Tuesday, 8 December 2009

Uma oportunidade perdida

“Não se passa nada!”, foi o comentário de uma personalidade reconhecida no mercado internacional da arte, oriunda de Espanha, sobre a Arte Lisboa deste ano. Além dos dados quantitativos que crescentemente têm vindo a justificar o maior número de visitantes à feira de Madrid, a ARCO, comparativamente a Lisboa; a Arte Lisboa – Feira de Arte Contemporânea, este ano, foi mais uma oportunidade perdida de apresentar uma feira de arte contemporânea viva, localizada em Portugal.

Como um lugar reservado para expor, vender e comprar arte contemporânea é notório, na feira de arte: o retorno aos materiais tradicionais (escultura, pintura, desenho, etc.), e a exclusão de novos materiais de suporte tecnológico ou interventivos (mas esta é a situação actual em qualquer feira de registo a nível internacional); salvo excepções, muitos dos conteúdos apresentados pela maioria das galerias seleccionadas estão atentos à modernidade, e não à contemporaneidade, ou à altermodernidade (como define o crítico francês Nicolas Bourriaud); os preços praticados inseriam-se dentro da normalidade do consumo interno; e, desde 2001, é crescentemente perceptível, a nível programático, a diminuição de uma preocupação estratégica, por parte da entidade organizadora, que faça o público absorver-se num evento, concebido para promover e divulgar a arte contemporânea portuguesa.

E, pior, a saída neste espaço é sempre visível.

Published at NS'204/IN#100, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51378 e Jornal de Notícias N.º 187/122), 5 de Dezembro de 2009 Portugal © Jasmina Cibic, Tourists Welcome (it’s good being first), 2007 Courtesy: Galería adhoc

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