Fica na Galiza o novo lugar de peregrinação do mercado artístico português.
O Espacio Atlântico, em Vigo, apareceu este ano como uma nova feira para a arte contemporânea na Galiza (Espanha). Pelos Caminhos de Santiago, uma nova atitude e intenção no mercado da arte suportou a transformação de uma rudimentar área de comércio de arte num espaço de apreciação e compromisso qualitativo e quantitativo para com a arte contemporânea a norte de Portugal.
Com mais de trinta mil visitantes durante quatro dias, este novo lugar de peregrinação do universo artístico nacional permitiu também compreender o estado do mercado da arte contemporânea na Península Ibérica, e perceber quais as dinâmicas económicas a nível dos coleccionadores e dos galeristas, a um mês de distância da mais importante feira internacional de arte contemporânea de Espanha e, por conseguinte, para muitas galerias portuguesas, a ARCOmadrid.
Além da alteração do nome (nos três anos anteriores tinha o nome de Puro Arte) e da nomeação de um novo director artístico (o crítico de arte e curador galego David Barro), para a directora-geral da feira, Marta Scarpellini, a diferença entre esta nova feira e as edições anteriores está «fundamentalmente na qualidade, as galerias presentes trouxeram o melhor que tinham nos seus espaços».
David Barro seleccionou e atraiu à Galiza algumas das mais interessantes galerias de Espanha, como por exemplo Fernando Pradilla, Fúcares, Heinreich Enrhardt, Magda Bellotti ou Maisterravalbuena, todas de Madrid. Num total de 52 galerias de arte contemporânea surgiram incluídas ainda 15 galerias oriundas de Portugal – o galerista portuense José Mário Brandão (director da galeria Graça Brandão), Maria Arlete Alves da Silva e Rui Brito (Galeria 111) ou ainda Jorge Viegas e Lúcio Albuquerque (directores da 3 + 1 arte contemporânea), de Lisboa, foram alguns dos dealers presentes.
De acordo com informações adquiridas junto de alguns galeristas e compradores, durante o primeiro dia foram adquiridas obras de artistas por um valor global superior a quinhentos mil de euros. Um dos casos foi uma instalação de Albano Afonso (representado pela galeria Graça Brandão) adquirida por uma colecção privada, por 15 mil euros.
Distante da polémica que está a condicionar a realização da ARCOmadrid deste ano, e da emergência de mais uma feira periférica (a Just Madrid), o coleccionador galego Carlos Rosón (presidente da Fundación RAC, de Pontevedra) considerou o Espacio Atlántico um evento «importante para os coleccionadores Galegos e do norte de Portugal, mas também é importante que uma feira como esta aconteça na Galiza».
Published at NS'212/IN#108, Mercado da Arte (70), (Diário de Notícias N.º 51432 e Jornal de Notícias N.º 243/122), 30 de Janeiro de 2010. Portugal © Miguel Calvo 2010, Courtesy Espacio Atlántico
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