Este mês vai discutir-se em Lisboa a hipótese de colocar a cidade como «plataforma transcultural para o século XXI».
TEXTO:
Dizer que a economia é performativa é argumentar que faz coisas ao invés de unicamente descrever uma realidade externa que não é por si afectada. É neste contexto de economia performativa que se enquadram os conceitos de indústrias criativas e culturais. No caso das indústrias criativas, reporta-se àqueles produtos e serviços que contêm um elemento substancial de empreendedorismo artístico ou criativo, o qual inclui actividades como arquitectura, publicidade ou vídeo jogos, por exemplo. O conceito de indústrias culturais refere-se às indústrias que combinam a criação, produção e comercialização de conteúdos criativos, por natureza intangíveis e culturais.
As indústrias criativas estão assentes em indivíduos com talento criativo e estão aliadas a gestores de recursos económicos e tecnológicos enquanto geram produtos de consumo cujo valor económico assenta nas suas propriedades «culturais» ou «intelectuais», expressas por vários sentidos - estético, espiritual, social, histórico, simbólico e de autenticidade.
Na sociedade contemporânea, as indústrias criativas têm vindo a ser crescentemente utilizadas como elemento transformador e regenerador de crescimento económico local, enquadradas por um conhecimento internacional, mas de impacto globalizante. De acordo com dados apresentados pela ONU em 2008, as indústrias criativas representaram em 2003 um volume de negócios de 654 mil milhões de euros só na União Europeia (correspondente a 4,7 milhões de empregos e 0,70% do PIB), enquanto contribuíram com um valor superior a sete por cento da produção mundial. Em 2003, este sector contribuiu em 1,2% para o PIB nacional, correspondendo a mais de seis mil milhões de euros. Esta variável contribui para a competitividade e projecção do território que abarca, ao funcionar simultaneamente como motor de revitalização e desenvolvimento de áreas menos favorecidas de uma cidade.
Na Culturgest, em Lisboa, decorre um encontro onde se apresenta a hipótese de posicionar esta cidade como «plataforma transcultural para o século XXI». Este é um espaço de discussão onde se procura compreender e contribuir para o debate sobre esta área de dinamização económico-cultural na sociedade contemporânea e definir «o que são as indústrias criativas portuguesas». O problema é que, apesar de todos dizerem grandes coisas sobre arte, poucos são os que lhe dão apoio económico, e, quando dão, é na forma de esmola.
Published at NS'175/IN#071, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51175 e Jornal de Notícias N.º 349/121), 16 de Maio de 2009, Portugal.
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