Friday, 30 April 2010

newsfromlisbon201004


In «Show Titles (Audio)» titles are available for use by any artist, curator or institution, providing it is respectively identified and credited as a piece by Stefan Brüggemann.

[...]
47 Elsewhere
48 Ontology and Enunciation
49 One Hundred Teenage Dutch Girls
50 Only Dead Painters
51 Poor But Happy
52 Stolen Thoughts
53 Serious Proposal
54 Desperate
55 Anorak
56 Already Made
57 More or Less
58 Big Ones and Little Ones
59 Next Piece
60 Did It Again
61 And For Another Thing
62 And So On and So Forth
63 Black Mark
64 Put Up and Shut Up
65 Art In The Age of Extinction
66 Art About People and The Things They Do and Stuff
[...]

Thursday, 29 April 2010

newsfromalpiarca201004


history as a continuous, typically chronological, record of a particular trend or institution is always in a perpetual reconstruction mode

Tuesday, 27 April 2010

Imagens de espaços originais

Em vez de registar o representado no domínio público, Manuela Marques desviou o seu olhar para os domínios privados e apresenta um conjunto de fotografias – com valores entre 4250 e cinco mil euros – sobre a localidade portuária Le Havre, situada no estuário do rio Sena, em França. A cidade foi inscrita como património da UNESCO em 2005. As imagens apresentam tempos interpretativos da reconstrução arquitectónica de um espaço destruído durante a Segunda Grande Guerra e a urbanização característica do pós-guerra. Em oposição às imagens ruidosas das fachadas de edifícios, das praças ou dos monumentos, as fotografias captadas por Manuela Marques são registos onde o silêncio predomina.

O terceiro mercado mais importante na América Latina
A feira de arte de São Paulo, SP-Arte, é considerada actualmente a terceira mais importantes feira de arte da América Latina. A Zona Maço (Cidade do México, México) e a ArteBA (Buenos Aires, Argentina) são as outras duas feiras. A SP-Arte apresenta este ano um conjunto de oitenta galerias de arte moderna e contemporânea oriundas da Argentina, Uruguai, México, Espanha, Franca, Reino Unido e do Brasil, galerias como Fernando Padrilha e Horrach Moya, de Espanha, ou Stephen Friedman Gallery, dos EUA. Apesar do elevado valor alfandegário pago para importar obras de arte para o Brasil, este país apresenta algumas das mais interessantes colecções privadas de arte, como Gilberto Chateaubriand ou Bernardo Paz, ou coleccionadores institucionais como o Banco Espírito Santo, de Portugal. São esperados cerca de 15 mil visitantes na sexta edição da SP-Arte.

Published at NS'224/IN#120, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51516 e Jornal de Notícias N.º 327/122), 25 de Abril de 2010, Portugal. Manuela Marques, Untitled 10, 2009. Courtesy Caroline Pagès Gallery, Lisboa; Jarbas Lopes, Courtesy A Gentil Carioca, Rio De Janeiro

Monday, 26 April 2010

O piquenique de Múrcia

Cristina Lucas transformou uma refeição num diálogo sobre a arte e a sociedade.

Inscrita no projecto Dominó Canibal [NS’ 222], a artista Cristina Lucas estruturou e criou um diálogo entre os vários intervenientes, com a forma de um piquenique, no Jardim del Malecón, no centro da cidade de Múrcia (Espanha). A intervenção da artista trouxe para o mesmo espaço o discurso técnico dos artistas participantes, do curador e de quem organiza, dos críticos e dos jornalistas, do público especializado e do público em geral. Mas o mais importante é a aproximação entre as diferentes áreas sociais, onde os vários intervenientes tomam parte de uma conversa de forma a explorar um determinado assunto, com o respeito devido entre cada uma das partes.

Num banquete existe um diálogo entre os vários intervenientes num qualquer espaço delimitado por fronteiras imaginárias – seja no saborear da comida confeccionada, no apreciar do vinho ou entre as pessoas sentadas à mesa. Uma refeição não é um monólogo; a refeição serviu para a artista questionar directamente os jornalistas e críticos presentes sobre «o que fazem quando não percebem uma obra de arte». Conforme expressa Cristina Lucas, «se um jornalista tem o direito de me questionar sobre a minha obra, sobre o que faço, isso dá-me o direito de também lhe fazer uma questão, sobre a sua profissão de jornalistas ou crítico de arte».

