Monday, 23 February 2009

O fim de uma era é a continuação do ciclo

Época de fausto e de ilusão acabou, mercados tendem para a estabilização

O resultado dos leilões de Fevereiro, em Londres, de impressionismo e arte moderna, nas duas maiores casa internacionais, foi o primeiro teste ao mercado da arte em 2009. Os leilões equivaleram a cerca de 140 milhões de euros, de um total de 507 lotes a leilão (em 2008, nos mesmos leilões, obtiveram cerca de 360 milhões de euros). A época dos grandes banquetes, fausto e da ilusão, da ostentação pode dar-se por encerrada, e só reabre em uma década.

As casas leiloeiras foram sensíveis ao actual clima económica ao reduziram os valores das estimativas e do catálogo disponível, mas o que também ajudou os leilões a alcançarem as marcas actuais, é o actual valor da libra em relação a outros mercados monetários, assim como a disponibilização de peças, novas para o mercado e oriundas de colecções privadas.

São estes resultados a expressão da estabilização do mercado? As vendas demonstraram que quando se apresentam peças de qualidade, novas e a preços adequados para o mercado – longe dos preços entusiásticos praticadas nos últimos anos –, as transacções sobre peças de valores estimados, inflacionados em relação à crescente tendência dos valores das obras, são responsavelmente evitadas pelas pessoas presentes no mercado, enquanto este continua no seu ciclo sucessivo natural.

Com um valor total mínimo estimado em 54 milhões de euros (antes da venda), os dois leilões da Sotheby’s geraram 48 752 mil euros, valor representativo sobre os 146 lotes vendidos – 82% dos lotes disponíveis. Na rival Christie’s, foram adquiridos 78% dos 328 lotes disponíveis nos três leilões, no total de 91 429 mil euros.

A pintura, de 1876, do impressionista Claude Monet, Dans la Prairie, um retrato da sua mulher, Camille, reclinada e a ler num campo de flores, foi adquirida por 12 milhões de euros (16 milhões de dólares) por um coleccionador privado (em Novembro de 1999, esta obra foi licitada por 15.4 milhões de dólares).

No entanto, durante esta semana o preço mais elevado pago – por um coleccionador asiático – foi para a escultura em bronze Petite Danseuse de Quatorze Ans, de Edgar Degas. Adquirida por 14 milhões de euros, ou 13 milhões de libras (a escultura tinha sido adquirida em 2004, também em leilão da Sotheby’s, por cinco milhões de libras), um recorde para uma escultura do artista em leilão.

Outro recorde, para uma peça em leilão, foi conseguido pelo óleo sobre tela Au Moulin Rouge (1893) de Louis Anquetin, adquirido por 493 mil euros, com valor estimado mínimo de 220 mil euros.

Published at NS'163/IN#059, Mercado da Arte (78), (Diário de Notícias N.º 51186 e Jornal de Notícias N.º 259/121), 21 de Fevereiro de 2009 Portugal © Claude Monet, Dans la Prairie (óleo sobre tela 60,3x82cm), 1876 Courtesy: Christie's

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