Até que ponto pode a experiência do mundo real ser uma chamada de atenção para os museus em geral?
Recentemente, foi apresentado pelo Ministério da Cultural um estudo que avalia a relevância económica do sector cultural e criativo em Portugal, no qual é aferido o peso do sector na criação de riqueza e emprego. De acordo com os dados apresentados, o sector cultural e criativo foi «responsável por 2,8% de toda a riqueza criada em Portugal no ano de 2006», ao gerar um valor acrescentado bruto de 3.691 milhões de euros.
Durante o período entre 2002 e 2006, apresentou um crescimento cumulativo de 18,6%, ou seja, uma taxa média anual de criação de riqueza na economia nacional de 2,9%.
Um outro factor evidenciado é sobre o volume de emprego: 127 079 empregos em 2006, número que representa 2,6% do emprego nacional. Um crescimento de 4.5% (o crescimento total da economia foi de 0.4%) também demonstra o elevado nível de qualificação e produtividade quando comparado com a média nacional.
A importância destes números para o Ministério da Cultura é demonstrada pelo novo modelo de gestão para os museus portugueses: o de instituições administradas por directores oriundos da área da gestão cultural e com um percurso neste âmbito, por oposições a direcções com um percurso académico na área da história da arte ou da museologia, assessorado por um gestor.
Mas até que ponto pode esta experiência do mundo real ser um chamada de despertar para os museus em geral?
Um dos primeiro exemplos é a situação do Museu de Serralves, em que o director do museu (com responsabilidade a nível da missão e visão, programação da actividades, gestão de colecções e aquisições, etc...) responde perante um director-geral (com responsabilidades ao nível da gestão administrativa e financeira, mecenato, etc...).
Um outro modelo é o de um director originário da área comercial na qual se inscreve o museu. No início do ano, o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, nos EUA, designou como director Jeffrey Deitch, um proeminente comerciante de arte de Nova Iorque. A nível nacional, a atribuição do cargo a um galerista deverá reequilibrar o poder e a energia entre as instituições locais, enquanto, por outro lado, mantém uma atenção especial relativamente à missão e visão do museu, apoiada numa experiência a nível da organização de exposições, trabalho com os artistas, de gerir um espaço comercial, uma galeria de arte.
Published at NS'218/IN#114, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51474 e Jornal de Notícias N.º 285/122), 13 de Março de 2010, Portugal. Noé Sendas, Urban Legends #01-06, 2007. Courtesy Cristina Guerra Contemporary Art
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