Tuesday, 20 October 2009

Como as imagens redefinem o mundo


Presumivelmente, e devido à precisão óptica, a fotografia e o vídeo reflectem a forma como vemos o mundo, enquanto, por princípio, prometem dizer a verdade. A fotografia e o vídeo podem não só gravar a realidade, mas também, em simultâneo, falsificá-la. Criam a ilusão de uma realidade como a queremos ver, e não como ela efectivamente é. São imagens destituídas de qualquer fundamentação histórica.

As imagens fotográficas de autores como Olivio Barbieri (1954), Thomas Demand (1964), Andreas Gefeller (1970) ou João Paulo Serafim (1974), por exemplo, são visões da realidade, representações subjectivas que marcam a natureza elusiva e indefinível do contexto que nos rodeia, através das imagens despertam uma forte ideia de irrealidade.

Hoje, a um nível global, a vulgarização da tecnologia digital e a abrangente disseminação de imagens através dos órgãos de comunicação e da internet empurra-nos para o campo de conflitos entre o que é aparente e o que é a realidade no espaço social. Como espectadores somos obrigados a ter um papel activo na definição do que é visto como real. Assim, muitas das nossas acções e convicções estão assentes nesta «realidade», que resulta de uma mera projecção ou construção individual.

Published at NS'197/IN#093, Mercado da arte (68), (Diário de Notícias N.º 51329 e Jornal de Notícias N.º 138/122), 17 de Outubro de 2009 Portugal © João Paulo Serafim, Inauguração do Museu, 2009 Courtesy: Galeria Baginski – Projectos

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