O segundo aspecto na intervenção de Cristina Lucas debruça-se sobre o espaço de exposição – a Sala Verónicas é uma igreja conventual de estilo barroco do século XVIII, nomeadamente sobre os conceitos católicos aplicados à arte conceptual. Sobre a bienal o curador referiu que este evento «traz para dentro dos limites institucionalizados por assuntos simbólicos e de disciplina, tudo o que deve de ficar de fora, tudo o que está nos domínios do inútil e não deve de ser incluído».

Uma outra leitura na intervenção de Lucas no evento Dominó Canibal está relacionada com um dos princípios do próprio projecto. Por ser uma plataforma para sobreposições e descontinuidades «com algumas complexidades, pois dadas as circunstâncias tinha de “comer” Jimmie Durham, a intervenção foi um extenso processo onde tudo foi transformado e reutilizado», esclarece a artista.

No decorrer de todo o processo de «canibalização» a sua intervenção da artista foi gravada. Neste acto de registo documental da acção, «a obra passa de objecto registado para o registo da concepção do objecto. Os vídeos transpõem os limites físicos ditados pelos objectos em si. Mas também estão disponíveis para ser transformados». Assim, «seja qual for o esquema apresentado e sejam quais forem as questões de direito de autor ou de propriedade intelectual, as obras de arte ficam ao serviço dos que vêm a seguir».

Por outras palavras, «os restos dos objectos são utilizados – a economia do inútil – pelos artistas para fazer readymade, como são também utilizados pelas pessoas no seu quotidiano para satisfazer necessidades básicas». Por exemplo, os bidões transformados em grelhadores, os pneus em baloiços, ou os cartazes em legendas informativas.

No final de qualquer banquete, o que fica são os restos, os excedentes reutilizados de uma actividade, e «ao dar-lhe um sentido, o ter que os usar – por isso o barbecue realizado no parque público no cento da cidade durante a apresentação do projecto –, está-se a fazer útil a obra de arte, ou seja, está-se a dessacralizar a obra de Jimmie Durham. O retorno ao espaço de exposição, a Via Sacra para a Sala Verónicas, transforma as peças em obras de arte, e aqui entramos no processo de sacralização», clarifica a artista.

Published at NS'224/IN#120, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51516 e Jornal de Notícias N.º 327/122), 25 de Abril de 2010, Portugal. Cristina Lucas, Dominó Canibal (VI. Sacrificar / To Sacrifice: happening of press-conference lunch, using the grills and chairs with journalist and critics, and artist and curator answering questions on the condition of making questions in turn), 2010. Courtesy PAC – Proyecto de Arte Contemporánea

newsfromsmagos201004


The Gregorian calendar is the calendar introduced in 1582 by Pope Gregory XIII, as a modification of the Julian calendar.

It brought the calendar back into line with the solar year. 10 days were suppressed, and centenary years were made leap years only if they were divisible by 400. England did not adopt the reformed calendar until 1752, by which 11 days had to be suppressed. At the same time, New Year's Day was changed from March 25 to January 1, and dates using the new calendar were designated 'New Style'.

Meaning this, that April 25th will only exist as long as the Gregorian calendar exists. Which is popular knowledge.

Sunday, 25 April 2010

newsfromsmagos201004


«Becoming-minor is a phase of deterritorialization. It is an ethical action, one of the many becomings one can expect to be affected by. Each type of affective becoming marks a new phase of deterritorialization».

Saturday, 24 April 2010

newsfromsmagos201004


«Relative deterritorialization is always accompanied by reterritorialization, while absolute deterritorialization is more alike to the construction of a "plane of immanence", akin to Spinoza's ontological constitution of the world».

Friday, 23 April 2010

newsfromlisbon201004


Representational thought is analogical : dogs, monkeys, eagles and any other imaginary self-resemblance being the basis of identity and individuality.

Isabelle Faria
> €2000
< €9000

Thursday, 22 April 2010

newsfromsmagos201004


«Deterritorialization may mean to take the control and order away from a land or place (territory) that is already established. It is to undo what has been done. Reterritorialization usually follows.»

