Ivânia de Mendonça Gallo, directora da ARTE LISBOA, salienta o aumento de participação no certame
Do ponto de vista do investimento, quais são as características actuais do mercado internacional de arte?
O abrandamento da economia, a crise financeira ou a crescente insegurança noutros sectores que tradicionalmente captavam investimentos estão a conduzir os seus clientes e investidores a procurar outros destinos para diversificar as suas aplicações. Um desses “valores refúgio” que está a ter maior protagonismo é o da aquisição de obras de arte como investimento a médio-longo prazo.
A European Fine Art Foundation que organiza a feira The European Fine Art Fair (TEFAF), informou este ano, após a realização do evento, que as vendas praticamente duplicaram desde 2002.
Quais são as especificidades da paisagem artística nacional?
Portugal desenvolveu nos últimos anos uma paisagem artística complexa, onde não faltam instituições de formação artística de grande prestígio, uma rede bem articulada de galerias privadas e uma série de espaços públicos e privados vocacionados para a promoção e exposição de arte contemporânea nacional e internacional.
Qual é a vantagem diferenciadora da ARTE LISBOA quando comparada com outras feiras de arte contemporânea, internacionais?
A ARTE LISBOA é a única feira de arte contemporânea que se realiza em Portugal e o nosso modelo está dimensionado de acordo com o mercado nacional e muito próximo, em termos de regulamento, com as restantes feiras congéneres. Tem a particularidade de apresentar um maior número de galerias e artistas portugueses mas recebemos muitos visitantes estrangeiros, especialmente espanhóis. Somos uma feira exportadora da produção, neste caso, artística, nacional.
Está à frente da ARTE LISBOA desde 2005. Como percepciona a evolução do mercado artístico português nestes últimos anos? E de que forma a ARTE LISBOA potenciou a evolução do mercado nacional?
A ARTE LISBOA acompanha a evolução do sector, que cada vez é mais profissional, mais internacional e ambicioso. Há mais galerias portuguesas e mais centros de arte que criam oportunidades para a produção, apresentação e comercialização de obras de arte. Assistimos também a uma maior descentralização dos espaços nacionais dedicados à exposição de arte contemporânea, bem como a uma progressiva internacionalização do circuito artístico. Existem também mais coleccionadores interessados em adquirir peças de artistas contemporâneos, consagrados e emergentes e o principal objectivo da ARTE LISBOA tem sido suscitar o máximo interesse de novos compradores, de profissionais, do público em geral, de modo a que encontrem nesta feira de arte contemporânea, bem como no resto das actividades programadas para este encontro, uma excelente oportunidade para conhecer melhor a oferta da cena artística actual. Reúne as principais galerias portuguesas e tem constituído uma ocasião única para coleccionadores institucionais, privados e outros adquirirem obras de artistas com percursos consolidados e emergentes. Para os galeristas, as vantagens da sua presença na ARTE LISBOA são também evidentes, porque lhes oferece a oportunidade de impulsionar a sua actividade num evento que tem vindo a afirmar a sua qualidade e notoriedade junto dos coleccionadores e do público interessado na arte contemporânea nacional e internacional.
Para este ano, o que poderemos esperar da ARTE LISBOA?
A próxima ARTE LISBOA que iremos inaugurar no dia 19 de Novembro apresenta-se como a maior edição da sua história, com 70 galerias expositoras e numerosos eventos paralelos. Oferece um conjunto abrangente de galerias representativas da criação artística actual que se focalizam na apresentação de valores consagrados e jovens emergentes que recorrendo a suportes diversos, pintura, escultura, instalação, fotografia, vídeo, manifestam incontestável criatividade e valor artístico. Posso destacar ainda a apresentação de uma área de projectos com curadoria de Paco Barragán, que inclui obras encomendadas especificamente para a feira a um grupo de artistas portugueses e internacionais.
Published at NS'/IN, Destaque (51-54), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 15 de Novembro de 2008 Portugal © Pedro Ramada Curto
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