Carlos Róson apresenta o resultado de uma residência da fotografa Luisa Lambri em Pontevedra.
Para quem fotografa arquitectura, as imagens de Luisa Lambri (1979) mostram um universo distinto do objecto fotografado. As suas imagens tendem para uma expressão poética desvelada de uma realidade aparentemente sensual.
Uma colecção reflecte o ego do coleccionador ou do seu mentor. O seu valor é um reflexo da importância, do respeito, da imagem e da confiança do coleccionador em si próprio. Ela transmite uma visão especializada e específica dos gostos e costumes de quem a concebe e edifica. Não é o simples facto de gostar ou mesmo em sentir um interesse, mas de tomar opções contrárias ao preconcebido ou ao gosto pessoal e de inserir uma peça no conjunto, uma obra que irá compor e elogiar esta visão própria de quem colecciona arte.
Carlos Rosón exprime a sua intenção participativa no mundo da arte contemporânea quando apresenta, no seu espaço, o resultado da residência de Luísa Lambri em Pontevedra, Espanha. O convite permitiu a criação de um novo corpo de trabalho por parte da artista, um conjunto de fotografias em que Lambri experienciou um determinado contexto arquitectónico, mas da mesma forma que este poderia ter sido ocasionado por um outro enquadramento espacial.
Um verdadeiro coleccionador tem normalmente uma paixão por arte. A motivação varia e normalmente tem pouco, ou nada, de ganho financeiro – neste sentido os especuladores são os primeiros a procurar outras alternativas em tempos de menor euforia. Assim, esta exposição consciente, ou não, determina o desenvolvimento de um conjunto disperso de peças à constituição de uma colecção, à exposição de motivos e causas determinadoras de condutas, hábitos, ou costumes socioculturais.
O resultado mais visível está no deixar uma marca na sociedade contemporânea. Através de testemunhos, arquivos – da arte – uma colecção transmite a outras gerações os acontecimentos e preocupação de uma época ou de uma sociedade. O mais provável è a cedência ou a doação da colecção a uma instituição museológica, de forma a esta visão ser preservada e mantida intacta. Do mesmo modo como podemos encontrar a persona de Lambri nos espaços fotografados – a sensibilidade da exposição, o captar o jogo entre luz e sombras, o que poderá ser – e não a dos seus arquitectos.
Published at NS'162/IN#058, Mercado da Arte (78), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 14 de Fevereiro de 2009 Portugal © Luisa Lambri, Untitled (Centro Galego de Arte Contemporánea, 2008 Courtesy: the artist e Fundación RAC
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