Wednesday, 21 April 2010

Tuesday, 20 April 2010

México contemporâneo

Mais de nove dezenas de galerias estão reunidas na cidade do México para a sétima edição da ZonaMaco México Arte Contemporâneo. A Graça Brandão (Lisboa e Porto), inserida no programa principal da feira, e Cristina Guerra (Lisboa), em representação do artista angolano Yonamine – convidado pelo curador brasileiro Adriano Pedrosa para integrara a proposta ZonaMaco SUR (composta pela apresentação de artistas do hemisfério sul) –, são as duas galerias de arte nacionais presentes nesta reunião do mundo da arte. Alem destas e das representantes locais, como a Kurimanzutto, OMR ou Proyectos Monclova, estão também presentes galerias oriundas dos grandes centros mundiais, como a Alexander and Bonin (Nova Iorque, EUA), Barbara Thumm (Berlim, Alemanha), Sadie Coles (Londres, UK), ou dos mercados emergentes, como as galerias Nara Roesler e a Vermelho (São Paulo, Brasil), A Gentil Carioca (Rio de Janeiro, Brasil), ou o espaço Revolver (Peru).

A ZONAMACO é considerada uma das mais importantes feiras de arte da América Latina. Com um programa apresentado em conjunto com várias instituições locais, o Museu de Arte Moderna e a Fundación/Colección Jumex, a ZonaMaco espera receber mais de 25 mil visitantes durante estes quatro dias.

Colónia e Bruxelas
Durante os próximos dias realizam-se as feiras de arte contemporânea de Colónia (21 a 25 de Abril) e Bruxelas (23 a 26 de Abril), na Alemanha e na Bélgica, respectivamente.
A terceira edição da feira de Colónia, organizada pelo antigo galerista de Los Angeles (EUA) Daniel Hug, apresenta 222 expositores, dos quais 180 são galerias de arte moderna, do pós-guerra e contemporânea, originárias de 22 países. Dados referentes a 2009 registam 56 500 visitantes. A feira de Bruxelas, com 174 stands originários de 24 países, está incluída a galeria Filomena Soares, de Lisboa, espera a visita de mais de trinta mil coleccionadores, críticos, jornalistas e entusiastas da arte de várias partes do mundo.

Published at NS'223/IN#119, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51509 e Jornal de Notícias N.º 320/122), 17 de Abril de 2010, Portugal. Vista da Zona Maco 2009 Courtesy Zona Maco; Vasco Araújo, All that Falls, 2009 Courtesy Galeria Filomena Soares

Monday, 19 April 2010

Artes e desenvolvimento económico

As autarquias têm apostado no desenvolvimento de actividades artísticas, de forma a criar um produto turístico cultural diferenciado.

Portugal sofre de um problema de dívida tanto pública como do sector privado. Uma forma encontrada para solucionar esta situação tem sido a aposta no desenvolvimento e na implementação de actividades e acções de índole cultural e artística, de forma a criar um produto turístico cultural diferenciado, de cariz singular. A concepção de manifestações culturais diversificadas que atraem as massas é uma das ferramentas utilizadas pelo sector público, sejam esses eventos de projecção internacional, como a Capital Europeia da Cultura, ou nacionais, como os festivais organizados pelas autarquias.

Neste contexto, Óbidos «escolheu a criatividade como motor da sua estratégia de desenvolvimento», segundo a coordenadora das galerias do concelho, Ana Calçada. «O município tem investido de forma significativa na sua estratégia, com medidas e acções concretas», ao envolver «o melhor do capital humano e intelectual, criando programas que se prolongam no futuro. Há um esforço de competitividade territorial que ultrapassa em muito o investimento nacional no concelho», acrescenta.

Aquela responsável diz que «Óbidos decidiu integrar as artes com o seu espaço construído ao apostar na inovação, numa fusão em que a história e a produção criativa estão em estreita relação com múltiplas competências». Só em 2009, os «visitantes controlados apenas nos espaços fechado, foram 19 mil». Não estão incluídos os visitantes de eventos organizados pela autarquia, como o festival Junho das Arte ou o Festival Internacional de Chocolate, por exemplo, que ocupa a totalidade da localidade e atraiu este ano cerca de duzentos mil visitantes. A Câmara de Óbidos tem atribuído à cultural 14 por cento do orçamento global anual (cerca de quarenta milhões de euros).

A terceira edição do Junho das Arte, sob o tema «Arte Pública – Arte entre Muralhas», procura continuar a integração das artes num espaço histórico – as candidaturas para os Project Rooms estão abertas até dia 30 deste mês. O evento realiza-se entre 5 e 27 de Junho próximo. A comissão de selecção é constituída por Filipa Oliveira (comissária convidada), Ana Calçada e Miguel Silvestre (em representação do autarquia). Nas edições anteriores os comissários convidados foram Paulo Reis, em 2008, e Luís Serpa, em 2009.

