Wednesday, 18 November 2009

Arte Lisboa, a invasão espanhola

O certame inscreve-se no panorama ibérico das feiras de arte ao concorrer directamente com as feiras-satélites da ARCOmadrid, que se realizam por toda a Espanha.

Algumas das galerias de arte nacionais mais representativas e dinamizadoras das novas tendências no mercado artístico, como a Galeria Pedro Cera (Lisboa) ou a Galeria Graça Brandão (Porto e Lisboa), e galerias representativas de artistas considerados de valores seguros no mercado, como a Mário Sequeira (Tibães, Braga) ou a Fernando Santos (Porto) não vão estar presentes na Arte Lisboa 2009 – Feira de Arte Contemporânea. Jovens galerias como a Caroline Pagès Gallery e a Marz, ambas de Lisboa, preferem apostar directamente no mercado internacional. Outras galerias, como a Cristina Guerra – Contemporary Art ou a Vera Cortês Agência da Arte, também têm posições distintas da Arte Lisboa.

Em 2001, a feira de arte contemporânea de Lisboa organizada pela APGA (Associação Portuguesa de Galerias de Arte) passou a estar sob a incumbência da FIL (Feira Internacional de Lisboa), através da AIP (Associação Industrial Portuguesa). Esta alteração na estrutura organizativa visava consolidar este evento como um certame internacional equiparável à feira de Madrid, a ARCO. Contudo, esta transformação da estrutura organizativa provocou de imediato mudanças nos critérios de selecção – os quais passaram a ser definidos por uma Comissão Consultiva, presidida pela AIP, e, entre outros, integrava o presidente da APGA. Também foi criado um regulamento e foram estabelecidos novos critérios de avaliação das candidaturas. Uma das consequências desta mudança foi a exclusão de muitas galerias nacionais, que, de acordo com a Comissão Consultiva da feira, não apresentavam os requisitos mínimos exigidos.

Com a dissolução da noção de nacionalidade e das fronteiras na sociedade contemporânea, actualmente a Arte Lisboa inscreve-se no panorama ibérico das feiras de arte, ao posicionar-se e concorrer directamente com as múltiplas feiras-satélites da ARCOmadrid, que se realizam por toda a Espanha, como o Foro Sur (Cáceres), a Arte Salamanca ou a Valencia Art. Para a AIP, «a mais interessante novidade desta edição é a forte participação de galerias espanholas». De um conjunto de 67 galerias, 33 são portuguesas e 31 espanholas. Em 2001 estiveram representadas 28 galerias espanholas e 26 galerias portuguesas.

De salientar três aspectos: o centralismo exacerbado nacional (Lisboa e Porto, com a excepção da Mário Sequeira, de Tibães (Braga), da António Henriques, de Viseu, e da Fonseca Macedo, da Ponta Delgada, Açores), confrontado com a periferia espanhola – um elemento caracterizador da Arte Lisboa –, este ano está mais diluído através da presença de espaços localizados no Estoril, Aveiro e Leiria. Ao contrário de Portugal, a participação espanhola em feiras internacionais é apoiada pelo instituto de espanhol responsável pela acção cultural exterior, o equivalente cultural espanhol da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). A participação de outros países na feira nacional é considerada redundante para esta contabilidade.

Published at NS'201/IN#097, Destaque (53-55), (Diário de Notícias N.º 51357 e Jornal de Notícias N.º 166/122), 14 de Novembro de 2009 Portugal © João Pedro Vale, Barometz (Suelly Cadillac), 2006 Courtesy: Galeria Filomena Soares and © Arte Lisboa 2007, Santos Almeida Courtesy: Arte Lisboa

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