Tuesday, 18 November 2008

Discussão e arte além da Feira

Ciclo de debates e secções paralelas interrogam a própria linguagem artística

A Feira ARTE LISBOA, em parceria com a ARTECAPITAL.NET, oferece um ciclo de debates concentrado em algumas ideias fortes: o coleccionismo de fotografia no mercado ibérico, a mundialização das feiras de arte, as novas formas de investimentos em arte e as virtudes e limites do pós-colonialismo na arte contemporânea. Este espaço de debate e confluência de ideias tem a participação de vários agentes artísticos: coleccionadores, galeristas, críticos, curadores, directores de museus.

Painting and other stories, linha orientadora e título da secção do Project Rooms, comissáriada este ano por Paco Barragán, reúne uma série de artistas que inquirem e interrogam o próprio meio pictórico: Rui Macedo, Rodrigo Oliveira, Fabrizio Matos, Inês Botelho, e Sara & André (Portugal); Toño Barreiro, Lídia Benavides, Chus Garcia-Fraile (Espanha); Ruth Root (Estados Unidos); e Steve Schepens (Alemanha).

Representado pela MCO Arte Contemporânea (Porto), Fabrizio Matos (1975) é um dos artistas incluído este ano no Project Rooms. Nas novas pinturas (1750 a dois mil euros) desenvolvidas por Fabrizio, somos confrontados com uma abordagem documental sobre a realidade de uma forma quase cinematográfica (anotações imobilizadas no espaço pictórico sobre as múltiplas possibilidades de abordagem relacional com a realidade). Espaços territoriais que nos fazem lembrar os horizontes e ambientes nos textos de Camilo de Castelo Branco, enquanto expressa o questionamento da realidade. As obras de Fabrizio estão posicionadas na confluência da ilusão inerente na obra de Manoel de Oliveira e da existência aristocrática nos finais do século XIX. Mas inscrita num contexto latente muito particular – no diálogo contínuo entre o movimento e o tempo.

Faca Meteórica, de 2008 (11 660 euros), foi uma das peças apresentada na exposição Meteorítica (Galeria Graça Brandão, Lisboa de 19 de Setembro a 1 de Novembro). A dupla João Maria Gusmão + Pedro Paiva (representados pela Galeria Graça Brandão) obrigam-nos frequentemente a movimentar-nos por entre as suas obras como um exercício antropocêntrico. Nomeadamente nos filmes em 16mm quase-arqueológicos espalhados no espaço. Onde, como participantes-observadores, somos obrigados a vaguear por entre diversas representações do mundo natural. Alternadamente somos e estamos inseridos na imagem através da ausência da própria imagem, mas como sombras. Ao nível da fotografia, Acerca do espírito da gravidade ou As Cobras Fossilizadas, 2007 (6960 euros) remetem-nos para testemunhas físicas, manifestações da nossa contínua presença na história.

Pedro Cabral Santo (1968) é representado pela VPF Cream Art (Lisboa). Quer através de vídeo ou instalações o percurso estético do artista debruça-se sobre questões relacionadas com o ‘devir da linguagem’. Nomeadamente sobre o excesso imagético caracterizador da sociedade contemporânea, ao procurar desconstruir a persistente ausência da capacidade de juízo. Recentemente, Pedro Cabral Santo expôs no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, o vídeo The ice cream from space #2 (2004-08) e a peça Ponto Azul (2008), inserido no ciclo de exposições de arte contemporânea, ‘The Return of the Real’ (19 de Julho a 4 de Outubro) e anteriormente o CAMJAP (12 de Março a 22 de Junho) apresentou a exposição individual ‘TILT’, onde estavam reunidas algumas da mais importantes do percurso do artista.

Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2008 Portugal © Fabrizio Matos Courtesy The Artist

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