Published at NS'223/IN#119, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51509 e Jornal de Notícias N.º 320/122), 17 de Abril de 2010, Portugal. Vista da exposição Theatron de Pedro Valdez Cardoso, na galeria Nova Ógiva. Courtesy Câmara Municipal de Óbidos

Friday, 16 April 2010

Thursday, 15 April 2010

newsfromlisbon201004


from a public square view a republic or a monarchy are forms of government that became a source of authority, influence, or support, esp. in politics or negotiations in a perpetual renovation

Tuesday, 13 April 2010

Canibalismo cultural de Cristina Lucas

Dominó Canibal é o título atribuído pelo curador mexicano Cuauhtémoc Medina ao projecto de arte contemporânea, em Múrcia (Espanha), no qual a distribuição dos artistas ao longo do ano pretende criar momentos de canibalização estética. Assim, o segundo artista a participar na bienal Proyecto de Arte Contemporánea, Cristina Lucas – depois de Jimmie Durham e antes de Bruce High Quality Foundation –, realizou no passado dia 23 de Março um happening, em que a artista utilizou os elementos recolhidos por Durham para conceber um churrasco. No seu corpo de trabalho, principalmente em vídeo e fotografia, Cristina Lucas (n. 1973) apresenta continuamente uma intervenção estética exercida na apropriação sarcástica de «imagens» de uma variedade de ídolos e estereótipos intelectuais, institucionais e iconográficos, como, por exemplo, as desigualdades sociais em Tú También Puedes Caminar (2006). A transgressão neste novo momento acontece com a passagem de uma suposta disposição exposicional de readymade, concebida anteriormente por Durham, num espaço institucionalizado de poder, para a criação de um evento “relacional” (no seguimento do que é defendido pelo crítico e curador francês Nicolas Bourriaud no livro «Estética Relacional») num espaço externo, nos públicos Jardines del Malecón. O resultado deste «canibalismo cultural» foi gravado e integra a peça de Lucas actualmente em exposição na Sala da Igreja de Verónicas.

Uma pesquisa sobre a memória do espaço
O quarto programa de exposição do espaço Carpe Diem Arte e Pesquisa apresenta os trabalhos Double Lecture de Ângela Ferreira (n. 1958), Abro a Janela e Respiro o Ar Fresco do Fim do Mundo de Álvaro Negro (n. 1973, Espanha), a instalação Invasive Species de Catarina Leitão (n. 1970), o filme e as fotografias A Memória da Memória, de Daniel Blaufuks (n. 1963), e Monólogo Jardim, Palácio Polifonia, um conjunto de trabalhos de Javier Peñafiel (n. 1964, Espanha). A exposição inaugurou no dia 26 de Março, e está patente até ao dia 29 de Maio no antigo Palácio do Marquês de Pombal, em Lisboa.

Published at NS'222/IN#118, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51502 e Jornal de Notícias N.º 313/122), 10 de Abril de 2010, Portugal. Cristina Lucas, Tú También Puedes Caminar, 2006 Courtesy Fundación NMAC Foto: C.L.; Daniel Blaufuks, A Memória da Memória, 2010 Courtesy the artist

Monday, 12 April 2010

A conservação do discurso oficial

Seja o Sudário de Turim uma peça com mais de dois mil anos ou uma falsificação da Idade Média, para milhões de pessoas esta é oficialmente considerada a mortalha fúnebre de Cristo.

Em 2002, o Sudário de Turim foi submetido a uma intervenção radical destinada a garantir a conservação da relíquia. No entanto, e por oposição às actuais percepções de conservação e aos modelos condutores das práticas de restauro defendidos pelos principais organismos internacionais de conservação e restauro, receia-se que o impacto negativo da intervenção seja muito mais substancial do que o da premissa que levou àquele diagnóstico.

Esta intervenção consistiu essencialmente na remoção de pequenos pedaços de material orgânico, aplicados em 1534, para emendar zonas danificadas por um incêndio. Foram aspiradas grandes porções de áreas do sudário para retirar poeiras e outros resíduos. Realizaram-se ainda outras medidas correctivas necessárias para melhorar a aparência visual da relíquia.

