semanas apresentaram resultados muito abaixo das estimativas mínimas, este período não será tão depressivo como nos inícios dos anos 90 (época onde o mercado secundário de arte era essencialmente controlado pelos coleccionadores japoneses, enquanto hoje estes se encontram também em mercados emergentes como o Médio Oriente, a Ásia, a América Latina e a Rússia).
Relativamente ao mercado primário (galerias e feiras), este apresenta-se com melhor saúde, pois:
a) Os coleccionadores que adquirem obras nestes espaços são indivíduos interessados em arte – e o coleccionador que compra por paixão, abdica de comprar outras coisas para poder comprar arte;
b) são espaços pragmáticos para o controlo do momento de aquisição, permitem maior tempo de consideração para a compra de uma de obra de arte, por oposição ao secundário.
a) São espaços em que predominam pessoas na qual a primeira intenção é o investimento em nomes e obras já validadas pelo mercado – e no qual durante anos foram encorajados por uma motivação inflacionária artificial;
b) os leilões são ambiente em que as decisões são mais impetuosas dadas as condições próprias dos leilão, não há tempo para pensar, principalmente quando existem dois ou mais interessados.
Aparentemente ainda existe muito dinheiro para investir em arte e para a minha volúpia, as recessões económicas são difíceis para as pessoas, mas não o são para a Arte. Estes são momentos em que a excepcionalidade criativa é proporcionalmente correspondente à intensidade do abrandamento no ritmo de crescimento da actividade económica. Não que a pobreza e a privação sejam as virtudes artística, mas neste caso a especulação económica não será o único elemento para avaliar o sucesso de um artista. Esta conjuntura permite aos artistas experimentar mais do que produzir, traduzir novas experiências e sensações de uma forma estética, e o verdadeiro coleccionador começar a comprar.
Published at NS'/IN, Mercado da arte (52), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 8 de Novembro de 2008 Portugal © Yves Klein, Archisponge (RE11), 1960 Courtesy 2007 Sotheby’s
Saturday, 1 November 2008
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