Competição por galerias e coleccionadores vai ser intensa nos próximos tempos.
Um evento é considerado como uma ferramenta no processo de comunicação ou na estratégica de marketing por qualquer entidade, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para criar relações, ter lucros económicos ou servir de elemento físico de referência numa celebração, seja uma feira de arte ou uma exposição.
Suportada por uma índole privada, o mercado artístico em Espanha está a promover, para se realizar em Fevereiro (em simultâneo com a mais importante feira internacional de arte contemporânea espanhola), uma feira com mais de duas dezenas de galerias emergentes – a Just Madrid pretende criar uma experiência distinta à ARCOmadrid (de fluxo financeiro positivo) e à Arte Madrid (de fluxo financeiro modesto).
Cada vez mais, a realização de um evento também está a mostrar preocupações ao nível do impacto positivo na comunidade local a longo prazo, paralelamente à dinamização e crescimento no mercado no qual pretende estar inserido. Na região da Galiza, o governo autonómico, ao ter em consideração as necessidades de uma comunidade local cada vez mais interessada e preocupada com a arte contemporânea, idealizou uma nova feira de arte para atrair e fomentar a actividade artística e o coleccionismo local num contexto mais globalizante.
Em Portugal, a feira de arte contemporânea em Lisboa registou este ano 17 161 entradas (número no qual se incluem cerca de duzentos convidados estrangeiros, como curadores, representantes de museus e centros de arte, responsáveis pela aquisição de obras de arte de fundações e colecções, e coleccionadores – facto que só por si é bom para os artistas e para as galerias, pois podem surgir deste contacto convites para exposições, o que faz aumentar o prestígio e o valor). Neste caso, é possível percepcionar também as respostas pontuais do mercado à inerência dos grandes eventos de massa, enquanto alguns questionam esta feira, como fazem os autores da manifestação «Sem Razão Alguma».
Quando muitas das galerias de arte contemporânea estão cada vez mais interessadas em promover projectos individuais, do que uma mostra nos moldes tradicionais dos seus artistas, umas das primeiras perguntas a fazer é se, nestes momentos de maior sustentação financeira, existirão os compradores suficientes para fazer com que a visível multiplicação de eventos seja viável? Pelo menos um facto é perceptível: a competição por galerias e coleccionadores durante os próximos tempos vai ser intensa.
Published at NS'206/IN#102, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51392 e Jornal de Notícias N.º 201/122), 19 de Dezembro de 2009 Portugal © Rita Sobral Campos, "In the countryside of a remote land", series The Last Faust Myth in the History of Making, 2009 Courtesy: Galeria Pedro Oliveira
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