Seja o sudário uma peça com mais de dois mil anos ou uma falsificação da Idade Média (séculos XII-XIII) com menos de mil, para milhões de pessoas – também em Portugal – esta é oficialmente considerada a mortalha fúnebre de Cristo. Mas o certo é que o objecto é uma evidência histórica, um artefacto arqueológico de interesse científico devido à origem, ainda por explicar, da impressão de uma imagem – os vestígios de um homem – que tanto é tridimensional como um negativo fotográfico, numa matéria orgânica.

A antítese da função de produção em massa sobre a sua autenticidade – neste caso do Sudário de Turim – consiste no isolamento de um objecto e na sua posterior colocação fora dos limites aceitáveis institucionalmente, por quem tem autoridade para definir esses limites numa comunidade global, enquanto apresenta uma impressão de solidez (actualmente visual) no discurso oficial da edificação e aceitação dos novos limites como já existentes.

O estratagema de um bom plano de marketing, principalmente numa sociedade construída sob uma premissa católica, consiste em criar a ilusão de escassez, ao jogar com a obscura nostalgia de privação, enquanto nega a existência de quantidade. Esta função parece justificar a precariedade que afecta toda a paisagem cultural contemporânea, ou seja, no processo de desordenação que distingue a nossa época.

Published at NS'222/IN#118, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51502 e Jornal de Notícias N.º 313/122), 10 de Abril de 2010, Portugal. Imagem frontal do Sudário de Turim como foi fotografado em 1898 Courtesy : Aldo Guerreshic (todos os direitos reservados

Friday, 9 April 2010

Lisbon’s “sleeping beauty” awakens

Isabel Carlos, the new director of the Centro de Arte Moderna, on revitalising the Gulbenkian’s modern art museum

Isabel Carlos, the new director of the Centro de Arte Moderna (CAM) in Lisbon, compares the Calouste Gulbenkian Foundation’s modern art museum to a “sleeping beauty”. Carlos, only the third director of CAM since it opened in 1983, talked to
The Art Newspaper about her plans to reinvigorate the museum. Her inaugural show is “Jane and Louise Wilson: Suspending Time”, until 18 April.

The Gulbenkian Foundation’s modern art collection includes many works by British artists ranging from Henry Moore and Peter Blake to Gilbert and George alongside their Portuguese contemporaries. There is also a small collection of work by artists of Armenian origin, including Arshile Gorky. This reflects the life story of Calouste Gulbenkian, the Armenian businessman and philanthropist who bequeathed his fortune to the Anglo-Portuguese foundation.

This year Carlos is a member of the Tate’s Turner Prize jury. She was artistic director of the 2004 Sydney Biennial and curated the Portuguese pavilion at the 2005 Venice Biennale. Carlos also co-founded Lisbon’s Instituto de Arte Contemporânea and was its deputy director from 1996 until 2001.


The Art Newspaper: CAM was Portugal’s first museum of modern and contemporary, but it has been rather overshadowed by newer museums.
Isabel Carlos
: Thankfully it lost visibility [because] we have more museums in Portugal working with contemporary art. I would like CAM to be a reference to something that these museums don’t do, which is show art from the early 20th century. We have the best collection of art until the 1950s. On the other hand, it must be an active space in terms of showing contemporary artists who work with major issues.

TAN: Is that why you wanted to work with the Wilson twins?
IC
: The reason we started with Jane and Louise Wilson was precisely because it is embedded in CAM’s identity and its special relationship with the UK. We have here a British art collection that is a treasure. The Wilsons were a good reason to look again at the works we already have.
Their work is about ideas of abstraction and human figuration. With these two ideas we chose works to create “Abstraction and the Human Figure in CAM’s British Art Collection" [Until 18 April].

TAN: In what other ways do you plan to draw upon the collection?
IC
: The permanent collection is important as CAM has an educational duty. It is important to show works from the collection for a long period so that schools throughout the year can work with the multiple ideas that derive of art of the 20th century, particularly in Portugal. The proposed programme is designed so that when walking through CAM visitors can always see an Amadeu de Sousa Cardoso or a Paula Rego: the biggest names in 20th-century Portuguese art.
Essentially, I want a balance between international and Portuguese art, whether it is in the collection or in a temporary exhibition. The Ana Vidigal retrospective [later this year] is an example of that line of planning.

