Monday, 11 May 2009

A coluna vertebral da sociedade

Jimena Blázquez apresenta a Fundación Montenmedio Arte Contemporânea, de Cádis.

«A fundação é principalmente privada», diz Jimena Blázquez, directora da Fundación NMAC (Cádiz, Espanha). Criada em 2001, a Fundación Montenmedio Arte Contemporánea «é uma iniciativa privada. Os fundos são essencialmente privados. Com os anos, estamos a chegar a um equilíbrio entre fundos privados e fundos públicos.» Entre os patrocinadores actuais contam-se entidades como a Diputación de Cádiz, a Junta da Andaluzia, o Ministério da Cultura (Espanha) e a Comissão Europeia.

Situada na província de Cádis, a fundação habita um lugar onde se cruza o Sul da Europa com o Norte de África; onde se testemunha a chegada de emigrantes, o cruzar de civilizações (europeia e africana), de religiões. Inserido neste tecido «seria interessante que os artistas viessem para reflectir sobre o contexto onde estamos, e, por sua vez, oferecer a oportunidade de apresentar um projecto diferente, sem limites», esclarece Jimena Blázquez.

O que caracteriza esta fundação é ter sempre trabalhado em projectos específicos. Nunca comprou a uma galeria ou atelier obras de um artista para as inserir no espaço. Este posicionamento é explicado pela mentora do projecto: «Antes de convidar um artista, analisamos a sua obra, em que momento está, o que já fez (inclusivamente artistas com um currículo pequeno). Depois pensamos em como é que podemos ajudar o artista e, conjuntamente, o que é que ele pode transportar consigo para a fundação.»

Por exemplo, o problema da imigração na zona é tão forte e importante que não se pode passar «sem o ver» ou ser afectado por ele. O convite a artistas como Adel Abdessemed, Santiago Sierra, Pilar Albarracín ou Gregor Schneider foi feito em virtude do seu interesse por este género de contextos políticos num momento da sua carreira em que eram menos conhecidos. A artista Joana Vasconcelos é outro dos paradigmas desenvolvidos pela fundação, mas num outro sentido.

Essencialmente, o que a Fundación NMAC procura para as obras que apresenta é, de acordo com a sua directora, «que exista um vínculo com o contexto em que estão, que a obra seja uma intensidade e uma ligação com o seu envolvente, que seja inseparável do contexto onde se encontra. Mais do que a arte, a cultura é a coluna vertebral de qualquer sociedade que seja de livre pensamento», afirma Jimena Blázquez.

Published at NS'174/IN#070, Mercado da Arte (71), (Diário de Notícias N.º 51168 e Jornal de Notícias N.º 342/121), 9 de Maio de 2009, Portugal. Joana Vasconcelos, Ópio, 2003. Foto: G. Hermans, Courtesy Fundación NMAC

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