Monday, 10 November 2008

Motivado e impelido pela paixão

Coleccionadores acreditam que actual crise não será tão depressiva como no ínicio dos anos 90

Obras emblemática preservadas em colecções privadas durante algumas décadas, como Archisponge RE 11 de Yves Klein (20 milhões de euros), Abstraktes Bild (710) de Gerhard Richter (3,5 milhões de euros), Untitled (Boxer) de Jean-Michel Basquiat, Great American Nude #21 de Tom Wesselmann (4,7 milhões de euros), Half Face with Collar de Roy Lichtenstein (12 milhões de euros), e de outros artistas contemporâneos, vão estar presentes nos leilões de Inverno, em Nova Iorque. Os leilões na Sotheby’s, Christie’s International e Phillips de Pury & Company apresentam uma selecção de pinturas, esculturas, desenhos e fotografia concebidas por artistas provenientes da Ásia, América Latina, Médio Oriente, Europa e dos Estados Unidos, entre os dias 11 e 14 de Novembro. As três leiloeiras esperam alcançar um resultado mínimo de 500 milhões de euros, para as cerca de 1200 obras de arte contemporânea.

De certa forma, a própria globalização do mercado da arte permite encontrar respostas e garantias para a actual turbulência financeira dentro de si mesmo. É obvio que durante os próximos tempos vão existir muitos ajustamentos, tanto no mercado primário como no mercado secundário. Apesar de os leilões realizados nas últimas semanas apresentaram resultados muito abaixo das estimativas mínimas, este período não será tão depressivo como nos inícios dos anos 90 (época onde o mercado secundário de arte era essencialmente controlado pelos coleccionadores japoneses, enquanto hoje estes se encontram também em mercados emergentes como o Médio Oriente, a Ásia, a América Latina e a Rússia).

Relativamente ao mercado primário (galerias e feiras), este apresenta-se com melhor saúde, pois:

a) Os coleccionadores que adquirem obras nestes espaços são indivíduos interessados em arte – e o coleccionador que compra por paixão, abdica de comprar outras coisas para poder comprar arte;

b) são espaços pragmáticos para o controlo do momento de aquisição, permitem maior tempo de consideração para a compra de uma de obra de arte, por oposição ao secundário.

a) São espaços em que predominam pessoas na qual a primeira intenção é o investimento em nomes e obras já validadas pelo mercado – e no qual durante anos foram encorajados por uma motivação inflacionária artificial;

b) os leilões são ambiente em que as decisões são mais impetuosas dadas as condições próprias dos leilão, não há tempo para pensar, principalmente quando existem dois ou mais interessados.

Aparentemente ainda existe muito dinheiro para investir em arte e para a minha volúpia, as recessões económicas são difíceis para as pessoas, mas não o são para a Arte. Estes são momentos em que a excepcionalidade criativa é proporcionalmente correspondente à intensidade do abrandamento no ritmo de crescimento da actividade económica. Não que a pobreza e a privação sejam as virtudes artística, mas neste caso a especulação económica não será o único elemento para avaliar o sucesso de um artista. Esta conjuntura permite aos artistas experimentar mais do que produzir, traduzir novas experiências e sensações de uma forma estética, e o verdadeiro coleccionador começar a comprar.

Published at NS'/IN, Mercado da arte (52), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 8 de Novembro de 2008 Portugal © Yves Klein, Archisponge (RE11), 1960 Courtesy 2007 Sotheby’s

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