TAN: How do you want to CAM be a more “active space”?
IC
: Because of its scale, it allows artists to experiment. It can have an almost laboratory side. It is no coincidence that this exhibition by the Wilsons has five new sculptures that were created specifically for this space, and which were produced by Calouste Gulbenkian Foundation’s technicians. This is a real asset.
CAM will never be a MoMA, or a Tate, but it can be a contemporary art museum that allows contemporary artists to research, and to create experimental exhibitions. These are not Jane and Louise Wilson's first sculptures, but it is something that they haven’t explored much, and this exhibition has allowed them to deepen that aspect of their work.

TAN: Do you want to support Portuguese artists in the same way?
IC
: In their case, there is another strand of the programme. The centre should be a space for Portuguese artists to mount their first retrospectives. I’m thinking of mature artists. Today we have a lot of spaces for young artists, and we have museums that organise retrospectives for artists who are 60 or 70 years old. What is missing are mid-career retrospectives for 40- to 50-years-old artists not yet fully established. Because of its size, CAM is the perfect place to do such shows. Of course, the centre should also allow more senior Portuguese artists, such as Ana Vieira or Carlos Nogueira, to show their work.

TAN: Do you intend to work in partnership with other institutions and spaces?
IC
: The Jane and Louise Wilson exhibition will go to the Centro Galego de Arte Contemporánea in Santiago de Compostela. I’m interested in collaborations and partnerships. In our first year, I am happy to have an exhibition produced here travelling to another international museum right next door in Spain. Next we will receive an exhibition by the Galician artist Jorge Barbie, produced by Marco [Museo de Arte Contemporáneo], Vigo, also in Spain. Following this, our Vasco Araújo and Javier Téllez exhibition will go to Marco. Merely importing exhibitions is something that can happen, but it’s not something that I would prioritise.

Because our collection begins in 1913, we are constantly lending works. Soon we will lend a series of works to a retrospective of [Madeira-born artist] Lourdes Castro at the Serralves Museum [in Porto]. We are also lending to museums abroad.

Another program that I want to start in 2011 will be called “Arte Itinerante”, taking the idea from the Gulbenkian’s old “Bibliotecas Itinerantes” [mobile libraries]. Instead of books, there will be works of art. Or rather, a programme of exhibitions with works from our collection shown in several places across Portugal.

Building the Centro de Arte Moderna (CAM) in the park that surrounds the Museu Calouste Gulbenkian along with the Gulbenkian foundation's concert hall and offices was controversial, leading to a debate in the press and parliament in the early 1980s. British architect Leslie Martin designed CAM in a brutalist style, but the building partially succeeds in blending with its surrounding thanks to its roof gardens, low profile and well tended soft landscaping. CAM has promoted dance, poetry and music as well as visual art, and overlooks a concert bowl used for jazz. However, it has tended to play second fiddle to the Museu Calouste Gulbenkian, which opened in 1969 and contains the oil tycoon's eclectic collection of art, archaeology and jewellery.

Published at Museum (18), The Art Newspaper - International edition Vol. XVIII No. 211, March 2010. Jane and Louise Wilson, Songs for My Mother (video still), 2009 Courtesy : Centro de Arte Moderna/Fundação Calouste Gulbenkian, Lisbon

Tuesday, 6 April 2010

Vendas sólidas em Maastricht

A feira de arte TEFAF Maastricht é frequentemente descrita como «um museu onde tudo está à venda e onde os comerciantes, em exposição, apreciam o facto de a feira ser levada a sério pelos museus de todo o mundo».

Além dos 171 aviões privados que aterraram no aeroporto de Maastricht/Aachen (82 jactos privados só no primeiro dia) durante o decorrer da feira, mais de 150 representantes de museus de 17 países, como foi o caso do National Gallery of Art de Washington DC (EUA), a visitar a feira.

Na secção de arte moderna e contemporânea a galeria Hauser & Wirth (com espaços em Zurique, Londres e Nova Iorque) vendeu uma pintura (Sem Título, 1960), de Eva Hesse, por €550 mil, enquanto a Gallery Thomas (Munique), vendeu um guache (Walking Couple, 1916) de Wassily Kandinsky (1866-1944), avaliado em cerca de €400 mil.

A nível das antiguidades, o comerciante Rupert Wave (Londres), vendeu uma máscara em madeira de uma múmia egípcia (1069-715 a.C.), com o preço de €150 mil, a um coleccionador privado.

