Quando consideramos a arte de uma perspectiva histórica há sempre novos conceitos para comunicar e novos paradigmas a definir. Os artistas movimentam-se entre os limites de uma disciplina sem alterar a sua identidade. E, nesta paisagem, a arte sonora é um meio multidimensional complexo situado tanto no espaço físico como virtual, sem as limitações bidimensionais das artes visuais – que têm uma posição fixa. O produto desta evanescência imprevisível é perceptível em qualquer ponto do espaço.
Por outro lado, escutar uma peça de música não é um exercício linear, apesar de se começar por seguir uma narrativa sónica. É uma questão de organizar tudo numa forma, seja através das performances de Laurie Anderson ou Bruce Nauman, das intervenções sonoras John Cage, Kim Gordon ou Ryoji Ikeda, ou nas instalações de Pedro Tudela ou de Ricardo Jacinto. As peças sonoras tendem a introduzir um aspecto que tem pouco haver com a memória de curta duração; estão mais relacionadas com a memória a longo prazo, a qual nos permite dar prioridade a determinadas ocorrências enquanto asseguramos que, nesse caso, a forma sónica é percebida como uma forma que existe como unidade e está no presente.
O resultado é uma aquisição automática total meramente por nos expormos a uma estrutura complexa num ambiente sonoro, ou seja, ao escutar-mos uma peça sonora, como In a Rear Room, de Ricardo Jacinto, por exemplo, destilamos a sua duração para a o momento actual.
© Ricardo Jacinto, In a Rear Room (instalação), 2009 Courtesy: Vera Cortês Agência de Arte
No comments :
Post a Comment