Monday, 31 August 2009

O mercado africano de arte contemporânea

Procura será maioritariamente suportada por coleccionadores locais ou afro-americanos.

Distante do continente a que diz respeito, a denominada arte africana contemporânea é, principalmente, promovida e transaccionada por privados ou coleccionadores institucionais europeus ou norte americanos. Esta situação deriva da ausência ou do fraco desenvolvimento das infra-estruturas de suporte de um mercado centrado na criação de peças de arte contemporânea, como galerias e centros de arte, museus e colecções privadas, mas essencialmente devido à inexistência de uma classe média que pode estabelecer um mercado nacional de arte contemporânea e eleger os seus representantes no mercado global da arte.

Com excepção da África do Sul, onde existe um importante apoio financeiro e cultural para a promoção da produção artística, os artistas africanos contemporâneos são comercializados sobretudo no mercado ocidental. Nomeadamente através das plataformas de recepção de obras recém-criadas, nas galerias de arte localizadas nos mais importantes centros de arte, como Paris, Londres, ou Nova Iorque.

Quando comparado com outros mercados emergentes, como o chinês ou o indiano, este não foi dos mais especulativos. Particularmente devido ao facto de a sua procura se realizar mais no mercado primário do que no mercado secundário – espaço privilegiado para as maiores especulações, o mercado secundário está reservado às transacções de obras que já integraram colecções particulares, por exemplo, obras «em segunda mão» revendidas em transacções entre diferentes partes, a nível privado, por casas leiloeiras ou pelos denominados marchands de arte.

Apesar do difícil relacionamento entre as diferentes comunidade locais e o mercado internacional, realizou-se em Luanda, em 2006, o primeiro evento dedicado à arte contemporânea com impacto internacional. A Trienal de Arte Contemporânea de Luanda, apoiada pela fundação de Sindika Dokolo, revelou obras de artistas contemporâneos angolanos como Yonamine, Ihosvanny, Kiluanji Kia Henda ou Fernando Alvim.

O mercado africano de arte contemporânea ainda está numa fase incipiente, mas o facto de muitas instituições, artísticas e comerciais, estarem a comprar com significativo vigor permitirá criar uma base sólida para esta arte. Mesmo apesar de existir uma fonte reduzida de artistas de qualidade, para um dos mais importantes coleccionadores de arte contemporânea africana, o italiano Jean Pigozzi, a procura por peças de arte contemporânea africana será maioritariamente suportada por coleccionadores locais, ou afro-americanos.

Published at NS'190/IN#086, Mercado da arte (60), (Diário de Notícias N.º 51280 e Jornal de Notícias N.º 89/122), 29 de Agosto de 2009 Portugal © Yonamine, Jah Love, 2005 Courtesy Sindika Dokolo Foundation 2009

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