A questão colocada pela natureza da exposição Trapped inside my head, de Mara Castilho, na galeria 111 (Lisboa), não difere muito da do propósito do sacrifício – uma oferta à morte.
A vídeo instalação Untitled (2008) projecta no chão da galeria uma figura humana. As forças da tranquilidade e a sensação de serenidade acompanham o corpo despido de uma mulher deitada, com respiração ansiosa, enquanto sugere a fertilidade na natureza. No entanto, este corpo envolto por um tapete de relva encaminha-nos para os milhares de corpos mortos, testemunhos da guerra dos Balcãs.
A exposição é, ainda, acompanhada por plasmas, impressão em caixa de luz e uma impressão digital sobre tela (€2.000, cada), mas a exposição no seu todo – os objectos, os sujeitos e os observadores – remete para o que os astecas iam ver na base das pirâmides, para onde os corações das vitimas eram atirados.
O trabalho de Mara Castilho é um testemunho de que estamos na linhagem dos sacrifícios, assassínios sagrados aos milhares.
Published at NS'161/IN#057, Mercado da Arte (78), (Diário de Notícias e Jornal de Notícias), 7 de Fevereiro de 2009 Portugal © Mara Castilho, Waiting I (Caixa de Luz, 44x70cm, edição de 3), 2008 Courtesy: Galeria 111
No comments :
Post a Comment