De acordo com informações facilitadas pela organização da feira, «as vendas foram fortes, em particular as obras novas no mercado.»

Os diferentes espaços Schengen
A globalização gerou uma cultural acessível a todos. Na Europa, o espaço Schengen representa um território no qual a livre circulação das pessoas garante o acesso a esse sonho modernista de uma humanidade única. Mas, afinal, porque é que a diversidade cultural deve ser preferível à partilha de uma única cultura, comum a todas as pessoas? As imagens fotográficas de Délio Jasse (com preços aproximadamente de mil euros, por cada peça) reflectem as raízes do passado colonial português e as delimitação das exclusões internas e das inclusões externas que estão reflectidas. Questionam a autoridade policial e judicial que garante a segurança no espaço Schengen, mas também a diversidade cultural nacional.

Published at NS'221/IN#117, Mercado da Arte (68), (Diário de Notícias N.º 51495 e Jornal de Notícias N.º 306/122), 3 de Abril de 2010, Portugal. TEFAF Maastricht 2010, Foto: Bastiaan van Musscher; Délio Jasse, Voo Luanda-Lisboa (emulsão fotográfica sobre papel fabiano, 200x140cm), 2010. Courtesy Galeria Baginski

Monday, 5 April 2010

A contínua reformulação do mercado

O último relatório apresentado pela agência de informação francesa Artprice veio provar que o mercado teve uma maior capacidade de adaptação e recuperação agora do que durante a crise de 1991.

Os dados referentes ao primeiro semestre de 2010 e ao ano de 2009 vêm confirmar que este é ainda um tempo de contínua reformulação para o mercado da arte. Os leilões vão continuar a apresentar menos lotes quando comparados com o período anterior a Setembro de 2008, e muitas vendas vão realizar-se a nível privado.

Como é expresso por alguns coleccionadores privados, hoje os leilões são os lugares privilegiados para adquirir obras de arte contemporânea, pois muitos valores apresentados em leilão são menores do que os praticados ainda por algumas galerias nacionais que, por razões de posicionamento no mercado, dificilmente podem alterar os valores anteriormente praticados.

Por exemplo, se entre 2002 e 2008 o maior volume de vendas em leilões era obtido por artistas contemporâneos, como Andy Warhol, Gerhard Richter, Jean-Michel Basquiat ou Damien Hist, em 2009 estes foram substituídos por Pablo Picasso (1881-1973), Qi Baishi (1864-1957) ou Raphael (1483-1520) como os artistas com maior procura.

Ao longo de 2009, pelo menos 50% de todas as vendas realizadas no mercado da arte global efectuaram-se na Europa, enquanto 55% de todas as vendas globais foram geradas por comerciantes, como galeristas ou leiloeiras.

O último relatório apresentado pela agência de informação francesa Artprice sobre as tendências do mercado artístico durante 2009 veio provar que o mercado teve maior capacidade de adaptação e recuperação agora do que durante a crise de 1991. Enquanto o relatório apresentado pela feira TEFAF Maastricht sobre o mercado da arte, em 2009, estima uma circulação de capitais na ordem dos 31,3 mil milhões de euros, quando, em 2007, foi estimado em cerca de 48,1 mil milhões de euros.

Depois dos anos de euforia e de preços inflacionados para além do razoável, as principais casas leiloeiras fizeram concessões consideráveis para evitar o congelamento completo do mercado: redução de pessoal; das reestruturações internas e confluência de alguns departamentos; vendas temáticas; a redução do preço de reserva e a garantia de preço (preço combinado entre a leiloeira e o vendedor antes do leilão); revisão das estimativas; redução do número de catálogos e de densidade (menos lotes oferecidos), etc.

Quanto ao mercado das feiras, assistiu-se simultaneamente a uma fragmentação local e especialização das ofertas, como foi o caso das recentes feiras paralelas em Nova Iorque, durante a Armory Show, ou em Madrid, durante a ARCOmadrid, ou ainda a criação de novas áreas expositivas na feira TEFAF, de Maastricht.

Published at NS'221/IN#117, Mercado da Arte (68), (Diário de Notícias N.º 51495 e Jornal de Notícias N.º 306/122), 3 de Abril de 2010, Portugal. Pablo Picasso, Mousquetaire à la Pipe (óleo sobre tela), 1968. Courtesy Christie’s 2010

Saturday, 3 April 2010