Tuesday, 2 March 2010

Os desvios da arte moderna e contemporânea

Os leilões de arte moderna e contemporânea são reflexo do actual paradigma socioeconómico. Apesar de apresentaram menos obras, quando comparado com o período entre 2005-2008, os recordes sucedem-se para as peças de valor inquestionável. Mas as de menor valor, ou secundárias para a história da arte, ficam por ser compradas, ou tornam-se perecíveis devido ao elevado preço que figuram.

Veja-se, por exemplo, os preços alcançados recentemente no leilão da Sotheby’s de Londres para uma escultura de Alberto Giacometti, ou no leilão de arte contemporânea da Christie’s para um par de sapatos de Joana Vasconcelos. Ambos os artistas registaram valores muito acima do estimado máximo. Com efeito, a escultura L’Homme Qui Marche I, de Giacometti, transformou-se na mais cara obra de arte vendida em leilão.

Esta estratégia de apresentar um número maior de obras de artistas com poucas presenças nos leilões entre 2005 e 2008, de forma a evitar uma paragem nas compras ou uma maior contracção dos preços nos grandes nomes, permitiu limpar o mercado de obras condicionadas por compradores com uma intenção mais especulativa, e o aparecimento de obras mais aprazíveis e de outra frescura.

Durante 2009, as casas leiloeiras claramente decidiram reduzir o número de obras dos artistas contemporâneos mais especulativos. Este foi um ano muito discreto em termos de vendas em leilões, para Damien Hirst, Takashi Murakami, Jeff Koons, Richard Prince ou mesmo Banksy.

Published at NS'216/IN#112, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51460 e Jornal de Notícias N.º 271/122), 27 de Fevereiro de 2010, Portugal. Alberto Giacometti, L’Homme Qui Marche I, 1960. Courtesy Sotheby's 2010

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