Desenvolvimento das novas exposições procura um envolvimento maior e mais activo do visitante
Abrir a colecção de um museu de história natural, ou de ciência, ao público, era coisa fácil. Os museus viam como seu papel principal adquirir, conservar, estudar, comunicar e expor a herança tangível da humanidade e do seu meio ambiente á comunidade para o estudo, a educação e a fruição dessas obras. Os museus olhavam para os seus espaços como lugares de educação institucional, com a responsabilidade de criar conhecimento através do desenvolvimento e da pesquisa das colecções à sua salvaguarda, e, após, disseminar esse conhecimento através da apresentação de exposições formais de índole académica.
No entanto, nas últimas décadas, enquanto a salvaguarda das colecções para as gerações futuras continua a ser uma prioridade para os museus, começou a existir igualmente a necessidade de se saber apresentar as peças à sociedade em geral, de forma a que também esta seja incluída e partilhe deste conhecimento – a história da humanidade está confiada pela sociedade, para usufruto, a estas instituições.
Exposições como a inaugurada recentemente no Museu Nacional de História Natural, em Lisboa, ou a exposição permanente apresentada no Museu do Oriente (onde os jovens visitantes estão mais interessados em explorar as inúmeras áreas escuras do museu do que os conteúdos nas caixas em vidro com objectos no seu interior), demonstram a pouca atenção às expectativas do visitante na concepção das exposições em museus. Perseguir uma agenda qualitativa relacionada com o seu público é um conceito dinâmico, é saber: o que é que os motiva? Quais são as suas expectativas para a visita?
No caso da exposição A Aventura da Terra: Um Planeta em Evolução, no Museu Nacional de História Natural, o objecto central é um friso cronológico, uma parede com cem metros sobre a relatividade do tempo. Neste caso, o ambiente interpretativo quando confrontado com as necessidades da geração Spectrum (uma geração que cresceu com os jogos do Spectrum, agora na casa dos quarenta, e com filhos em idade de visitar estes espaços, divide actualmente o seu tempo livre com estes, na utilização da Xbox ou com qualquer outra consola de videojogos interactivos) é pouco apelativo. Os corredores inundados por cabinets e vitrinas eram o constituinte das apresentações museológicas durante o século XIX e grande parte do século XX, as quais promoviam uma sensação de reverência e protecção autoritária.
Presentemente, no global, o visitante tradicional de uma exposição museológica apresenta-se mais educado e com maior experiência quantitativa e qualificativa. Os visitantes não estão mais dispostos a ser meros receptores passivos de sabedoria, mas querem participar, questionar, estarem como iguais, enquanto recebem um serviço de exímia qualidade quando comparada com uma outra qualquer actividade de lazer.
Published at NS'204/IN#100, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51378 e Jornal de Notícias N.º 187/122), 5 de Dezembro de 2009 Portugal Courtesy: Museu Nacional de História Natural
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